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Equilíbrio

Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


"Nunca voltaremos a ser o que éramos antes", diz Monja Coen

Do VivaBem, em São Paulo

11/05/2020 15h23

Referência do Zen Budismo no Brasil, Monja Coen acredita que existirá um novo mundo após a pandemia do novo coronavírus e que teremos que aprender a lidar com essa nova realidade.

"Tínhamos uma ideia de segurança que essa pandemia tirou. Agora, há novas possibilidades, a Terra não vai para trás, não volta ao que era antes, nunca voltaremos a ser o que éramos antes", disse no UOL Debate desta segunda-feira (11).

Coen diz que estamos passando por experiências que estão nos transformando, mas sugere que viver o presente com equilíbrio facilita essa passagem. "Todo dia é uma novidade. Como construímos esse instante é agora, nesse presente. Se estou ansioso, desesperado, com medo, chegarei com essas sensações. Mas com equilíbrio posso chegar melhor. Respirem conscientemente".

A doutora em filosofia pela UFRGS (Universidade federal do Rio Grande do Sul) Marcia Tiburi diz que conectar-se a esse presente é fundamental. Segundo ela, esse momento ainda propicia vivenciar a riqueza da experiencia da comunidade humana. E isso pode ajudar a adquirir uma consciência do próprio gesto.

"Eu, por exemplo, tento fazer no meu dia a dia sempre o melhor que eu posso. Pode ser um macarrão, uma escrita, falar com alguém, doar um pouco. Tenho valorizado muito esses gestos, para que eu possa ficar em paz com minha consciência", diz. Tiburi conta que um gesto simples dá a sensação de felicidade. "O que é pequeno para mim, pode ser grande para o outro".

Lucas Liedke, psicanalista formado pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), concorda que a solidariedade faz parte dessa mudança inevitável. "O normal não estava bom, não queremos voltar para ele. Mas você pode pensar no horizonte, não se enclausurar nessas perspectivas momentâneas. Vamos nos abrir, cultivar as relações. É a solidariedade, ajudar, pedir ajuda, não sofrer em silêncio", diz.

De acordo com ele, a felicidade também é encarar a vulnerabilidade, as falhas. "Não é fazer uma grande cena, mas se permitir a ter paciência e empatia com a forma como cada um passa por isso". Liedke acha que não é saudável se alienar no sofrimento. Não fugir, mas também não se render. É uma luta pelo equilíbrio citado por Coen.