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USP desenvolve 'capacete-respirador' para tratar pacientes de covid-19

Divulgação/Poli-USP
Imagem: Divulgação/Poli-USP

De VivaBem, em São Paulo

13/05/2020 18h16Atualizada em 13/05/2020 18h22

Uma parceria de três faculdades da USP (Universidade de São Paulo) com a iniciativa privada está desenvolvendo um capacete que, quando adaptado ao respirador artificial, auxilia no tratamento de pacientes com covid-19 internados na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

O protótipo, segundo o Jornal da USP, dispensa a necessidade de intubação —extremamente invasiva— dos infectados e ainda impede a disseminação do novo coronavírus na UTIs, já que o ar "sai" filtrado do capacete.

"Assim, possíveis partículas da covid-19 não serão dispersadas no ambiente hospitalar, e isso resultará em mais segurança aos que atuam diretamente com esses pacientes", afirmou ao jornal o professor Raúl González Lima, coordenador da iniciativa.

O protótipo do capacete vem sendo melhorado e está na sua terceira versão. Desta vez, ainda segundo Lima, os pesquisadores trabalham para reduzir a complacência do equipamento —ou seja, o "espaço morto" instrumental que acaba armazenando o gás carbônico (CO2) que é retirado dos pulmões.

Essa complacência, explicou o professor, "resulta da movimentação do capacete de acordo com a entrada e saída do ar" e pode fazer com que parte desse CO2 acabe retornando ao organismo do paciente, o que lhe é prejudicial. "Por isso, é importante utilizar materiais mais rígidos para que o volume do capacete varie pouco", completou.

O protótipo está em fase final de desenvolvimento e deve ficar pronto ainda neste mês. Além da Escola Politécnica (Poli), onde Lima leciona, também participam do projeto as faculdades de Medicina (FMUSP) e de Odontologia (FOUSP).

Composição do 'Escafandro'

Inicialmente batizado de Escafandro (por parecer com o que vestem os mergulhadores), o equipamento, ainda de acordo com o Jornal da USP, é composto de uma cúpula de acrílico, uma membrana de látex que se ajusta ao pescoço do paciente, uma almofada inflável para os ombros e filtros e válvulas de acesso.

Dois tubos ligados ao capacete e ao respirador funcionam como entrada e saída de ar. O controle da pressão e da concentração de oxigênio no ar é feito pelo respirador.

Escafandro ainda é reutilizável, uma vez que toda sua estrutura pode ser higienizada —podendo, assim, servir a outros pacientes, reduzindo custos e descartes.

Os próximos passos, segundo contou o professor da Poli ao Jornal da USP, consistem em otimizar ainda mais a complacência do capacete e testar o uso outros materiais. "Estamos na etapa que podemos chamar de física e biomédica, que deve ser concluída nesta semana. Assim que aprovado pela Comissão de Ética, passamos aos testes clínicos", diz Lima.

O professor lembra ainda que a produção do equipamento poderá ser "rápida e em larga escala", porque usa materiais e infraestrutura disponíveis no mercado nacional. Os pesquisadores não estimaram valores, mas, de acordo com o jornal, representantes de indústrias parceiras afirmam que o Escafandro poderá custar menos de R$ 400.