"Emagreci 30 kg após não me reconhecer em foto que vi no grupo da família"
Ágatha Moraes, 31, sempre sofreu com o efeito sanfona. Após o nascimento da filha, a administradora descuidou da saúde e, com 83 kg, desenvolveu obesidade grau 2. Determinada a mudar, ela usou três pilares para voltar aos 51 kg em seis meses: organização, rotina e disciplina. A seguir, conta como conseguiu
"Meu problema com o sobrepeso começou na adolescência. Sempre que eu engordava um pouco, fazia alguma dieta 'maluca' que pegava na revista para voltar ao peso normal. Experimentei várias, a de sete dias da sopa, a do astronauta. Claro que fazia essas coisas sem meus pais perceberem, pois eu sabia que era errado. Eu emagrecia alguns quilos, mas passava muito mal. Tinha enjoos, vômitos e tontura.
Tentava sempre manter meu peso entre 50 kg e 55 kg (tenho 1,50 m de altura). Mas, aos 24 anos, após o casamento, engordei 17 kg e me tornei obesa pela primeira vez.
Como eu trabalhava bastante, só comprava comida congelada e industrializada. Meu pior hábito era comer em grande quantidade. Eu não sabia comer um pedaço, comia uma pizza inteira sozinha, um pacote de bolacha, dois litros de refrigerante.
Teve uma vez que eu estava atravessando a rua e um motorista gritou: 'Sai daí sua gorda'. Eu fiquei extremamente constrangida e resolvi procurar ajuda de uma nutricionista e de um educador físico. Eu estava com 67 kg. Em um ano, eliminei os 17 kg e consegui manter meu peso entre 50 kg e 58 kg por um período de quatro anos.
Apesar de não estar com excesso de peso, essa variação de 8 kg é grande e nada saudável. Ela ocorria pois, mesmo com acompanhamento profissional, eu nunca seguia a recomendação deles com disciplina e comprometimento. Fazia dieta e parava, voltava, abandonava novamente. E com o treino era a mesma coisa.
Sempre que acontecia uma mudança na minha vida, eu ficava mais vulnerável a ganhar peso. A primeira foi quando eu casei e a segunda quando eu mudei de casa. Em 2018, eu engravidei e, após o nascimento da minha filha, eu foquei na maternidade, no trabalho e deixei a minha saúde de lado.
No início de 2019, eu que já tinha compulsão alimentar, passei a comer ainda mais. Comia uma lata de leite condensado puro por dia. Em uma viagem de uma semana, ganhei 5 kg. Teve uma vez que fui em uma festa infantil e a aniversariante, uma criança de cinco anos, perguntou: 'Tia, você está grávida?'. Eu não estava, mas ela achou que sim por causa do tamanho da minha barriga.
Em junho do ano passado, cheguei a 83 kg, estava no grau de obesidade nível 2. Nunca tinha pesado isso, foi um choque. Fechei a boca e consegui eliminar 2 kg. Fiz exames de rotina e descobri que estava com colesterol alto e outros indicadores de saúde bem alterados. Sentia muitas dores nos pés quando caminhava, e dor na coluna. Não tinha disposição para sair, ficava muito cansada.
Nessa época, fui ao casamento do meu primo e recebi uma foto da festa no grupo da família no Whatsaap. Só me reconheci na imagem quando dei um zoom. Estava com 30 anos, mas parecia bem mais velha na foto. Fiquei muito triste porque eu não me via daquela forma. Quando eu me olhava no espelho não me enxergava tão gorda. Naquele momento, decidi que iria mudar. Entendi que não adiantava ficar indo na nutricionista e na academia se não alterasse meu comportamento. Só eu poderia, de fato, fazer algo por mim. Morro de medo de cirurgias e não gosto de remédios. Então, estabeleci que iria emagrecer de forma natural.
Comecei meu processo de emagrecimento no dia 29 de junho de 2019, com 81 kg. Apesar de ter sido uma foto que me fez enxergar que eu precisava me cuidar, meu objetivo nunca foi estética. Decidi emagrecer para ter mais saúde e viver melhor. Obesidade é uma doença e todos os dias eu tenho que vencê-la.
Fui na consulta com a nutricionista e segui o que ela prescreveu, não abri nenhuma exceção até conseguir o meu objetivo, que era secar 20 kg. Minha dieta era baseada em comida de verdade, sem frescura, com alimentos de baixo custo e fáceis de fazer, sem complicação. Legumes, verduras, frutas, ovos e carnes. O alimento mais caro do meu cardápio era o salmão.
No começo, como estratégia para dar um novo estímulo ao meu corpo, a nutricionista mudava a minha dieta toda semana, Depois, espaçou para 15 dias e, agora, uma vez por mês. Ela me explicou que nosso organismo é adaptável a tudo. Quando passamos muito tempo ingerindo as mesmas calorias e alimentos, pode ocasionar o platô de peso, ou seja, o organismo se acostuma àquelas calorias e deixamos de perder peso.
No início, foi um processo muito difícil. Ficava irritada, estressada, sem concentração, mal-humorada. Nos primeiros 60 dias fiquei sem sair de casa nos finais de semana para evitar comer besteiras em restaurantes e festas. Não vou negar que passava fome, mas seguia focada e pesava todos as comidas, não comia um grama a mais do que estava prescrito.
Além da dieta, estabeleci como obrigação ir para a academia cinco vezes na semana. Fazia HIIT (treino intervalado de alta intensidade), intercalando um exercício de musculação com um aeróbico. Eu odiava malhar porque não tinha resistência, isso tornava o processo cansativo. Mas à medida que fui ganhando mais fôlego e força, a energia e disposição aumentaram.
No primeiro mês eu eliminei 5 kg e no segundo, 3 kg. Essa queda no resultado desanimou, parecia que todo o meu esforço não estava valendo a pena. Minha nutri e o personal pediram para eu ter paciência, que após essa primeira fase mais complicada tudo iria fluir. E foi o que aconteceu. Do segundo para o terceiro mês eu sequei mais 8 kg. No lugar da gordura, comecei a ver um músculo e outro, e isso me deixou bastante motivada.
Consegui emagrecer com organização, rotina, disciplina. Na época (antes da pandemia do coronavírus), eu levava para o trabalho minhas marmitas com almoço e lanches da manhã e da tarde. Quando comia em algum restaurante, escolhia os alimentos da minha dieta. Depois do trabalho, ia direto para a academia. Voltava para casa, curtia minha filha e meu marido e, quando dava — eu não estabelecia isso como obrigação —, caminhava entre 30 minutos e uma hora. Seguia essa rotina rigorosamente, pois tinha consciência que se falhasse no treino ou na dieta eu voltaria a engordar.
No dia 29 de dezembro de 2019, exatamente seis meses após o início do processo, eliminei 30 kg e atingi 51 kg. Hoje, o meu maior desafio é continuar saudável e manter o meu peso, principalmente por causa da pandemia da covid-19. Estou em isolamento total desde o dia 18 de março. Não saio de casa para nada, faço compras de supermercado e da farmácia pela internet. Quando foi decretada a quarentena, eu pensei: 'Eu não posso comer o que não está na dieta e preciso arranjar uma alternativa de treino para não perder tudo o que conquistei'.
Sigo com os três pilares: organização, rotina e disciplina. Continuo fazendo dieta e todos os dias tenho que driblar a tentação. Meus familiares comem pizza, lasanha, tomam refrigerante. É muito difícil vê-los comendo tudo o que eu gostava, fico morrendo de vontade, mas resisto. A nutri montou um cardápio focado na quarentena porque estou gastando menos calorias.
Treino em casa, no mesmo horário que ia para academia, só para manter a rotina. Comprei anilhas, halteres, barras, caneleiras e corda para me exercitar, mas também faço exercícios com peso do corpo e até uso galões de produtos de limpeza e minha filha, que tem 10 kg, para malhar.
Não importam as circunstâncias, quero manter os bons hábitos para sempre. Eu me sinto realizada pela minha determinação e por tudo que conquistei por mérito próprio. Agradeço à minha nutricionista e ao meu personal por não terem desistido de mim. Quando vejo minhas fotos atuais, eu me sinto orgulhosa, bonita, feliz e, principalmente, saudável."
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