Solta muitos puns? Dá para aliviar com medidas simples e caseiras
Eliminar gases durante o dia é normal. O ato de soltar um pum é resultado de reações químicas promovida pelas bactérias que vivem na flora intestinal com os alimentos que ingerimos. Isso também tem relação com a composição de certas comidas que possuem a fama de causar flatulências, como repolho, feijão e ovo. Além disso, o ato de "engolir" ar contribui para o aumento de gases que expelimos ao longo do dia.
Mas e quando ocorre o excesso de gases? O que fazer?
De acordo com Elaine Moreira, gastroenterologista do Instituto Endovitta, especializada em medicina integrativa pelo Hospital Albert Einstein (SP) e membro da FBG (Federação Brasileira de Gastroenterologia), quando o número ultrapassa de 20 a 30 gases por dia, média das pessoas, é preciso investigar o paciente, pois ele pode ter intolerância a algum alimento, por exemplo, ou apresentar alguma doença, como síndrome do intestino irritável e até mesmo câncer.
É preciso ainda ficar de olho se os gases vêm acompanhado de sintomas como distensão, dor abdominal, náusea e diarreia.
"Normalmente a reorganização da alimentação já minimiza bastante as queixas. Existem medicamentos de venda livre, como a simeticona, que ajudam na eliminação de gases, mas não temos remédios que sejam usados para reduzir a produção. Caso os sintomas persistam, pode ser necessária a avaliação médica", explica Rodrigo Lima, mestre em saúde da família e diretor da SBMFC (Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade).
O VivaBem preparou uma lista com alimentos, suplementos e práticas diárias que podem ajudar com o excesso de gases e inchaços. A alimentação balanceada, bem como hábitos saudáveis, já resolve a maioria dos casos.
Mas, aqui, vale um lembrete: são cuidados paliativos. Se os incômodos persistirem, vá ao médico.
Beba água
Isso mesmo. O simples ato de ingerir água ajuda muito no funcionamento intestinal, o que consequentemente auxilia contra o excesso de gases, já que a prisão de ventre e a constipação podem aumentar os puns. Sobre quantidade, isso varia de cada um, pois uma pessoa que pratica esporte, por exemplo, vai precisar beber mais água. Segundo Elaine Moreira, o ideal é ingerir de 30 a 40 ml por quilo, ou seja, se você pesa 50 kg, por exemplo, deve ingerir entre 1,5 a 2 litros por dia.
Coma devagar e sem falar
Você gosta de comer enquanto vê TV ou desliza os dedos na tela do celular? Ama conversar com os amigos enquanto mastiga os alimentos? Então saiba que isso interfere na produção de gases. "Comer depressa também é pecado", diz Joaquim Prado de Moraes Filho, professor da USP (Universidade de São Paulo) e diretor de Comunicação da FBG (Federação Brasileira de Gastroenterologia).
"Quando falamos, engolimos ar, o que aumenta a produção de gases. Cedo ou tarde, isso vai gerar desconforto", explica. Portanto, faça do ato de se alimentar, seja no almoço ou na janta, como um ritual. Coma devagar, sem interferências eletrônicas e aproveite o momento.
Massageie a barriga
Sabe quando o bebê está com cólica ou gases e os pais fazem massagem? Pois é, a massagem abdominal pode ajudar e muito a eliminar gases, mesmo para adultos. "Basta respeitar o caminho dos gases pelo intestino grosso, fazendo movimentos no sentido horário. Ajuda na eliminação dos gases e na constipação intestinal", afirma a gastroenterologista. Pode ser 5, 10, minutos? contanto que ajude.
Pratique atividade física
Fazer academia ou exercícios físicos são ótimos aliados para uma vida melhor. Mas você sabia que a prática regular também pode estimular o peristaltismo (movimento intestinal), e assim facilitar na eliminação de gases? Pois é, inclua o hábito de treinos no seu dia para um melhor funcionamento do intestino.
Evite gomas de mascar
Como foi citado anteriormente, o ato de falar e "engolir" aumenta a produção de gases. Por isso, ao mastigar gomas, você está ingerindo ar o tempo todo. Além disso, também faz mal ao estômago por que o órgão entende que está vindo comida quando, na verdade, não vem. Com isso, ele produz mais suco gástrico, o que pode prejudicar quem possui problemas como gastrite.
Gengibre
Além de ter propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, o gengibre também estimula o esvaziamento gástrico, auxiliando na digestão e em inchaços no trato digestivo superior. "Usamos muito com pessoas que sofrem de dispepsia (indigestão crônica), que causa desconforto na parte superior do estômago", explica a gastroenterologista da FGB. Além disso, o alimento faz com que as fezes não fiquem paradas no intestino. Como consumir gengibre? Cápsulas podem ser uma boa ideia para melhor absorção, mas ralar o alimento e colocar na salada e/ou fazer um chá também são opções válidas. Lembrando que tudo em excesso pode fazer mal.
Probióticos
São bactérias vivas que têm o objetivo de equilibrar a flora intestinal, garantindo um bom funcionamento. Os probióticos são encontrados em alimentos derivados de leite e fermentados, como iogurtes. Além disso, podem ser ingeridos como suplementos, mas sempre com orientação médica e nunca por conta própria —e o seu uso deve ser aliado a um estilo de vida saudável.
Leguminosas de molho
Feijão, grão-de-bico, soja, lentilha: as leguminosas têm fama de causar flatulências. Como são alimentos saudáveis, o ideal é manter na rotina alimentar, mas sempre deixando esses alimentos por aproximadamente 12 horas de molho na água. Com isso, os fitatos, um inibidor enzimático que dificulta o processo digestivo, são eliminados.
Dieta FODMAPs
Pessoas com síndrome do intestino irritável ou com intolerância a certos alimentos que são de difícil digestão se beneficiam de uma dieta chamada de FODMAPs (sigla em inglês para oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e poliois fermentáveis). A ideia é evitar pratos com carboidratos fermentados que não são absorvidos no processo digestivo, então são fermentados pelas bactérias. Em pessoas que sofrem com as situações citadas acima, essa fermentação pode gerar distensão abdominal, gases e diarreia.
Os FODMAPs são um grupo extenso de alimentos fundamentais e saudáveis para o corpo, como maçã, manga, feijão, brócolis, repolho e rúcula. "Isso varia de cada pessoa: há pacientes que toleram muito bem esses alimentos, então tudo bem continuar comendo. Agora, se a pessoa tem intolerância ou intestino irritável, nós trabalhamos para evitar essa lista", explica Moreira.
Hortelã e menta
Outra opção é o óleo de hortelã, que tem um efeito relaxante na musculatura do intestino e auxilia nas dores no abdome causadas pelos gases. Mas fica um alerta: pessoas com refluxo, como grávidas, obesos e pacientes já com a doença não devem ingerir hortelã e/ou menta. O alimento tende a piorar o quadro de refluxo. É possível consumi-lo em cápsulas e chás. A quantidade vai depender de cada pessoa, fale com seu médico.
Fontes: Elaine Moreira, gastroenterologista do Instituto Endovitta, especializada em medicina integrativa pelo Hospital Albert Einstein (SP) e membro da FGB (Federação Brasileira de Gastroenterologia); Joaquim Prado de Moraes Filho, professor da USP e diretor de Comunicação da FBG e Rodrigo Lima, mestre em saúde da família e diretor da SBMFC (Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade).
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