Telas, repelentes e plantas: qual a melhor técnica para afugentar mosquitos
De uma hora para outra, o home office passou a virar realidade para muita gente devido à pandemia do novo coronavírus. Além de ter que arrumar um espaço na casa, dar um jeito nas crianças e nos animais de estimação, foi preciso ainda lidar com os mosquitos.
A reportagem de VivaBem ouviu quatro especialistas para encontrar soluções para espantar os indesejados mosquitos. Antes de colocar a mão na massa, os biólogos recomendam observar pontos parados de água no entorno da moradia ou mesmo na própria casa e no apartamento, e procurar eliminá-los para evitar a proliferação dos insetos.
"A grande questão é o cuidado com o ambienteo, o mosquito não surge de maneira espontânea, está associado à água parada", salienta Carlos José Einicker Lamas, professor da USP (Universidade de São Paulo).
Os mosquitos são atraídos pelo calor do corpo e pelo gás carbônico, segundo Lamas. As fêmeas são as responsáveis pela caça às presas e se alimentam de sangue e, por isso, são chamadas de hematófagas. Os ataques normalmente acontecem de manhã cedo ou no entardecer, explica Eduardo Périco, biólogo e professor da Univates, de Lajeado (RS).
"Ela vai usar o sangue para amadurecer os ovos", complementa Alessandra Lemos, bióloga e doutoranda da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Já os machos se mantêm com seiva de plantas.
Devido à alta incidência de ataques, há quem acredite ter "sangue doce" para atrair os mosquitos, o que é considerado mito por Lamas. Porém, o pesquisador admite que algumas pessoas são mais suscetíveis às picadas por características fisiológicas, como alergia à saliva desses insetos. Ou seja, percebem mais a ação dos mosquitos devido a sintomas associados como inflamação e coceira excessiva.
E como se ver longe dos mosquitos então? VivaBem lista abaixo uma série de alternativas para afugentá-los —de telas nas janelas, repelentes até plantas carnívoras.
Até agora, não há pesquisas científicas que comprovem a eficácia de produtos naturais, segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). "Os 'inseticidas naturais', ou seja, produtos caseiros formulados à base de citronela, andiroba e óleo de cravo, não possuem comprovação de eficácia nem a aprovação pela Anvisa. Assim, velas, odorizantes de ambientes, limpadores e incensos que indicam propriedades repelentes de insetos não estão aprovados pela Anvisa", frisa o órgão em seu site.
Telas
A instalação de telas nas janelas é considerada a melhor opção pelo professor da USP, pois cria uma barreira que evita o acesso dos mosquitos ao interior da moradia. "É a mais eficiente de todas." Entretanto, o material pode deixar o ambiente abafado e desconfortável, principalmente em regiões quentes o ano inteiro.
A alternativa também pode esbarrar em limitações do condomínio, que não permitem a colocação de telas nas janelas. É preciso ainda cuidar para não deixar frestas nas laterais e prestar atenção ao tamanho dos furos na malha, para evitar a passagem do mosquito, lembra professor da Univates.
Prós: cria barreira que evita o acesso do mosquito
Contra: pode deixar o ambiente abafado; pode não ser permitida pelo condomínio; custo para instalação
Ar-condicionado e ventilador
Esses aparelhos também criam um "muro" que impede o acesso dos mosquitos. Por exigir ambiente fechado, o uso do ar-condicionado também gera uma barreira térmica contra eles. Esse tipo de inseto é pecilotérmico, ou seja, não tem mecanismo interno que regule a temperatura do corpo e, por isso, evita as baixas temperaturas.
Segundo Hélio Rubens Jacinto Pereira Júnior, biólogo e professor da Esamc, de Sorocaba (SP), os mosquitos não gostam de ambientes com temperaturas abaixo de 15ºC. "Gostam acima de 25ºC. Na época que tem diminuição absurda, eles não conseguem fazer controle da temperatura."
Prós: cria barreira contra o mosquito
Contra: custo com aquisição do produto, energia elétrica e instalação
Repelentes
Os repelentes ambientais, aqueles ligados na tomada, são considerados o método mais eficaz para espantar mosquitos pela bióloga Alessandra Lemos. A pesquisadora observa que esse tipo de produto é feito a base de piretroide e atua no sistema nervoso do mosquito. "Ele vai absorver a substância e ter uma descarga repetitiva", explica a bióloga. Para o ser humano não são prejudiciais à saúde, segundo Lemos.
A Anvisa, em uma manifestação sobre o Aedes aegypti, observou que a eficácia desses repelentes foi, de fato, comprovada. Entretanto, a testagem ocorreu com mosquitos criados em laboratório, sendo possível que os insetos presentes no meio ambiente apresentem resistência ao produto. O professor da Esamc é contrário à utilização por envolver produtos químicos.
Já os repelentes tópicos, feitos para aplicar na pele, também são outra alternativa sugerida pela bióloga. Dependendo do produto, podem manter o efeito por até dez horas. É preciso observar no rótulo aqueles que podem ser aplicados em bebês, crianças, idosos e gestantes. Alguns só podem ser usados após os dois anos de idade. Também é necessário verificar se o produto não vai gerar reação alérgica.
Prós: tem eficácia comprovada e podem ser usados por um longo período do dia
Contra: no caso dos repelentes para passar na pele, pode gerar reação alérgica
Plantas
Quatro tipos de plantas são popularmente conhecidas por afastar mosquitos: citronela, lavanda, gerânio e alecrim. Segundo a Anvisa, não há eficácia comprovada. O biólogo Hélio Rubens Jacinto Pereira Júnior reforça que as três primeiras precisam de incidência de sol para se desenvolverem e, por isso, não são indicadas para locais com luz indireta.
Pereira sugere a utilização de óleos aromáticos —de citronela, eucalipto e andiroba— que podem ser espalhados pela casa com um borrifador ou colocados em um dispersor ligado na tomada. Outra alternativa caseira é usar óleos cítricos e também espalhar pela casa. Ou cortar pedaços de casca de limão ou laranja, afixar cravos e distribuir pelos cômodos. Segundo o professor da faculdade Esamc, a alternativa é válida para espantar mosquitos e até moscas.
Prós: popularmente são conhecidas por afastar mosquitos
Contra: não tem comprovação científica da eficácia; citronela, lavanda e gerânio precisam de incidência direta de sol
Plantas carnívoras
Podem ajudar de maneira pontual. Entretanto, é preciso que o mosquito se aproxime da planta para ser capturado e a digestão desse inseto pode levar dias. "Vai comer um mosquito a cada dois, três dias, não tem muita eficácia", observa Lamas, por isso não vai conseguir conter um volume grande de insetos.
Prós: ornamenta a casa
Contra: pouca eficácia para volume grande de mosquitos
Velas
O uso de velas aromáticas não tem comprovação científica contra mosquitos. Em 2017, uma pesquisa da Universidade de Oxford, na Inglaterra, mostrou que o uso de velas de citronela é ineficaz. Para descobrir se os repelentes funcionam ou não, os cientistas desenvolveram um túnel que imita as condições do quintal de uma casa. Uma pessoa sentou-se em uma das extremidades, posicionando-se a favor da corrente de vento formada por um ventilador colocado na outra ponta do túnel. No meio, estavam os mosquitos. Assim, foi possível medir quantos se aproximavam ou se afastavam de suas vítimas de acordo com cada repelente utilizado.
Braceletes contendo extratos de ervas, como citronela e geraniol, e repelentes sonoros, que afirmam usar som de alta frequência para afastar mosquitos, também foram apontados como ineficazes. Por outro lado, repelentes ambientais com composição de DEET (N-dietil-meta-toluamida) e diol-mentano conseguiram reduzir a atração dos mosquitos, lembra o professor Eduardo Périco.
Em 2009, uma outra pesquisa da Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, revelou que as velas podem emitir substâncias tóxicas tão prejudiciais quanto a fumaça do cigarro. O estudo observa que a parafina, um subproduto do petróleo, é responsável por liberar quantidades prejudiciais de tolueno e benzeno, que aumentam as chances de desenvolvimento de câncer.
Prós: aromatiza a casa
Contra: não tem eficácia comprovada e pode ser prejudicial à saúde devido à parafina
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