Pesquisa mostra alta da depressão e que brasileiro bebe mais na quarentena
Redução na renda, mais consumo de bebida alcoólica e alimentos não saudáveis e piora no estado emocional. Essas são algumas das mudanças vivenciadas pelos brasileiros durante a pandemia, apontadas em uma pesquisa de comportamento realizada pelas instituições UFMG, Fiocruz e Unicamp.
Ainda segundo o levantamento, 15% dos brasileiros fizeram isolamento rigoroso e 60% permaneceram a maior parte do tempo em casa, ou seja, só saindo para atividades essenciais, como idas ao supermercado e à farmácia.
Os resultados foram coletados através de um questionário pela internet entre 24 de abril e 8 de maio, com 44.062 pessoas, e procurou identificar mudanças econômicas e fatores como estado de ânimo, consumo de álcool, cigarro e alimentos e prática de exercícios físicos durante a quarentena.
A pandemia afetou economicamente mais da metade dos entrevistados. 55% das pessoas relataram diminuição da renda familiar, e 7% ficaram sem rendimento. As perdas se agravaram na população mais pobre, ou seja, com renda per capita inferior a meio salário mínimo. Em relação à situação de trabalho, 3% perderam o emprego e 21% ficaram sem trabalhar.
Cerca de 40% das pessoas entrevistadas relataram dificuldades em grau moderado e intenso para realização das atividades de rotina e de trabalho. Em relação ao trabalho doméstico, mais 26% das mulheres relataram aumento intenso.
Piora na saúde
O reflexo na saúde também foi sentido. 29% relataram que a saúde piorou durante a quarentena. Entre as pessoas diagnosticadas com depressão, 47% informaram que a sua saúde piorou.
Entre os que já tinham algum problema crônico de coluna, 50% relataram aumento da dor. No caso daqueles que não tinham problema de coluna antes da pandemia, mais de 40% passaram a sentir dores devido às mudanças nas atividades cotidianas.
Sobre o acesso à saúde durante a pandemia, 22% procuraram atendimento com um médico, dentista ou outro profissional. Desses, 86% conseguiram atendimento. As maiores dificuldades foram marcação de consulta (19%), cancelamento de consulta (15%) e realização de exames (12%).
Houve também mudanças no estado de ânimo. 40% revelaram que se sentiram mais tristes, e 54% mais ansiosos. Entre os adultos jovens (18-29 anos), os percentuais alcançaram 54% e 70%, respectivamente. As mulheres (50%) relataram se sentirem mais tristes que os homens (30%). Já o percentual que se sentiu ansioso/nervoso frequentemente foi de 60% entre as mulheres e de 43% entre os homens.
Quanto à qualidade do sono, 29% passaram a ter problemas, e 16% relataram piora nos problemas no sono durante a pandemia. Dos 12% de fumantes entre os entrevistados, quase 23% aumentaram o consumo diário em cerca de 10 cigarros e 5% passaram a fumar mais de 20 cigarros por dia.
Bebidas e alimentação
O consumo de alimentos não saudáveis em dois dias ou mais por semana aumentou 5% (embutidos e hambúrgueres), 4% (congelados) e 6% (chocolates e doces). Entre os adultos jovens (18-29 anos), 63% estão consumindo chocolates e doces em dois dias ou mais por semana. Já a ingestão de frutas, legumes e verduras em cinco dias ou mais por semana foi relatada por apenas 13% entre os adultos jovens (18-29 anos). Na população de baixa renda, esse índice foi de 16%.
A ingestão de bebida alcoólica também aumentou: 18% relataram que estão bebendo mais. O maior aumento (26%) no uso de bebidas alcoólicas ocorreu entre as pessoas de 30 a 39 anos de idade, e o menor (11%), entre os idosos. 24% dos entrevistados relatou que passou a consumir mais álcool devido aos sentimentos de tristeza e depressão.
Atividade física x sedentarismo
A atividade física foi muito afetada pela pandemia: 62% dos entrevistados não estão se exercitando. Entre as pessoas que faziam atividade física três ou mais dias por semana, 46% deixaram de fazê-la. Entre as que se exercitavam cinco dias ou mais por semana, 33% abandonaram o hábito.
Já o tempo médio diário diante da televisão foi de três horas entre os entrevistados, crescimento de uma hora e 20 minutos em relação a antes da epidemia. Além disso, 22,5% relataram usar tablet/computador por nove horas ou mais. O tempo médio de uso dessas tecnologias foi superior a cinco horas, representando um aumento de 1 hora e trinta minutos em relação ao tempo de uso antes da pandemia.
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