Milton Neves está internado com arritmia aguda; entenda o problema
O apresentador Milton Neves teve um mal-estar ontem (07) durante o programa "Terceiro Tempo", da Band, e precisou de atendimento médico. Internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, ele foi diagnosticado com arritmia cardíaca aguda.
Neves sentiu tontura e taquicardia (coração acelerado), mas não chegou a perder a consciência. Ele foi encaminhado primeiramente ao Hospital São Luiz, e posteriormente transferido ao Sírio, onde trabalha seu médico pessoal, Sérgio do Carmo Jorge.
Não foi informado se o apresentador já sabia que sofria do problema. Por enquanto, a equipe que o acompanha fala em "boa evolução clínica" do quadro. Ele segue em observação.
O que é
De acordo com a SOBRAC (Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas), arritmias cardíacas são alterações elétricas que acabam alterando o ritmo das batidas do coração.
Responsável pelo pronto-socorro de cardiologia no Hospital São Paulo e professor da Escola Paulista de Medicina, o cardiologista Iran Gonçalves Jr. afirma que existem diversos tipos de arritmias cardíacas, das mais leves às mais graves, que podem ser fatais. "Ela engloba desde doenças específicas do coração até os 'pulinhos' que o órgão dá. Quando usamos esse termo, estamos falando de uma perda do ritmo normal do coração", explica.
Veja abaixo algumas doenças que se enquadram no espectro de arritmias:
- Arritmias benignas: elas são as mais comuns. Normalmente ocorrem na parte superior do coração (átrios) e, apesar de interferirem nos batimentos cardíacos, dificilmente levam à morte. Geralmente estão relacionadas ao estresse e estimulantes, como café e energéticos.
- Arritmias malignas: geralmente ocorrem na parte inferior do coração (ventrículos) e podem ocasionar a morte súbita. Há também outro tipo de arritmia cardíaca, muito comum e capaz de provocar AVC, conhecida como fibrilação atrial. Neste caso, tanto a frequência como o ritmo cardíaco são afetados. Muito comum em idosos, o problema afeta cerca de 2 milhões de pessoas no Brasil.
De acordo com Enrique Pachón, cardiologista do Serviço de Arritmias Cardíacas do HCor (Hospital do Coração), 5% da população em geral tem arritmia, mas boa parte é assintomática. Como a pessoa não percebe o problema, demora a tomar providências, como provavelmente foi o caso do apresentador. "A descoberta da arritmia é acidental, e a morte súbita pode ser a primeira e a única manifestação", diz o médico.
Sintomas
Independentemente de qual tipo for, quando há sintomas, o indivíduo geralmente descreve a sensação de coração acelerado ou batendo fora do compasso. "Os mais jovens costumam sentir ele perdendo o ritmo tradicional", diz Gonçalves. Além disso, desmaios, baixa de pressão, escurecimento da vista, tonturas, palidez, sudorese, dores no peito e falta de ar são alguns sintomas comuns.
O diagnóstico da arritmia cardíaca é feito por meio de exames como o eletrocardiograma, Holter e teste ergométrico.
Tratamentos
Segundo Pachón, o paciente com arritmia precisa tratar o problema e passar por acompanhamento médico para evitar sofrer um evento cardíaco de alto risco. Por isso, é preciso ter atenção ao problema. "Evitar a arritmia cardíaca ainda é a melhor maneira de impedir uma morte súbita ou um derrame causados pela doença", diz.
Segundo ele, muitas arritmias podem ser curadas. A simples pode ser tratada com cuidados básicos, como controle de peso, diminuição do cigarro e de estimulantes, controle da glicose, no caso de diabéticos. "Algumas podem desaparecer só com esses cuidados", diz.
Já quadros mais complexos precisam de medicamentos específicos e podem ainda necessitar de implante de marca-passos e a ablação por radiofrequência. Nesta última, um cateter é introduzido por meio de uma veia da virilha e é levado até chegar ao foco da arritmia no coração. "Lá, fazemos uma microcauterização nesses grupos de células doentes que estão prejudicando o ritmo cardíaco", explica Pachón. Até as arritmias simples podem ser tratadas com esse método, se o médico assim achar necessário.
Outra opção de tratamento para as arritmias mais graves é o implante no coração de um dispositivo semelhante a um desfibrilador. Nesse caso, o aparelho dá pequenos choques no órgão ao notar alguma mudança nos batimentos, fazendo-o voltar a bater normalmente.
* com informações de Gabriela Ingrid em reportagem publicada em 31/140/2019.
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