Plantar ervas em casa é modo de cultivar saúde mental durante a quarentena
Ter sua própria hortinha e estabelecer uma rotina de cuidados com ela é um caminho para quem está sentindo falta da natureza nessa fase de isolamento. Se essa é uma atividade com a qual você se identifica - mesmo que seja apenas olhando fotos nas redes sociais ou lendo sobre o tema - por que não tentar?
Claro que nem todos têm grandes espaços para plantar o que quiser, mas se você possuir um cantinho, dentro do apartamento mesmo, pode se aventurar. Especialistas afirmam que cultivar plantas de qualquer tipo influencia na diminuição da ansiedade, na melhora do sono e pode até prevenir os sintomas da depressão.
Esse cuidado requer paciência e rotina, mas também é uma maneira de cuidar de si mesmo e desacelerar. No entanto, escolher as plantinhas certas é o primeiro passo para que tudo seja mais prazeroso e produtivo. O segundo passo é colocar as mãos na terra!
Para cultivar em apartamentos, varandas ou pequenos quintais
O ideal é pensar em uma horta de ervas em vasos e jardineiras que podem ser suspensas ou apoiadas. Além disso, observar quais delas se adaptam melhor e podem ser plantadas juntas, sob a mesma quantidade de iluminação e água, facilita a manutenção. Ervas como o alecrim e o manjericão, por exemplo, podem ser plantadas juntas, se o solo estiver bem drenado, pois ambas gostam de muito sol e água na medida. Já a hortelã se desenvolve melhor se for cultivada sozinha, porque tem uma raiz mais invasiva e precisa de mais água, se comparada ao alecrim e à camomila.
Sobre a rega, as plantas gostam de ter umidade estável, ou seja, é ideal ter o cuidado de não deixar a raiz ressecar, prezar por manter uma rotina diária e controlada, sem encharcar o solo. Outro ponto é se atentar para que a água drenada dos vasos não manche o chão ou as superfícies de móveis. Por isso, para ambientes internos, preferia os vasos com prato e limpe-os todos os dias.
Dica: para saber se já é hora de regar suas plantas, você pode colocar o dedo na terra. Se sair sujo, com a terra grudada, ainda não precisa. Porém, se o dedo ficar limpo, é sinal que elas estão com sede.
Para organizar sua horta
Separar ervas para temperos e ervas para chás, duas categorias que você pode aproveitar bastante em casa, é uma opção. No primeiro grupo, estariam: salsinha, cebolinha, tomilho, orégano, alecrim, manjericão, sálvia, manjerona, coentro, salsa e louro. No outro, temos hortelã, melissa, capim-cidreira, camomila, verbena, erva-doce, lavanda, alecrim e boldo. São muitas variedades, mas é possível escolher as suas preferidas ou decidir pelas propriedades e benefícios de cada uma delas.
O alecrim pode ser consumido como chá e é conhecido por sua ação antisséptica e anti-inflamatória, além de contribuir para regular a pressão arterial e proteger o fígado. Além disso, atua contra os sintomas da depressão e no alívio dos efeitos do climatério e da pós-menopausa. O manjericão, que é queridinho das receitas de molhos para massas, auxilia no fluxo sanguíneo e possui ação antioxidante. Já a hortelã está entre as ervas preferidas de quem ama chá e tem ação analgésica, assim como ameniza problemas estomacais e intestinais.
Existem ainda alguns benefícios indiretos quando se trata do consumo das ervas que você plantar em casa: substituir o sal de cozinha e os temperos prontos por suas próprias especiarias ainda tem a ver com reduzir o consumo de sódio e adotar novos hábitos alimentares.
Para conservar sua mente sã
As ervas são capazes de exercitar nossos sentidos pelo olfato e podem revelar diversas funções terapêuticas. Segundo os especialistas, fazer a ideia da hortinha funcionar é uma possibilidade de trabalhar novas habilidades cognitivas, resolução de problemas e resgatar a autoestima, já que é algo que precisa planejar, articular e executar até ver o resultado. Por outro lado, em tempos de quarentena contra o avanço da covid-19, é necessário cautela, a fim de que esta não se torne mais uma das novas demandas que surgiram no seu dia a dia.
Diminuir a autocobrança e estabelecer prioridades são atitudes importantes para evitar o adoecimento. Assim, faça dos cuidados com as suas plantas um momento de carinho em si mesmo, regue-as como se estivesse colocando ali mais amor, compaixão e paciência com a sua rotina em transformação. O foco é no hoje e no que é possível fazer: realizar o isolamento social (se você puder ficar em casa), intensificar a higienização e tentar realizar as tarefas mais importantes. Ao final do dia, reflita sobre a quantidade de coisas que fez e procure valorizá-las.
Para colocar o plano em prática
- Em sua casa ou seu apartamento, escolha um lugar em que a luz do sol chegue
- Separe recipientes de, no mínimo, 15 centímetros de profundidade. Pode ser vaso comum, balde plástico, garrafa de refrigerante cortada, caixa de madeira impermeabilizada, jardineira ou cano de PVC cortado. Não use metal, pois ele pode enferrujar
- Esses recipientes precisam ter furos no fundo. Então, crie uma camada de drenagem com argila expandida, cascalho, cacos de vaso de cerâmica, pedra britada ou até isopor picado. Essa camada é importante para que água não acumule, o que poderá apodrecer as raízes
- Cubra essa camada com um pedaço de tecido fino, isso vai evitar que terra passe pela drenagem. Por cima disso, vai a terra adubada, que pode ser substrato para mudas comercializado em lojas especializadas em jardinagem e até petshops. Por cima, vai a muda da erva ou as sementes (que devem ser cobertas com terra novamente). Agora, é só regar de acordo com a necessidade e seguir as orientações de cuidados
Fontes: Bruno Watanabe, paisagista com mais de 10 anos de experiência e diretor da Vertical Garden, empresa internacional de paisagismo residencial e corporativo; Flávia Regina Teixeira, psicóloga, mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professora de pós-graduação em Psicologia Hospitalar na mesma instituição; Iris Moura, formada em Nutrição pela Universidade de São Paulo (USP) e especialista em jardinagem e recursos paisagísticos pela Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz (UMAPAZ) órgão gestor da Política Municipal de Educação Ambiental de São Paulo; Marihá Lopes, doutora em psicologia social pela Universidade Kennedy (Argentina) e especialista em Terapia cognitivo-comportamental.
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