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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Fique atento: 10 sinais no corpo que podem ser, ou não, alguma doença

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Daniel Navas

Colaboração para VivaBem

24/06/2020 04h00

Uma mancha diferente na pele, cabelos crescendo ou caindo demasiadamente, ou até mesmo uma espinha que demora para curar. Esses pequenos alertas no organismo podem dizer muito sobre a saúde das pessoas.

Para ajudar a identificar o momento certo de buscar auxílio médico, VivaBem separou 10 sinais no corpo que podem demonstrar —ou não— a presença de alguma doença.

Manchas marrons no pescoço e axila

Mancha escura no pescoço - iStock - iStock
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De aspecto aveludado, castanho-escuro, inicialmente parecida com uma sujeira, essas lesões, chamadas de acantose nigricans, costumam aparecer principalmente no pescoço e axila, mas também em dobras, como virilha, entre o braço e o antebraço, entre a perna e a coxa.

Elas podem não representar alguma doença, como também estarem relacionadas à obesidade, e até mesmo indicar que a pessoa desenvolveu resistência à insulina, pré-diabetes e diabetes tipo 2. "Quando o indivíduo está obeso, o seu organismo necessita de uma secreção maior de insulina para poder manter os níveis de açúcar no sangue (glicemia). Isto ocorre, porque o tecido adiposo (gorduroso) funciona como uma espécie de barreira e não deixa a insulina produzida pelo corpo agir adequadamente", explica Roberta Frota, endocrinologista do centro de rim e diabetes do Hospital 9 de Julho, em São Paulo.

Então, em todas essas causas, a produção de insulina é o grande precursor das manchas no pescoço e axila. "O que acontece é que níveis elevados desse hormônio podem estimular a proliferação de fibroblastos e de queratinócitos (células que compõem a camada mais superficial da pele), resultando na formação dessas placas", esclarece Fabiana Seidl, dermatologista, especialista em clínica médica e membro da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).

Existem outras condições clínicas que também podem estar associadas a acantose nigricans, como algumas alterações ovarianas e doenças da tireoide. Por isso, é importante buscar a ajuda médica para identificar se existe, de fato, algum problema.

Linhas escuras nas unhas

Mancha escura na unha - iStock - iStock
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Anexo da pele, a unha é uma estrutura formada por células queratinizadas e que podem indicar muito da saúde das pessoas. Isso porque qualquer alteração no organismo pode afetar sua aparência, função e crescimento.

Uma das mudanças que chama mais atenção é a da cor das unhas. Chamada de cromoníquia, ela pode ser causada por infecção por fungos, bactérias, medicações, doenças sistêmicas e traumas, como uma simples batida. Dependendo da alteração, a unha pode assumir uma cor diferente, como verde ou arroxeada.

Já a cor marrom ou enegrecida, conhecida como melanoníquia, quando surge no formato de várias faixas longitudinais (verticais) e em mais de um dedo, pode indicar um efeito colateral de medicações, como a tetraciclina, por exemplo.

Por outro lado, se a coloração escura surgir em uma faixa longitudinal simples e que não melhora, é preciso ficar alerta, pois pode ser uma das manifestações do melanoma, tipo de tumor maligno desencadeado pela transformação dos melanócitos, células produtoras de melanina, que é o pigmento que dá cor à pele.

"Quando esse tumor tem localização subungueal (melanoma maligno da unha), o pigmento produzido por essas células tumorais se deposita na unha, formando uma faixa escurecida que acompanha o crescimento da unha, a chamada melanoníquia longitudinal", explica Gabriela Miquelin, especializada em tricologia e unhas, preceptora responsável por discromias e vitiligo na Universidade de Mogi das Cruzes e dermatologista na Clínica Stockli, em São Paulo.

É fundamental procurar o dermatologista quando é notada qualquer alteração das unhas, mas é importante saber que nem sempre isso significa que há algo de errado. Existem alterações que são fisiológicas ou influenciadas por fatores ambientais, por isso, um médico especialista saberá orientar corretamente.

Espinhas na mandíbula e queixo

Espinhas na mandíbula - iStock - iStock
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Chamada de acne da mulher adulta, o problema pode ter início a partir dos 25 anos ou ser persistente da adolescência. Geralmente, esse tipo de espinha se localiza na parte inferior da face, ou seja, na mandíbula, ao redor da boca e no queixo e permanecer por meses. Porém, ela também atinge outras partes do rosto.

A sua causa pode ser genética, assim como estar ligada ao desequilíbrio hormonal. Nesse segundo caso, o aumento da ação dos androgênios (substâncias precursoras dos hormônios femininos) desencadeia uma maior produção de sebo pelas glândulas sebáceas.

"O tratamento pode ser iniciado com medicação tópica, a fim de controlar a inflamação e a produção exacerbada de sebo. Mas, muitas vezes, será necessária a utilização de remédios por via oral, como antibióticos, por exemplo. E como cada caso é um caso, a melhor opção sempre será procurar um dermatologista, que prescreverá a conduta mais adequada", alerta Patricia Ormiga, assessora do departamento de cosmiatria da SBD.

No caso dos homens, não necessariamente a acne na mandíbula ou queixo vai ter alguma relação com doença ou distúrbios do corpo, mas sempre pode representar alguma alteração no organismo. Por esse motivo, também é importante buscar um dermatologista para uma avaliação.

Olheiras escurecidas

Olheira - iStock - iStock
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A cor arroxeada na região da pálpebra inferior aparece com mais frequência em pessoas que apresentam predisposição genética, que a pele tende a ter maior pigmentação, presença de vasos sanguíneos mais calibrosos e superficiais, perda de gordura pelo processo de envelhecimento, ou que tenham o globo ocular mais retraído, como os descendentes de árabes, por exemplo.

Isso acontece, porque, pelo fato de o olho ser fundo, a pele dessa área fica em contato com os vasos sanguíneos, e o pigmento do sangue, chamado hemossiderina, pode passar para a derme, "manchando-a" com o tempo.

Quando a pessoa dorme mal por um dia, a região ocular sofre maior vasodilatação, o que leva mais sangue para o local, deixando-o escurecido. Nesse caso, basta uma boa noite de sono para que tudo volte à normalidade. Mas, se essa rotina acontecer sempre, a hemossiderina entra em ação e torna a olheira crônica. E mesmo que a pessoa durma bem, a região não irá clarear.

O tratamento das olheiras vai depender do diagnóstico. "Se for por hiperpigmentação da região, será necessário fazer o clareamento da área, com lasers, luz pulsada, e as medicações tópicas indicadas para essa parte dos olhos. Agora, quando existe uma questão da arquitetura da região ocular ser profunda, o melhor será recorrer ao preenchimento. Na maioria das vezes, há indicação de mais de um tratamento para o clareamento dessa área", afirma André Braz, dermatologista e professor de cosmiatria do serviço de dermatologia da Policlínica Geral do Rio de Janeiro.

Já para aquela noite mal dormida, um bom remédio caseiro é a compressa local de chá gelado de camomila. Isso ajudará na vasoconstrição da área, ou seja, fará a contração dos vasos sanguíneos, diminuindo-os.

Língua fissurada

Língua com fissuras - iStock - iStock
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Algumas pessoas apresentam fissuras no dorso e nas extremidades da língua. "Geralmente, essa condição é genética, mas também pode estar associada a um inchaço local ou alguma doença infecciosa", conta Fausto Nakandakari, otorrinolaringologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

O único alerta para quem tem língua fissurada é em relação à higiene. Uma boa escovação da língua após as refeições contribui para que restos de alimentos não se acumulem nesses espaços, o que pode causar dor, irritação e até inflamação da língua.

Queda de fios das sobrancelhas

Sobrancelha - iStock - iStock
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Com o envelhecimento, os cabelos e os pelos do corpo tendem a ficar com uma aparência diferente, mais frágeis e quebradiços. E isso também pode acontecer com os fios das sobrancelhas, que passam a cair. Além disso, em mulheres, a causa mais comum dessa falha é o hábito frequente de depilar a região.

Porém, a queda de cabelos nessa área também pode estar atrelada aos distúrbios hormonais, como o hipotireoidismo. "Geralmente, os fios das sobrancelhas caem quando o problema na tireoide está avançado, ou seja, já se manifestou por meio de outros sintomas, mas mesmo assim, não foi tratado. Então, ao seguir corretamente com a terapia, não acontece mais a queda dos cabelos e os fios voltam a crescer normalmente", alerta Rosita Fontes, médica endocrinologista, membro da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) e professora associada de endocrinologia e metabologia da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro).

Espinha que não cura

Espinha que não cura - iStock - iStock
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Seja no rosto ou em qualquer parte do corpo, se aparecer uma pequena lesão de aspecto perolado e parecida com uma espinha, mas que não desaparece, é preciso alerta. Isso porque, a evolução natural da acne nada mais é do que aumentar de tamanho, criar pus, romper e desaparecer em um tempo relativamente curto.

Caso isso não aconteça, e a lesão passar a sangrar e a coçar facilmente, pode ser sinal de carcinoma basocelular, que é um tipo de câncer de pele não-melanoma e o mais comum entre a população mundial.

"É uma doença de baixa agressividade, na grande maioria das vezes, com crescimento lento e restrito ao local em que se iniciou", diz Angélica Nogueira Rodrigues, oncologista e diretora da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica).

Mesmo assim, é importante saber que o diagnóstico precoce contribui para que o tratamento tenha menor agressividade. Normalmente, uma pequena cirurgia é a terapia mais indicada. Nela, a lesão é retirada e o paciente fica com pouca ou nenhuma cicatriz. A possibilidade de cura é de até 100%.

Porém, se deixar o nódulo aumentar, a cirurgia será mais complexa, ou pode ser até incurável. Por isso, caso surja alguma lesão na pele com as características citadas, procure um dermatologista. Ele fará os exames necessários e poderá realizar o tratamento, ou encaminhar para o oncologista.

Crescimento incomum de cabelos nas mulheres

Mulher com pelos no buço - iStock - iStock
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Quando isso acontece em partes do corpo que normalmente os homens possuem pelos, como acima dos lábios (buço), ao redor do queixo ou abaixo do umbigo, pode ser um dos sintomas da SOP (Síndrome do Ovário Policístico).

"Isso porque, quando a mulher tem esse problema, ocorre o aumento da produção de androgênios, que pode levar ao aparecimento de acnes e os ciclos menstruais ficam mais espaçados. E numa forma mais intensa, esses hormônios podem fazer com que a paciente tenha aumento de pelo nas regiões já mencionadas", explica Maurício Abrão, ginecologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

O tratamento dependerá da causa que desencadeou a SOP. "Pacientes obesas, por exemplo, precisam primeiramente perder peso para verificar se o problema diminui. Além disso, também pode ser indicado tratamento hormonal, e nos casos mais extremos, uso de medicamentos específicos para diminuir o pelo", aponta José Maria Soares Junior, membro da comissão nacional especializada em ginecologia endócrina da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e chefe do departamento de obstetrícia e ginecologia da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).

Dores e espessamento nos dedos

Dor nos dedos - iStock - iStock
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Ao sentir incômodos nessa parte do corpo, com a pele dos dedos mais grossa e perceber que as unhas estão maiores, mais arredondadas e largas, é preciso atenção, pois esse pode ser um dos sintomas de doença pulmonar.

Isso porque a diminuição contínua dos níveis de oxigênio no organismo pode levar ao aumento das extremidades dos dedos e amolecimento da lâmina ungueal, conhecido como baqueteamento (espessamento) digital (pelo formato similar a uma baqueta de tambor).

"Esses sinais podem ser por conta de insuficiência respiratória, mas também indicar a presença de câncer de pulmão, mas somente se o sintoma estiver relacionado à falta de ar e tosse", esclarece Maria Del Pilar Estevez Diz, diretora de corpo clínico do Icesp (Instituto do Câncer de São Paulo).

As dores nos dedos e espessamento, no caso do câncer de pulmão, são consideradas sintomas secundários. Ou seja, são alterações que correm em paralelo ao câncer, e precisam ser examinadas e diagnosticadas por um especialista.

Pele e área branca dos olhos amarelados

Olhos amarelados - iStock - iStock
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Conhecida como icterícia, esse problema não atinge somente os recém-nascidos. No caso dos adultos, a esclerótica e a pele amareladas podem significar, por exemplo, o consumo excessivo de betacaroteno, substância responsável pela coloração de alimentos como cenoura, caqui e manga.

"Além disso, pessoas com a chamada síndrome de Gilbert (quando o fígado não consegue processar de forma adequada a bilirrubina), ao menor sinal de estresse, desenvolvem a icterícia, que não indica qualquer gravidade", afirma Carla Matos, hepatologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Mas, na maioria das vezes, esse sintoma está ligado ao cálculo biliar ou entupimento da via biliar —caminho que a bile, substância produzida pelo fígado, faz até chegar ao intestino para ajudar a digerir os alimentos, principalmente gordura.

Entretanto, também pode indicar problema no fígado, como hepatites, cirrose e outras doenças no órgão. "Qualquer alteração no fígado que impeça o seu bom funcionamento faz com que a bilirrubina caia na corrente sanguínea e, por isso, algumas partes do corpo ficam amareladas", conta Debora Poli, hepatologista do Hospital São Luiz, em São Paulo. O tratamento, claro, dependerá da causa da icterícia.

Fontes: André Braz, dermatologista e professor de cosmiatria do serviço de dermatologia da Policlínica Geral do Rio de Janeiro; Angélica Nogueira Rodrigues, oncologista e diretora da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica); Carla Matos, hepatologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo; Carlos Eduardo Brandão, atual presidente da SBH (Sociedade Brasileira de Hematologia); Debora Poli, hepatologista do Hospital São Luiz, em São Paulo; Fabiana Seidl, dermatologista, especialista em clínica médica e membro da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia); Fausto Nakandakari, otorrinolaringologista do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo; Gabriela Miquelin, especialista em tricologia e unhas, preceptora responsável pelo ambulatório de discromias e vitiligo do departamento de dermatologia da Universidade de Mogi das Cruzes e dermatologista na Clínica Stockli, em São Paulo; José Maria Soares Junior, membro da comissão nacional especializada em ginecologia endócrina da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e chefe do departamento de obstetrícia e ginecologia da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo); Maria Del Pilar Estevez Diz, diretora de corpo clínico do Icesp (Instituto do Câncer de São Paulo); Maurício Abrão, ginecologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo; Patricia Ormiga, assessora do departamento de cosmiatria da SBD; Renato Zilli, endocrinologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo; Roberta Frota, endocrinologista do centro de rim e diabetes do Hospital 9 de Julho, em São Paulo; Rosita Fontes, médica endocrinologista do IEDE/RJ (Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione, no Rio de Janeiro), professora associada de endocrinologia e metabologia da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) e membro da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) e Wilson Ayres, otorrinolaringologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.