Ela teve compulsão alimentar após passar fome e perdeu 70 kg ao mudar dieta
Após uma fase de dificuldade financeira, Gabriely Candido, 21 anos, desenvolveu uma compulsão alimentar e chegou a pesar 144 kg. A decisão de mudar hábitos veio quando o peso começou a prejudicar a realização de atividades básicas do dia a dia. A seguir, ela conta como venceu a obesidade:
"Saí de casa aos 15 anos sem autorização ou apoio da minha família. Com pouquíssimo dinheiro, vim morar em Franca, interior de São Paulo, com meu namorado. Não tínhamos sequer onde ficar e passamos cerca de um mês vivendo dentro do carro.
Ele estacionava no trabalho, eu deitava no banco de trás e ficava lá até escurecer, com uma coberta por cima do corpo para ninguém me ver. Fazendo chuva ou sol, a rotina era sempre a mesma, das 7h da manhã até meia-noite, já que ele fazia horas extras para conseguirmos sair logo daquela situação.
Depois que o turno acabava, tomávamos banho em uma mina de água em uma praça da cidade, comíamos alimentos como banana e farinha, que eram baratos no mercado, e dormíamos estacionados em uma rua por perto. Por vezes, eu me privava de comer para ele ter mais energia para trabalhar. Foram dias difíceis em que senti muita fome.
Quando finalmente conseguimos alugar uma casa e nos estabilizamos, passei a comer desesperadamente. Todos os dias eu fazia um bolo grande e tomava pelo menos dois litros de refrigerante. Tinha vezes em que não parava de comer até passar mal. Era como se eu sentisse que a qualquer momento fosse faltar alimento novamente.
O tempo não foi capaz de controlar a compulsão alimentar. Aos 18 anos, já pesava 120 kg e descobri que estava grávida. Tive problemas no casamento e fiquei muito depressiva. Não tinha amigos ou familiares por perto para conversar, então guardava tudo para mim.
Eu me esforcei para melhorar meu relacionamento e criar laços de amizade com novas pessoas. Aos poucos, as coisas foram melhorando, mas eu ainda estava longe de mudar meus hábitos alimentares. Em um Natal, mesmo com peças de tamanho 52 no armário, não encontrei uma calça jeans que servisse. Isso me entristeceu demais.
Por causa do peso, também já tinha passado por situações que me constrangeram, como não conseguir experimentar um shorts em um provador de uma loja —não por que não tinham meu tamanho, mas porque o espaço era muito pequeno para eu me mover e trocar de roupa. Amarrar os sapatos, cruzar as pernas ou fazer qualquer atividade que exigisse um pouco de fôlego também não era mais possível.
Apesar de não ter nenhum problema de saúde, sabia que o excesso de peso podia me deixar doente, e queria estar bem para cuidar da minha filha. No primeiro dia de 2019, pesando 144 kg, comecei minha mudança. Compartilhei com amigos que minha meta era perder 50 kg e recebi risos, falavam que era impossível eliminar tanto peso de forma natural.
Comecei cortando as guloseimas que estava acostumada a comer sem restrições. Meu marido e minha filha continuaram consumindo esses produtos, então no começo foi muito difícil. Olhar os doces e salgadinhos pela casa era uma tortura para mim. Aos poucos, eu me acostumei a matar a vontade com opções naturais, como frutas. Também assistia regularmente a conteúdos sobre nutrição no Youtube, o que me ajudou a aprender sobre cada tipo de alimento e seus benefícios.
Para movimentar o corpo e turbinar a perda de peso, passei a fazer caminhadas na vizinhança. Até cheguei a me matricular em uma academia quando estava com 120 kg, mas por ainda ser um sobrepeso significativo, não me adaptei aos exercícios propostos pelo professor.
Também fiz jejum intermitente durante algum tempo e comecei a beber mais água, um hábito que antes não tinha.
Em um ano, com essas mudanças simples e constantes, consegui ir além da minha meta: eliminei 54 kg. Em 2020, emagreci mais 16 kg, somando um total de 70 kg perdidos.
Meu antigo namorado, hoje meu marido, foi meu maior apoiador em tudo --desde ir ao mercado para comprar as coisas que eu pedia até me motivar a caminhar quando eu não tinha vontade.
Com tudo o que aprendi, hoje tento balancear a alimentação da minha filha pequena sem privá-la de nada. A comida de verdade é sempre priorizada, mas também liberamos guloseimas em pequenas porções.
Futuramente, quero fazer a cirurgia reparadora para corrigir a flacidez, mas estou feliz com tudo que já alcancei.
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