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Brasil entra em parceria com Oxford para produção de vacina contra covid-19

Gabriela Ingrid

Do VivaBem*, em São Paulo

27/06/2020 11h15

O governo federal enviou resposta à embaixada britânica e ao presidente do laboratório AstraZeneca aceitando a proposta de acordo de cooperação no desenvolvimento tecnológico e acesso do Brasil à vacina para covid-19. O acordo prevê a compra de lotes da vacina e da transferência de tecnologia. Se demonstrada eficácia, serão 100 milhões de doses à disposição da população brasileira.

A vacina é desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela AstraZeneca, sendo uma das mais promissoras no mundo. No Brasil, a tecnologia será desenvolvida pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), fundação do Ministério da Saúde.

O acordo tem duas etapas. Começa com uma encomenda em que o Brasil assume também os riscos da pesquisa. Ou seja, pagará pela tecnologia mesmo não tendo os resultados dos ensaios clínicos finais. Em uma segunda fase, caso a vacina se mostre eficaz e segura, será ampliada a compra.

Nessa fase inicial, de risco assumido, serão 30,4 milhões de doses da vacina, no valor total de U$ 127 milhões, incluídos os custos de transferência da tecnologia e do processo produtivo da Fiocruz, estimados em U$ 30 milhões. Os dois lotes a serem disponibilizados à Fiocruz, de 15,2 milhões de doses cada, deverão ser entregues em dezembro de 2020 e janeiro de 2021.

De acordo com Camile Giaretta Sachetti, diretora de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos, os resultados dos testes serão avaliados mês a mês, mas a ideia é que as preliminares da fase três estejam prontas entre outubro e novembro, para que a entrega ocorre em dezembro deste ano e em janeiro de 2021.

"É claro que os pacientes serão acompanhados por um ano, mas até outubro ou novembro teremos dados preliminares da vacina", disse ela, durante coletiva à imprensa neste sábado (27).

Se a vacina for segura e eficaz e houver o registro no Brasil, além das 30 milhões de doses iniciais, serão produzidas mais 70 milhões de doses, no valor estimado em US$ 2,30 por dose, totalizando 100 milhões de vacinas.

Idosos e profissionais da saúde receberiam primeiro

Pessoas com comorbidades, idosos, profissionais de saúde e da segurança pública receberiam primeiro a vacina contra o novo coronavírus, segundo o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Arnaldo Correia de Medeiros. "Tendo a eficácia comprovada e garantida da vacina, assim como a segurança, iremos priorizar a população mais vulnerável a essa doença", disse.

De acordo com ele, assim que as primeiras 30 milhões de doses chegarem ao Brasil, a distribuição das vacinas será "muito rápida". "Esse país tem uma larga experiencia em vacinação. Nós temos o SUS (Sistema Único de Saúde). A distribuição é questão de semanas".

Segundo Hélio Angotti Neto, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, "para influenza fizemos cobertura de 90 milhões de habitantes". Isso mostra que o país teria capacidade para uma distribuição rápida das supostas 100 milhões de doses contra a covid-19.

O governo afirma que fez vários estudos para chegar a esse número de doses. Foram analisados se seriam utilizadas para imunidade de rebanho, além de qual a quantidade de pessoas no grupo prioritário. Com esse número, além da cobertura de todos os idosos, pessoas com comorbidades, profissionais de saúde e de segurança, serão garantidas vacinas a professores, indígenas, pessoas em privação de liberdade, profissionais de salvamento e motoristas de transporte coletivo. "Essa seria a cobertura que esses 100 milhões poderia alcançar", disse Medeiros.

Parceria é positiva, mesmo se der errado

O governo federal considera que o risco de pesquisa e produção é necessário devido à urgência pela busca de uma solução efetiva para manutenção da saúde pública e segurança para a retomada do crescimento brasileiro.

A vacina de Oxford é a que está em estágio mais avançado no mundo e tem apresentado uma resposta imunológica bastante significativa, mas, se nos testes finais a vacina não se mostrar segura, o governo não irá usá-la.

Medeiros disse que, caso não se mostre eficaz, o país ainda será beneficiado, já que terá acesso aos insumos, que poderão ser utilizados na produção nacional de vacinas. "Eles poderão ajudar na fabricação de outras vacinas do nosso parque tecnológico. Esse é o grande 'lance'. Iremos aprender uma transferência de tecnologia de uma vacina que sera efetivamente produzida em nosso território. Parte desse dinheiro é exatamente para fazer melhoria do parque tecnológico de Biomanguinhos, o laboratório da Fiocruz".

*Com informações da Agência Brasil