Julho Verde: diagnóstico tardio de câncer de cabeça e pescoço diminui cura
O medo de procurar ajuda médica em meio à pandemia do novo coronavírus pode levar a um diagnóstico tardio de qualquer tipo de câncer e diminuir as chances de cura, por isso é importante não negligenciar os sinais de alerta e buscar um serviço de saúde.
A campanha Julho Verde visa destacar a importância da conscientização sobre a prevenção e o diagnóstico precoce no combate ao câncer de cabeça e pescoço. São considerados tumores dessa região aqueles localizados na boca, faringe, laringe, glândulas salivares, cavidade nasal, seios paranasais, tireoide, pele, ossos e partes moles da região.
De acordo com dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer), a cada ano surgem 43 mil novos casos de cânceres que envolvem as regiões da cabeça e pescoço, resultando em 10 mil mortes por ano.
Segundo levantamento realizado em 2019 pelo Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo), unidade ligada à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e à FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), 6 em cada 10 pacientes com câncer de cabeça e pescoço atendidos no Icesp já foram diagnosticados em estado avançado da doença, o que significa chances de cura em torno de 40%, enquanto a probabilidade em tumores precoces pode chegar a 90%.
O câncer de cabeça e pescoço tem alto índice de letalidade, especialmente porque os pacientes já chegam para tratamento em estágios avançados da doença.
"Temos observado um medo generalizado de as pessoas procurarem ajuda médica neste período de pandemia, mas não se pode ignorar os sinais que o corpo dá quando há algo errado", alerta Marco Aurélio Kulcsar, chefe do serviço de cirurgia de cabeça e pescoço do Icesp.
"Ficar atento aos sintomas persistentes, como manchas avermelhadas ou brancas na boca, aftas, lesões nos lábios que não cicatrizam, rouquidão que não melhora, nódulos no pescoço, dificuldade para engolir e mudança na voz, é fundamental para buscar um serviço de saúde, identificar o câncer e realizar um diagnóstico precoce", completa.
Flavio Hojaij, professor da FMUSP, cirurgião e ex-secretário e diretor científico da SBCCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço), também explica que, quando o tumor é detectado em fase inicial, o tratamento é mais eficaz e traz poucas sequelas. Quando o tumor é grande, os efeitos colaterais da doença podem ser devastadores para a vida da pessoa. Um exemplo seria o tumor das cordas vocais: quando observado em estágio inicial, tem uma probabilidade de mais de 90% de cura, mas passa a ter menos de 30% de chances de sucesso se estiver em um nível mais avançado.
Se qualquer sinal de alerta persistir por mais de 15 dias é importante procurar uma avaliação médica. Quanto antes o paciente for diagnosticado, maiores são as chances de cura e qualidade de vida após o tratamento.
"O prognóstico dos cânceres de cabeça e pescoço varia conforme seu estadiamento. Nos casos precoces, podemos falar em cura em torno de 70 a 90%. Já nos tumores maiores, em fase avançada, a sobrevida cai para 30 a 50%, além de elevar o custo do tratamento —os tumores precoces possuem custo de tratamento 10 vezes menor que os avançados", comenta Luiz Paulo Kowalski, professor titular da disciplina de cirurgia de cabeça e pescoço da FMUSP.
Cigarro e álcool
Além disso, quando se fala em prevenção de câncer de cabeça e pescoço, tabagistas e etilistas devem ter atenção redobrada, pois cigarro e álcool são fatores de risco e aumentam as chances de desenvolver a doença.
É o que aponta outro estudo do Icesp, no qual identificou que 80% dos pacientes atendidos com esses tipos de tumores são ou já foram tabagistas. Quando se trata do etilismo (consumo excessivo de álcool), os números representam 50% dos pacientes.
Além desses fatores, nos últimos anos observa-se um crescente aumento de casos de câncer relacionado ao vírus HPV em pessoas que não fumam e não bebem.
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