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Equilíbrio

Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Pandemia: entenda como lidar com o medo do futuro e da reabertura

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Lucas Aellos

Colaboração para o VivaBem

18/07/2020 04h00

Várias estados e municípios brasileiros estão experimentando reaberturas graduais após um período rígido de quarentena para conter o avanço desenfreado do novo coronavírus. As ações, contudo, aqui no Brasil, causam medo, até pelos números ainda elevados de casos e mortes de covid-19. Quando experimentaremos, com tranquilidade, situações que anteriormente nos eram rotineiras, como ir a restaurantes, festas ou abraçar os amigos?

Lidar com a angústia causada pelo incerto é um desafio, em especial quando o cenário que nos cerca vai além da já complicada questão sanitária —envolve instabilidade econômica e política. A cada dia é uma surpresa desagradável. "Temer o futuro pode ser uma forma de não enfrentar o presente, porque ele está insuportável. Mas não é o caminho. Se a preocupação com o depois está intensa e impede de resolver questões do momento, o ideal é buscar ajuda na psicoterapia", alerta o psicólogo Wimer Bottura, presidente da ABMP (Associação Brasileira de Medicina Psicossomática) e professor de Psicologia Médica da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo)

Desde março, quando a situação começou a se agravar em nosso país, sofremos alterações de humor quase que coletivamente. A princípio, havia a negação sobre o que aconteceria. Depois, com os primeiros casos confirmados pipocando, entramos em quarentena —vieram o desespero e o medo. Hoje, passados meses, vivenciamos o desânimo. "Pontas de esperança surgem quando ouvimos falar sobre uma possível vacina ou sobre a ausência de casos na nova Zelândia, por exemplo. Mas aqui vivemos outras questões, além da saúde, e que causam medo. E o que buscamos hoje é justamente segurança", comenta Yuri Busin, psicólogo e Diretor do Centro de Atenção à Saúde Mental - Equilíbrio (CASME).

Como viver dentro dessa realidade?

Novo normal cumprimento em tempos de coronavírus - iStock - iStock
Novos tempos pedem novos hábitos (como o cumprimento acima), mas isso nem sempre nos deixa felizes
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Acolher e reconhecer o que se sente é essencial para atravessar qualquer fase. "Diante de tantas mudanças, como as provocadas pela pandemia, é comum sentimentos reativos a um cenário de perdas daquilo que costumava dar sentido às nossas vidas", comenta a Patricia Seta, psicóloga do Hospital Sírio-Libanês.

Mas dá para achar respiros dentro do momento atual. O primeiro passo é aceitar que não controlamos as variáveis externas. Na verdade, a única coisa que podemos ter controle é sobre nós e sobre fazer a nossa parte para ajudar no combate a doença. Por isso, é preciso cercar-se de bons hábitos. A tarefa pode não ser das mais fáceis, mas é necessária. Estabelecer uma nova rotina diária dentro das condições atuais para cada um de nós, trabalhando emocionalmente o seguinte ponto: considerando as incertezas do futuro, o que está ao meu alcance e consigo fazer hoje?

E aí, entram cuidados com alimentação, prática de exercícios físicos, horários para dormir, acordar e fazer as refeições. Mas vale também se abrir para outras possibilidades: que tal fazer coisas que sempre quis, mas a correria da vida adulta não permitiu, como estudar apenas por diversão, aprender a dançar ou a tocar instrumentos musicais?

Cuide-se

A angústia constante é natural e esperada no contexto de insegurança e isolamento social. Pode se manter flutuante durante esse período, tendo dias em que a gente se sente mais e outros menos angustiado. Segundo Seta, é importante observar se você consegue ter esses momentos de descompressão emocional e alguma produtividade, mesmo ainda se sentindo um pouco aflito. "Caso perceba que estes sentimentos só tem se intensificado ou causado um sofrimento, que você não esteja conseguindo lidar sozinho, é importante procurar ajuda especializada em saúde mental", conta.

E não precisa ter vergonha: todos estamos expostos e somos suscetíveis a não conseguir lidar com algo. Profissionais especializados existem justamente para facilitar o processo de melhora. O estado constante de angústia pode abrir brechas para o surgimento de problemas crônicos, como depressão e transtornos obsessivos compulsivos.