Brasil não vai depender de disputa mundial por vacinas, diz João Gabbardo
O fato de duas vacinas contra o novo coronavírus estarem sendo testadas no Brasil faz com que o país não dependa de uma disputa internacional para, quando puder, imunizar a população. A opinião é de João Gabbardo, coordenador executivo do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, em entrevista hoje à Globonews.
Em São Paulo, o Instituto Butantan coordena a pesquisa de uma vacina desenvolvida em parceria com o laboratório chinês Sinovac Biotech. Ao mesmo tempo, a Fiocruz participa de um projeto que envolve a Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca — que, segundo ele, vem desenvolvendo sua vacina com uma metodologia nova, diferente da que é utilizada no Instituto Butantan.
"Achamos que é possível que possamos concluir essa fase 3 (de testes) em um tempo menor que a vacina de Oxford, porque ela usa uma tecnologia que, no Brasil, nós não temos experiência — nem o Butantan, nem a Fiocruz, responsável por essa parceria", explicou.
"De qualquer maneira, é importante que as duas possam estar o mais rápido possível à disposição da população. O Brasil não vai depender dessa disputa mundial pelas vacinas, porque vamos estar produzindo duas alternativas diferentes. A gente tem que parar de contar óbitos, números de casos, e começar a acompanhar a cobertura da vacina", acrescentou
A vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan começará a ser testada a partir de amanhã. Segundo Gabbardo, os grupos de voluntários serão acompanhados por um longo tempo — não apenas para atestar a eficácia, como também para apontar por quanto tempo as pessoas ficam imunes à covid-19.
"Nós vamos ter dois grupos de pessoas que serão testadas. Um grupo vai receber a própria vacina, e o outro grupo, sem saber, vai receber só o placebo. Os dois grupos são analisados para entendermos qual é a diferença do comportamento da virose, para ver se essa proteção vai ocorrer", descreveu o médico.
"Essas pessoas serão acompanhadas por mais de um ano, para termos essa ideia de por quanto tempo essa imunidade estará ativa. A vacina da influenza, todos os anos a gente tem que refazer a vacina, há mutações nos vírus. Tudo isso tem que ser analisado", exemplificou.
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