O que acontece com a vagina e a vulva depois de dar à luz?
Um dos grandes medos das mulheres que querem tentar ter um parto vaginal é que a região genital nunca mais volte a ser a mesma. Se esse é o seu caso, já vamos deixar claro que isso não passa de mito.
"É sempre importante falar que a musculatura da vagina volta ao normal após o parto vaginal", afirma Katia Kosorus, obstetra do Hospital São Luiz Anália Franco, em São Paulo. "Ela não vai ficar 'larga' por conta da passagem do bebê", reforça a especialista.
No entanto, a vagina e a vulva passam por enormes mudanças para que o processo de expulsão do bebê aconteça. A influência de hormônios específicos desse momento, como a relaxina, faz com que a musculatura de todo o assoalho pélvico "amoleça", facilitando a passagem da criança.
Por isso, é natural que a região precise de um tempo para voltar ao normal. "Mas nada exagerado. Em cerca de seis semanas, a região já voltou ao que era", afirma o obstetra Edson Luciano Rudey, professor do Centro Universitário Ingá, no Paraná.
Entenda melhor o que acontece em cada fase desse processo de recuperação:
Imediatamente após dar à luz
É o momento mais crítico, em que várias coisas acontecem. Durante o período expulsivo do parto, isto é, quando a mulher faz força para ajudar o bebê a sair, costuma causar um edema na região da vulva. Por isso, é normal que a região fique bastante inchada e até dolorida logo após o parto. Para aliviar, a orientação é aplicar compressas frias.
Durante a passagem do bebê, pode acontecer uma laceração no períneo. Há ainda outra possibilidade: a episiotomia, um corte feito na região do períneo para aumentar o canal de parto.
O corte seria o equivalente a uma laceração de grau 2 (considerada leve), com pequeno comprometimento da musculatura. Mas que fique claro: a prática só é recomendada em casos específicos, como quando o médico percebe que há sofrimento fetal.
Além disso, a musculatura da vagina também é bastante utilizada e é comum que fique "esticada" e a mulher tenha a sensação de flacidez neste momento.
48 horas após o parto
O edema da vulva já deve ter regredido quase completamente. Com isso, a sensação de dor e inchaço também deve estar bem menor. Se a mulher teve uma laceração ou passou pela episiotomia, o corte já deve estar cicatrizando bem e não deve estar incomodando muito.
Com isso, a sensação de queimação durante o xixi também já deve estar mais amena. Já a musculatura vaginal ainda segue mais aberta, porém é temporário: ela também já iniciou o processo de volta ao estado normal.
10 dias após o parto
O edema na vulva já deve ter sumido completamente e, com isso, a sensação de dor ou inchaço também. Se a mulher precisou de pontos por conta de episiotomia ou laceração, eles também já devem ter sido absorvidos e o corte deve estar cicatrizado.
A essa altura, a região íntima da mulher já está praticamente como era antes, mas é importante manter o período de resguardo (de cerca de 40 dias) sem relações sexuais para garantir a recuperação completa da região.
A partir de 40 dias após o parto
Esse é o tempo médio de recuperação da musculatura da vagina. Aqui, as relações sexuais já estão liberadas —e é quando geralmente a mulher começa a sentir a vagina ressecada e, por isso, mais sensível ao toque.
Esse é um processo fisiológico esperado para o período de amamentação, quando o processo hormonal que possibilita a amamentação reduz a lubrificação da mulher e, por isso, a sensação de ressecamento. É uma situação que fica mais intensa durante os primeiros meses e diminui quando o bebê passa a mamar menos.
Nesse período, é importante evitar lavar demais a região para não desequilibrar a flora vaginal, e usar lubrificante a base de água durante as relações sexuais para evitar qualquer lesão que possa funcionar como porta de entrada para fungos e bactérias.
E quando a recuperação demora mais?
Na grande maioria das vezes, tanto a vulva como a musculatura da vagina vai voltar ao normal após o parto. Porém, em alguns casos, essa recuperação pode precisar de ajuda especializada.
É o que acontece quando a laceração ocorrida na saída do bebê tenha sido em graus mais profundos, atingindo o esfíncter ou a mucosa anal. Embora sejam bastante incomuns, esses casos costumam ocasionar mais complicações e precisam de uma cirurgia de reconstrução.
Outra queixa comum é a incontinência urinária, um quadro que pode aparecer especialmente em quem já passou por mais de três partos vaginais (mas não é obrigatório). Isso indica que a musculatura do assoalho pélvico teve uma sobrecarga e ficou enfraquecida por conta desse excesso e, portanto, precisa ser trabalhada com fisioterapia para ser fortalecida novamente.
E é sempre bom reforçar: dor ou desconforto na relação sexual não é algo normal após o parto e, por isso, um médico deve ser consultado para avaliar a paciente e ver qual o melhor tratamento para aliviar os sintomas.
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