SP quer dobrar produção do Butantan e pode produzir vacina de Oxford
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse hoje que o Instituto Butantan vai abrir um programa de solicitações de doações para dobrar a capacidade de produção da vacina contra o novo coronavírus, desenvolvida em parceria com a empresa chinesa Sinovac Biotech. Segundo o político tucano, a ideia é atender a todos os brasileiros e até mesmo exportar para países vizinhos.
"Hoje iniciamos um programa de solicitação de doações para que ele possa arrecadar R$ 130 milhões e investir em equipamentos e tecnologia para aumentar a capacidade de produção, que hoje é de 120 milhões da Coronavac. Por que aumentar a produção? Para o atendimento da totalidade de brasileiros, já que a vacina será aplicada duas vezes. Então, pretendemos dobrar para 240 milhões de vacinas para atendermos todos os brasileiros. Havendo uma segunda ou terceira vacina, o Butantan vai exportar para países vizinhos", disse o governador.
A primeira dose da vacina contra o coronavírus que está sendo testada em São Paulo foi aplicada na manhã de ontem em uma médica do Hospital das Clínicas. Esta é a terceira fase da pesquisa e serve para testar a eficácia e segurança.
Ao todo, são 9 mil voluntários de seis estados brasileiros que serão monitorados durante três meses por um corpo científico. Entre os voluntários, metade vai receber duas doses do imunizante num intervalo de 14 dias. O restante, uma substância sem efeito.
Possível parceira com outra vacina
O Brasil é palco de testes de duas vacinas contra o novo coronavírus. Uma, produzida pelo Sinovac Biotech, em parceira com o Instituto Butantan. A outra, o laboratório AstraZeneca e da Universidade de Oxford, em parceria com a Fiocruz.
No entanto, existe a possibilidade de o Instituto Butantan trabalhar também na produção da vacina da AstraZeneca. A informação foi divulgada hoje pelo secretário da Saúde do Estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, em entrevista coletiva.
"O mais interessante que temos agora: existe inclusive uma discussão do laboratório AstraZeneca, que é o detentor da parte comercial da vacina de Oxford, de utilizar a planta, a máquina do Instituto Butantan para também produzir essa vacina", disse Gorinchteyn.
"E mais: fazer, em determinado momento, a venda para todos os países vizinhos aqui, sul-americanos, que precisam também ser vacinados. Seja uma (vacina), seja outra, seguramente nós teremos aqui — em breve, essa é nossa esperança — essas vacinas disponíveis", acrescentou.
Gorinchteyn ainda destacou a importância, no atual momento, do intercâmbio de conhecimento para que as vacinas não apenas cheguem rapidamente à população brasileira, como também possam ser eficientes nos próximos anos. O secretário lembrou que os acordos para os testes no Brasil "é ter a prioridade para que a população possa receber de forma prioritária a vacina".
""A medida em que aprendemos a fazer a vacina, nós temos como amplificar o número de frascos a serem produzidos. A gente sabe que o coronavírus veio para ficar. E veio como, em 2009, o vírus da influenza assim o fez. Tanto é que, todos os anos, precisamos vacinar. Ter, realmente, esse know how que tanto o Instituto Butantan quanto a própria Fiocruz têm de fazerem vacinas, de terem a possibilidade de fazer de uma forma muito correta, seguindo todas as normas de vigilância e diretrizes internacionais, faz com que nós tenhamos essa vacina no nosso meio para poder imunizar — não só agora — nossa população, mas eventualmente nos anos subsequentes."
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