Brasil precisa ficar "alerta" a nova variante do influenza, diz virologista
Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), disse ao jornal O Globo que o "Brasil precisa estar alerta" à nova variante do vírus influenza A H1N2, que possui potencial pandêmico.
Essa variante do vírus é transmitida de porcos para humanos e foi identificada em uma mulher de 22 anos que trabalhava em um matadouro em Ibiporã, no Paraná, no mês de abril. A contaminação provocou gripe leve na mulher e ela se recuperou completamente.
Desde 2005, já foram identificados 25 casos de pessoas infectadas por essa variante do vírus — a mulher do Paraná foi o segundo caso registrado no Brasil. No entanto, segundo Siqueira, o caso identificado em Ibiporã "é diferente de todas as demais já descobertas no mundo".
"Sim [o vírus encontrado é uma variante da variante], é genomicamente diferente. Mas não sabemos ainda o que isso significa, se lhe confere mais risco ou menos. É por isso que vamos buscar outros possíveis casos", disse ela ao jornal.
Além de identificar a nova variante do vírus, o IOC/Fiocruz, referência em pesquisas sobre a influenza e o Sars-CoV-2, estuda como ocorre a transmissão por essa variante através de 3.000 amostras de moradores de Londrina e Ibiporã que tiveram "casos de doença respiratória que testaram negativo tanto para o coronavírus Sars-CoV-2 quanto para os demais vírus respiratórios" e se atenta a novos casos no país.
Apesar das preocupações, Siqueira explica que os cientistas sabem "fazer vacina contra a influenza" e, em um menor tempo, seria possível desenvolver uma vacina contra a nova variante, o que "não seria uma vacina com que sonharíamos, não seria duradoura nem protegeria todo mundo. Porém, evitaria uma pandemia".
Risco de pandemia
Segundo Seiqueira, a A H1N2 descoberta no Brasil possui o "mesmo" potencial de causar pandemia assim como o novo vírus influenza G4 EA H1N1 descoberto na China e que, até o momento, infectou apenas porcos.
"Todos os indícios que temos é que ele se transmite com dificuldade do porco para seres humanos e não passa de uma pessoa para outra. Por isso, não é facilmente transmissível. Ele precisaria sofrer mutações que lhe conferissem a capacidade de não apenas pular entre espécies, mas se tornar transmissível com eficiência na nossa espécie."
A cientista ainda destaca que a chance de isso acontecer não é comum, mas são "eventos possíveis, que já ocorreram várias vezes na história, a mais recente agora".
"Precisamos manter vigilância intensa e constante, porque as pandemias de H1N1 e do coronavírus Sars-CoV-2 deixam mais do que evidente como vírus respiratórios podem ser devastadores. Então, precisam ser detectados e contidos no início", disse.
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