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O que os números dizem sobre o novo coronavírus e a covid-19 no Brasil

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Imagem: iStock

Cristiane Bomfim

Da Agência Einstein

28/07/2020 15h25

No último mês - diga-se entre 26 de junho e 26 de julho -, o número de pessoas diagnosticadas com covid-19 no Brasil dobrou. De acordo com dados do Ministério da Saúde, hoje são 2.419.091 casos confirmados.

O número de mortes causadas pela doença também cresceu. Nas últimas duas semanas de julho, em média 1.064 pessoas perderam a vida por dia. Mais do que um mês atrás, quando a média diária era de cerca de 1.000 vítimas fatais. Apesar dos discursos positivos de enfrentamento à disseminação do novo coronavírus e celebrações pelas pessoas recuperadas e reabertura das atividades econômicas em várias cidades, o que os números mostram é que o Brasil está longe do controle da doença.

Do ponto de vista de saúde pública, os números são importantes para o entendimento do comportamento da doença no país e a definição de políticas para sua contenção e tratamento dos pacientes.

"Independentemente do uso político dos dados, os números são muito claros e mostram que não estamos sendo capazes de controlar o vírus e que as medidas tomadas até agora foram insuficientes", explica Marcio Sommer Bittencourt, médico cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein, professor e pesquisador da USP (Universidade de São Paulo).

O Brasil está no caminho inverso de países como a China, berço do novo coronavírus, que após quatro meses do início do surto, começou a apresentar importantes quedas no número de novos casos e mortes.

"Quatro meses depois do início do surto, os números no Brasil continuam crescendo e, ao mesmo tempo, vemos a reabertura dos serviços. A perspectiva não é boa. Isso já foi visto em lugares como a Flórida, nos Estados Unidos, que é hoje o epicentro do novo coronavírus naquele país. "Como abrir tudo em um momento de alta da doença?", indaga o médico. Entenda os números:

Não está estável

"Não podemos, de forma alguma acreditar que o número de mortes está estável. 1300 mortes por dia por uma doença evitável não é normal, nem estável. Estamos sim, na manutenção de um número elevado de óbitos", afirma Bittencourt.

Por isso, ele lembra que os dados devem ser analisados sempre comparando períodos, para que não sejam banalizados. "A gente começa a considerar início do controle, normalmente após uma sequência de 14 dias, que é o tempo de dois ciclos do vírus, de queda nos números de novos casos", diz. O mesmo acontece com as mortes.

Contaminados:

É a contagem diária de pessoas que foram diagnosticadas com o Sars-CoV-2 desde o início da contagem, ou seja, do primeiro caso confirmado no Brasil, em 25 de fevereiro. De acordo com o Ministério da Saúde, foram contabilizadas no país até agora 2,1 milhão de pessoas com a doença. Só no último domingo, de acordo com o Ministério da Saúde, foram 54.771 novos casos, mais que o dobro que o valor registrado em 19 de junho. Não há uma queda constante.

Casos oficiais de coronavírus no Brasil - atualização diária

Mortes por coronavírus no Brasil - atualização diária

Taxa de letalidade

É o índice que mostra qual a proporção de mortes entre as pessoas diagnosticadas com covid-19. No Brasil, esta taxa é de 3,8%. Isso quer dizer que quase 4 pessoas a cada 100 pessoas com a doença morrem no país. Este número, explica o médico do Einstein, evidencia o problema da falta de testagem no Brasil.

"Sabemos que a taxa de letalidade da doença no mundo está próxima ou abaixo de 1% e este é um valor que não tem mudado muito, exceto em populações mais jovens. No Brasil é mais alto porque temos ao menos quase quatro vezes menos pessoas testadas para o novo coronavírus. Estamos diagnosticando menos a doença", afirma.

É difícil prever

O médico do Einstein diz que, com base nos dados, é difícil prever quando a covid-19 estará sob controle por aqui. "Não estamos vendo uma tendência de queda. As atividades estão sendo retomadas, as pessoas estão circulando mais nas ruas e, do ponto de vista prático, poucas medidas além do distanciamento físico têm sido tomadas para conter o vírus. Agora, com mais casos ativos, fica mais difícil controlar", diz.