Cientistas avaliam exame de sangue que pode detectar Alzheimer precocemente
Já imaginou como seria detectar o Alzheimer muitos anos antes de a doença se manifestar e poder iniciar um tratamento precoce? Parece que essa possibilidade pode estar cada vez mais perto.
Segundo novos estudos realizados por pesquisadores dos Estados Unidos e da Suécia, um simples exame de sangue pode medir uma proteína chamada p-tau217, e prever a doença até 20 anos antes. Além disso, o exame pode detectar o Alzheimer ainda no estágio inicial.
Randall J. Bateman, professor de neurologia da Universidade de Washington e pesquisador da doença, disse que os exames de sangue podem ser úteis para pacientes, médicos e cientistas que estudam novos medicamentos para retardá-la.
"Pensamos que, na combinação certa, esses biomarcadores de sangue também nos dirão quando alguém ficará doente. Isso será muito útil na clínica quando fizermos a triagem desses pacientes", disse em entrevista ao jornal USA Today.
O exame conseguiu detectar a doença com a mesma precisão que exames cerebrais, porém, com recursos mais baratos.
Como foi feito o estudo?
O estudo foi feito em três partes. A primeira foi liderada por um pesquisador da Universidade de Lund, na Suécia. Nessa fase, foi identificado um biomarcador sanguíneo altamente preciso para a detecção da doença de Alzheimer, medindo os níveis de p-tau217 no sangue.
Esses testes foram validados em várias pessoas. Os pesquisadores descobriram que a precisão era tão alta quanto a de exames convencionais.
Eles estudaram três coortes diferentes, compreendendo mais de 1.400 casos, incluindo um grande estudo clínico da Suécia (o estudo BioFINDER-2), uma coorte com confirmação neuropatológica da doença de Alzheimer, além de analisar outros biomarcadores experimentais atuais (p-tau217, p-tau181, A42/40 e cadeia leve de neurofilamentos) no sangue, no líquido cefalorraquidiano e tomografias.
A principal descoberta dessa fase foi que a proteína p-tau217 poderia distinguir a doença de Alzheimer de outras desordens neurodegenerativas com precisão diagnóstica entre 89 e 98%.
Os níveis de p-tau217 aumentaram cerca de sete vezes na doença de Alzheimer e, em indivíduos com um gene causador da doença, os níveis começaram a aumentar já 20 anos antes do início do comprometimento cognitivo.
No segundo estudo, pesquisadores da Universidade de Washington avaliaram o desempenho das proteínas amiloides e tau no sangue. Os cientistas mapearam a proteína tau e depois compararam os resultados com as imagens de tomografias e com medição pelo líquido espinhal (LCR).
Dessa forma, eles descobriram que a p-tau217 estava intimamente ligado ao acúmulo de placas amiloides no cérebro, conforme medição por tomografia.
O terceiro estudo, realizado por especialistas do UCSF (Centro de Memória e Envelhecimento) comparou as proteínas p-tau217 e p-tau181. Ele mostrou que a p-tau181 é três vezes mais alta em pessoas com Alzheimer do que em idosos saudáveis ou portadores de doenças neurodegenerativas. Isso revelou que as proteínas conseguem distinguir o Alzheimer de outras doenças.
O estudo retrospectivo incluiu 617 participantes: 119 saudáveis, 74 casos de Alzheimer (confirmado por biomarcador) e 294 FTLD (com degeneração lobar frontotemporal).
Neste grupo de estudo, o plasma p-tau181 aumentou três vezes em pessoas com Alzheimer em comparação aos controles e FTLD. Já o aumento no plasma p-tau217 foi de cinco vezes na doença de Alzheimer em comparação com controles saudáveis e quatro vezes em relação ao FTLD.
De acordo com os pesquisadores, o estudo mostra que tanto o p-tau217 quanto o p-tau181 medidos no sangue são elevados na doença de Alzheimer.
Por que isso é importante?
Embora demore para esse exame de sangue, efetivamente, estar disponível para a população, agora, este estará disponível para que sejam realizadas mais pesquisas. Isso significa que pessoas com histórico familiar de Alzheimer que não apresentam sintomas podem ser identificadas e inscritas em testes.
"Há uma necessidade urgente de ferramentas de diagnóstico simples, baratas, não invasivas e facilmente disponíveis para a doença de Alzheimer. Novas tecnologias de teste também podem apoiar o desenvolvimento de medicamentos de várias maneiras, por exemplo, ajudando a identificar as pessoas certas para os ensaios clínicos e acompanhando o impacto das terapias que estão sendo testadas", disse Maria C. Carrillo, chefe de ciências da Alzheimer's Association.
"A possibilidade de detecção precoce e de intervir com um tratamento antes de danos significativos ao cérebro pela doença de Alzheimer seriam uma mudança radical para indivíduos, famílias e nosso sistema de saúde", explica.
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