Covid-19: Teste de vacina pode ser afetado por falta de infectados na China
Empresas chinesas podem enfrentar dificuldades na testagem de possíveis vacinas para o coronavírus devido ao baixo número de infectados atualmente no país. Os obstáculos aparecem quando os ensaios clínicos chegam à terceira fase.
Os testes necessitam dezenas de milhares de participantes para comprovar que não há efeitos colaterais na solução, mas com a pandemia controlada no país, os laboratórios candidatos não conseguem essa quantidade de voluntários, segundo a revista Nature.
Além dos voluntários, os laboratórios teriam que mobilizar profissionais da saúde para aplicarem a vacina e coletarem os dados dos participantes. Porém, muitos desses profissionais voltaram as suas atividades normais após o controle da pandemia no país.
A China tem hoje 88.065 casos e soma 4.671 mortes pela covid-19 confirmadas, segundo os dados da Universidade Johns Hopkins.
"As empresas chinesas precisarão sair da China", disse Jerome Kim, diretor-geral do Instituto Internacional de Vacinas em Seul à revista. "A corrida começou, e ela é realmente sobre quem pode se instalar em uma área de alto risco mais rapidamente", continuou.
Laboratórios lideram a corrida
No mês passado, a Sinovac lançou um estudo da terceira fase de testes da sua vacina no Brasil; já a Sinopharm testará suas vacinas inativadas nos Emirados Árabes.
A terceira fase dos testes é considerada a mais importante para definir a segurança e eficácia da solução. Além da Sinovac e da Sinopharm, apenas outras três chegaram ao último estágio dos testes até agora, segundo a Nature.
Uma dessas vacinas é produzida pela empresa de biotecnologia Moderna, nos Estados Unidos. Outra é da Universidade de Oxford em parceria com a fabricante de medicamentos britânica AstraZeneca - também em testes no Brasil. A última é da empresa alemã de biotecnologia BioNTech em colaboração com a americana Pfizer.
A empresa chinesa CanSino já tem uma vacina pronta para entrar na terceira fase de testes, mas o governo chinês adiantou que a solução já pode ser aplicada em militares do exército. Isso faria da CanSino a primeira empresa a ter a vacina aprovada, mesmo que para um número limitado de pessoas.
A China trabalhou muito "para gerar uma vacina eficiente o mais rápido possível e ser transparente" nesse processo, disse Stéphane Paul, pesquisador de vacinas da Universidade de Lyon, na França.
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