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Sem volta às aulas: Vecina Neto e Drauzio consideram ano escolar 'perdido'

De VivaBem, em São Paulo

07/08/2020 18h31Atualizada em 07/08/2020 21h57

Voltar às aulas agora para tentar recuperar um pouco do que se perdeu durante a pandemia é uma "bobagem", segundo o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto. Sua opinião é compartilhada por Drauzio Varella, que também alerta para a maior circulação de pessoas nas ruas e nos transportes públicos com a reabertura das escolas.

"O ano já está perdido. Essa questão da socialização das crianças, eu acho importante. (Mas) vamos encontrar um jeito de socializar as crianças sem mandá-las trocar material biológico na escola e trazê-las para casa para matar os avós e os pais. Eu acho que este ano não tem que falar em volta às aulas", opinou Vecina Neto.

As declarações foram feitas durante participação no UOL Debate, que também contou com a presença dos médicos Roberto Kalil Filho (cardiologista), colunista de VivaBem, Esper Kallás (infectologista) e Luiz Henrique Mandetta (ortopedista), ex-ministro da Saúde.

Assim como o médico sanitarista, Drauzio também acredita que o ano escolar já está perdido, mesmo com uma eventual volta às escolas nas próximas semanas. Ele ainda lembra que, além da questão das aulas, é preciso "esquematizar" o que será feito com a distribuição de merenda e a organização do fluxo de pessoas, principalmente nas grandes cidades.

"Voltar às aulas vai gerar mais pessoas [circulando nas ruas], mais trânsito. Com as pessoas circulando, crianças podem levar o vírus para dentro de casa. O vírus não quer saber de nada, o vírus o transmite quando um chega perto do outro", alertou.

Para o ex-ministro Mandetta, a volta às aulas é uma demanda legítima da sociedade, mas é preciso analisar o que a mudança implica. Assim como Drauzio, ele também citou o aumento na circulação de pessoas — tanto pais, que levam e buscam seus filhos, quanto alunos, especialmente aqueles que usam transporte público.

"A cidade de São Paulo tem 2,8 milhões de alunos que voltariam ao transporte coletivo, no mesmo horário da massa trabalhadora, da construção civil, do servidor público, do comércio. O transporte público me parece, nos grandes centros, o principal local de aglomeração e contágio", avaliou.

O fato de que em muitas famílias os avós são os responsáveis por cuidar das crianças — principalmente as menores — também preocupa Mandetta. Se os netos se contaminarem mas não apresentarem sintomas, pondera o ex-ministro, eles provavelmente não serão testados, e podem infectar outros parentes.

"É um ano complexo para toda a sociedade. Eu voltaria com muito cuidado, com muito protocolo. Não voltaria em bloco. Começaria pelos pequenos e faria pequenos testes para monitorar, para depois não fazer um sistema de abertura em avalanche, e depois ter que voltar em avalanche, o que seria um quadro terrível. Mas é de prender o fôlego e de rezar bastante."