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Pés saudáveis? Veja 12 problemas que afetam a região e como preveni-los

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Samantha Cerquetani

Colaboração para VivaBem

13/08/2020 04h00

Quantas vezes você olhou para os seus pés com atenção ultimamente? Apesar de serem responsáveis pela sustentação do corpo e locomoção, esses membros costumam ser negligenciados. É provável que eles só chamem a atenção quando há algo errado, seja na aparência ou por apresentarem dor ou desconforto.

Formados por ossos, articulações, músculos, tendões e ligamentos, os pés estão expostos constantemente ao uso de sapatos inadequados e em contato com o ambiente externo. Por isso, frequentemente apresentam problemas de saúde específicos que causam dores, inflamações, lesões e alterações na pele ou unhas. Algumas doenças são sérias e podem afetar até mesmo a mobilidade.

Veja lista de quais são os problemas mais comuns nos pés e o que pode ser feito em cada situação.

1. Joanete

Pergunte ao VivaBem - joanete - Fernanda Garcia/VivaBem - Fernanda Garcia/VivaBem
Imagem: Fernanda Garcia/VivaBem

Sapato apertado, com salto e bico fino são desconfortáveis e ainda podem causar joanete nas mulheres, em alguns casos. Esse problema de saúde, conhecido como hálux valgo pelos médicos, trata-se de uma saliência óssea na lateral do pé, próximo a articulação na base do dedão. A pele da região pode ficar vermelha, dolorida e apresentar deformidade no primeiro dedo. É menos frequente em homens, mas também pode ocorrer.

Em alguns casos, proporciona um desvio do eixo do tornozelo, o que gera instabilidade. O formato do pé contribui com o surgimento da joanete, além da artrite, ou seja, inflamações nas articulações. Vale destacar que também aparece no quinto dedo devido à pressão do calçado.

O que pode ser feito: é importante se atentar para o sapato escolhido —ele deve ser adequado para o formato do pé, não apertando ou pressionando demais. Palmilhas ou protetores ortopédicos podem ser indicados, além de medicamentos e bolsa de gelo. São raros os casos que exigem cirurgia, que costuma ser pouco invasiva.

2. Fascite plantar

A condição se caracteriza por uma dor intensa na planta do pé —ardências, fisgadas ou queimação. É um processo inflamatório na sola do pé, conhecida como fáscia plantar, que é responsável pela estabilidade do corpo. A dor costuma ser intensa após períodos de repouso.

Ocorre por um encurtamento da região, alguma lesão, movimento repetitivo no trabalho ou em esportistas. Também acontece por causa de atrofias musculares, diminuição da gordura da região e infecções.

O que pode ser feito: o tratamento consiste em fisioterapia para melhora da mobilidade e tratamento com anti-inflamatório e analgésicos. Podem também ser prescritas massagens terapêuticas e uso de palmilhas específicas. A cirurgia para aliviar os sintomas ocorre em poucos casos.

3. Neuroma de Morton

Apesar do nome complicado, o problema de saúde é um tipo de nódulo benigno localizado entre o terceiro e quarto dedo. Essa condição acarreta espessamento ou aumento do volume do nervo, o que gera formigamento e queimação na região da planta do pé. Acontece por conta de traumas, sapatos de bico fino e alterações anatômicas. É mais comum em mulheres que usam salto alto e em corredores.

O que pode ser feito: mudanças nos calçados, uso de palmilhas e de algumas medicações que melhoram o desconforto. Em último caso, é indicado tratamento cirúrgico do neuroma.

4. Esporão do calcanhar

É um crescimento ósseo na parte inferior do calcanhar, como se fosse um caroço na sola do pé. Esse problema é identificado na radiografia quando aparece uma calcificação no começo da fáscia em formato bicudo de esporão. É bastante comum que seja confundido com fascite plantar, mas geralmente os esporões não geram dor e surgem após essa inflamação na planta do pé. É mais frequente em pessoas com mais de 40 anos, obesas, com pés chatos (planos) e em quem tem artrite ou gota.

O que pode ser feito: além de medicamentos, são indicadas palmilhas ortopédicas para amortecer o impacto das pisadas. Fisioterapia e massagens também são eficazes. Já as cirurgias para resolver o problema são mais raras e recomendadas só em casos graves.

5. Neuropatia diabética

Pé; pé diabético; diabetes - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Quem tem diabetes precisa ter um cuidado especial com as extremidades do corpo. Essas pessoas podem ter alterações vasculares que comprometem os pés e levam a complicações sérias como amputações.

Uma doença comum nesses quadros é a neuropatia diabética, que consiste na perda da função dos nervos do pé. Sendo assim, há menor sensibilidade, o que aumenta o risco de lesionar o pé, feridas e infecções. Entre os sintomas, destacam-se dificuldade de coordenação, dormência ou sensação de queimação nos pés e inchaços.

O que pode ser feito: medicamentos são usados para diminuir a dor. O ideal é manter os níveis de açúcar no sangue controlado e realizar consultas médicas periódicas para controlar a diabetes.

6. Rachaduras

Outro problema é a rachadura no pé, principalmente nos calcanhares. São fissuras na pele que geram desconfortos e, em alguns casos, dor. É raro, mas algumas pessoas podem ter inchaços, sangramentos e vermelhidão na região. Ocorre devido ao ressecamento excessivo da pele e pressão do próprio corpo no pé.

O que pode ser feito: o ideal é hidratar os pés com cremes diariamente e evitar lixá-los para prevenir novas fissuras. Os especialistas indicam cremes específicos que ajudam na cicatrização. É importante controlar o peso e usar sapatos fechados com sola acolchoada para evitar atrito e não deixar o pé por muito tempo abafado.

7. Micose

micose nos pés - iStock - iStock
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Conhecido também como frieiras ou "pé de atleta", esse problema é causado por fungos e atinge a pele entre os dedos. Esses parasitas podem ser encontrados em quase qualquer tipo de solo —desde o banheiro das casas até a areia da praia. Mas as micoses só se manifestam quando os pés sofrem com excesso de calor e umidade.

Por isso, é comum surgir em quem tem sudorese excessiva ou não seca o local corretamente após o banho. Isso porque os fungos necessitam de calor e umidade para se proliferarem e infectarem a superfície de pés e unhas.

Vale ressaltar que algumas pessoas apresentam uma maior predisposição genética ao seu desenvolvimento. As micoses também atingem as solas dos pés e unhas. Os sintomas mais comuns são pele rachada ou seca entre os dedos dos pés, odor desagradável, queimação, fissuras e dor. Causa também descolamento da unha, geralmente na ponta, coloração amarelada, marrom, branca ou escurecida.

O que pode ser feito: os especialistas indicam medicamentos locais como cremes ou sprays antifúngicos, medicações orais e lasers em casos específicos. Para evitar o problema é importante tomar medidas básicas de higiene como lavar os pés regularmente com sabão e secar adequadamente. Também é recomendado usar chinelos em locais públicos e trocar de meias com frequência para evitar a umidade.

8. Unha encravada

Conhecida cientificamente como onicocriptose, esse problema ocorre quando a borda da unha cresce para dentro da pele do dedo, gerando inflamação, dor, vermelhidão e inchaço na região. É mais frequente no dedão do pé e as pessoas idosas são mais atingidas, uma vez que a unha engrossa com a idade e dificulta os cuidados adequados. Em alguns casos, aparece pus e dor insuportável levando a pessoa a um dermatologista.

O que pode ser feito: evite o corte dos cantos, deixando a unha reta. Não use palitos e alicates para cutucar, retire somente o excesso da pele dos cantos com cautela. Vale ressaltar que é bastante arriscado usar materiais de manicure sem esterilização. O médico prescreve cremes e, em casos mais graves, indica-se uma cirurgia simples com anestesia local. Mas, na maioria das vezes, não há necessidade de retirar a unha, apenas remover a carne esponjosa que se forma na região para aliviar o desconforto.

9. Bolhas

bolha no pé, ferida - iStock - iStock
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Quem nunca usou um sapato pela primeira vez e teve bolhas nos pés? Essa situação ocorre com o atrito da pele e o calçado apertado. Surgem assim esses bolsões de pele que contêm um líquido claro, são dolorosos e que podem dificultar a caminhada. O problema costuma passar sem precisar de ajuda médica.

O que pode ser feito: não estoure a bolha! Essa é a primeira recomendação dos especialistas, pois isso piora a situação e machuca ainda mais a região. O ideal é deixar a pele descansar e evitar sapatos apertados para aliviar o atrito. Se estiver muito dolorida, procure um médico para averiguar se há alguma inflamação. Nesses casos, são indicadas pomadas específicas para o problema.

10. Verrugas plantares

Conhecidas popularmente como "olho de peixe", elas são causadas pelo HPV (papiloma vírus humano). O contágio ocorre pelo contato direto com pessoas ou objetos contaminados e pés machucados ou com rachaduras. Essas verrugas aparecem na sola do pé e são lesões dolorosas que podem ser confundidas com calos.

São benignas, mas muito incômodas, pois trazem desconforto pela aparência e pela dor. Podem ficar inalteradas por muitos anos ou se desenvolverem rapidamente. A cor é semelhante a da pele com manchas pretas no centro.

O que pode ser feito: o tratamento é realizado com cauterizações para "queimar" a verruga e uso de medicamentos e cremes em casa. Ter o cuidado de usar calçados em ambientes públicos como piscinas e vestiários ajuda a evitar a contaminação. Importante não manipular a verruga em casa para que não se espalhe para outras regiões do corpo.

11. Calos

calos, pés, calosidade - Istock/Getty Images - Istock/Getty Images
Imagem: Istock/Getty Images

Esse problema aparece por trauma repetido em determinado ponto de apoio do pé. Os calos são uma reação da pele a agressões externas, por isso surgem camadas de pele endurecidas e espessas. Isso ocorre pelo uso de sapatos apertados, por algum distúrbio ortopédico ou por má distribuição do peso. É mais comum no calcanhar ou na ponta do pé e geralmente são indolores.

O que pode ser feito: para evitar os calos é necessário escolher sapatos adequados ao tamanho dos pés, evitar aqueles com solados muito finos que não absorvem a pressão do peso na sola e corrigir distúrbios ortopédicos que causem problemas para caminhar. Precisa de tratamento apenas em casos mais graves e quando causam muita dor. A cirurgia raramente é necessária.

12. Gota

Essa doença inflamatória é um tipo de artrite que ocorre devido ao aumento do ácido úrico nos tecidos e articulações. Pode afetar o dedão do pé e gerar dor, inchaço, vermelhidão e, em alguns casos, protuberâncias. Esse problema é mais comum em homens com idade entre 40 e 50 anos e com sobrepeso. Já as mulheres podem desenvolver gota após a menopausa, mas é bem menos frequente.

O que pode ser feito: evite fatores que desencadeiam crises de gota, tais como consumir alguns alimentos como bebidas alcoólicas, frutos do mar, sardinha e carne vermelha em excesso. Também é preciso aumentar a ingestão hídrica e fazer o acompanhamento com o médico regularmente. O tratamento cirúrgico só é indicado quando há uma grande deformidade nas articulações do pé ou em casos de destruição óssea.

Cuidados essenciais com os pés

Com ações simples do dia a dia é possível evitar muitos problemas nos pés. Veja algumas dicas:

  • Manter a higiene das unhas: cortar de maneira transversal e preservar os cantinhos que não devem ser retirados;
  • Hidratação diária, principalmente na região dos calcanhares;
  • Lavar os pés com sabão dando atenção para os dedos e secar bem;
  • Usar sapatos confortáveis e que não apertem as pontas dos dedos;
  • Evitar retirada das cutículas, que só devem ser feitas caso exista excesso de pele no local;
  • Pessoas que tenham dificuldade para alcançar os pés para secá-los podem utilizar um secador de cabelos com ar frio;
  • Ao perceber qualquer alteração, buscar ajuda profissional: dermatologista em problemas de pele e ortopedista para doenças ósseas ou dificuldade para caminhar.

Fontes: Alexandre Leme, ortopedista e professor do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da USP (Universidade de São Paulo); Nemi Sabeh Júnior, ortopedista do Hospital Sírio-Libanês (SP); Fábio Nicolau, ortopedista e professor de medicina da Unisa (Universidade Santo Amaro); Paula Silva Ferreira, dermatologista do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo); e Camila Hoffman, dermatologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP). Revisão técnica: Fábio Nicolau e Camila Hoffman.