Solteiro sim, sozinho... por que não? Como curtir sua própria companhia
No dia 15 de agosto é comemorado o Dia dos Solteiros, e essa data não precisa ser apenas uma chateação por não ter um par romântico. Aliás, já reparou como o primeiro pensamento que temos ao pensar na solteirice é pegação, ou seja, a necessidade de estar com outra pessoa? E não precisa ser assim: ainda que seja bom ter um relacionamento, aproveitar sua própria companhia não só é possível, como também recomendado.
Pensar que é impossível ser feliz sozinho, no sentido romântico, pode até mesmo se traduzir em relações de dependência emocional, em que companheiro passa a ser colocado em uma posição de preencher um vazio, como se fosse responsável pela sua completude. "A dependência emocional é muito presente em relacionamentos difíceis que acabam criando um ciclo vicioso de ciúme e possessividade, o dependente quer vigiar o outro e este se sente sufocado, podendo até se afastar", explica Fabrício Guimarães, professor do Departamento de Psicologia Clínica da UnB (Universidade Federal de Brasília). Para não cair nessa, cultivar a própria companhia é uma boa prevenção.
Por onde posso começar?
Estar consigo mesmo significa também lidar com pontos de sua identidade e vida que você não gosta. "É muito difícil o exercício de estar voltado para dentro de si. No momento em que eu me olho e percebo quem eu sou, faz com que eu perceba meus buracos de medos, dores e inseguranças e não é fácil entrar em contato com todas essas partes", responde Dorli Kamkhagi, psicóloga do Laboratório de Neurociências do IPq do HC-FMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina Universidade de São Paulo).
No entanto, isso pode começar quando você busca por autoconhecimento. Veja algumas dicas para apreciar mais a própria companhia:
1. Observe-se mais
Natália Novaes Pavani Soler, psicóloga do Hospital Alemão Oswaldo Cruz diz que um bom exercício para quem quer se conhecer melhor é observar-se com carinho, sem críticas: amenizar as fragilidades, nomear as emoções, as ações e reações, questionar o que pensa sobre determinados assuntos e analisar comportamentos. "Talvez esse processo de análise carinhosa se depare com situações difíceis de lidar e a busca por um profissional de saúde mental pode se fazer necessária", alerta.
2. Cuide de você
Muitas vezes temos a sensação de que estamos cuidando de nós mesmos quando na verdade esperamos o cuidado de outras pessoas. A falta de conexão consigo estimula a busca (em vão) pelo conforto no externo: em pessoas, compras e comidas, por exemplo. Quando o cuidado parte de nós mesmos, ao ir fazer uma caminhada, colocar uma roupa confortável e um tênis, simbolicamente ele traz essa sensação de conforto próprio.
3. Concentre-se no agora
Quando estamos tristes ou nos sentindo solitários, é comum levarmos os pensamentos para o passado ou para o futuro, sem prestarmos atenção no agora. Ter atenção no momento presente é uma ferramenta poderosa para quebrar os sentimentos negativos. Quando você presta atenção no que está fazendo e no lugar onde está, seu foco muda e seu humor também.
4. Faça planos para o futuro
Estar consigo mesmo pode ser tomado como um tempo significativo para a construção de uma vida a ser sonhada e, assim espera-se, vivida. Projetar uma vida futura que reflita nossos desejos e interesses mais genuínos, por mais ou menos ideal que esta projeção possa vir a parecer, certamente é importante para que possamos avaliar, com o tempo, os rumos de nossas ações.
5. Saiba que ficar sozinho não é um estado permanente
Gostar de ter um momento sozinho não significa ter dificuldade em se relacionar. Afinal têm pessoas com a capacidade de se divertir sozinhas. "Mas nada impede que ela possa ter alguém, precisamos aprender a ser boa companhia para nós mesmos", diz a psiquiatra Fátima Vasconcellos, coordenadora do Curso de Psiquiatria da PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro). E isso apenas mostra que, na ausência, o indivíduo não se paralisa. Viajar, ir ao cinema, ao museu, sair para dançar, enfim tudo isso pode ser feito sozinho, mas é importante que a pessoa não faça disso uma tragédia.
6. Se abra para novos vínculos
Por incrível que pareça, aproveitar esses momentos sozinho para sair ou mesmo viajar pode ser justamente o momento ideal para conhecer pessoas novas. Portanto, abrir mão das mesmas companhias pode ser uma ótima chance para descobrir pessoas, conhecer outros universos e criar vínculos —que não precisam ser apenas amorosos. "As pessoas mais propensas a essa vivência são as que estão dispostas a enfrentar seus medos e conflitos, e construir um espaço interno de interlocução verdadeira", sugere Rose Paim.
7. Busque conhecer coisas novas
Fazer um curso facilita muito a aquisição de novos conhecimentos, a troca com outras pessoas e é também uma forma de ocupar o tempo ocioso. Se for possível escolha um presencial, pois os vínculos se fortalecem, surgem novas amizades e companhias. Se não quiser fazer um curso, busque informações de um livro que você goste ou bastidores de um filme, lugares que quer conhecer. O que vale é mudar o foco.
Estar solteiro não significa estar solitário
É um fato que o ser humano precisa se conectar com outros para ser feliz e sobreviver: é quase que instintivo. No entanto, quem disse que esses vínculos são sempre românticos? As amizades, por exemplo, são relações fundamentais para que possamos externalizar sentimentos e demonstrar afeto e amor, o que é importante para a nossa saúde mental. "É um tipo de relacionamento que nos ajuda a ser mais humanos em nossas vidas", afirma Cristina Borsali, psicóloga da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo. O mesmo vale para a família: apesar de muitas vezes os laços familiares não significarem uma afinidade emocional, é importante cultivar as relações com as pessoas que nos fazem bem dentro de nossa família.
*Com informações de matérias dos dias 24/06/2019, 19/08/2019, 02/10/2019, 01/11/2019 e 20/01/2020,
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