Redes sociais causam depressão em jovens? Estudo mostra que não é bem assim
Há muito tempo a sabedoria popular e até alguns estudos científicos associam as redes sociais à maior incidência de depressão entre os jovens. Mas um novo estudo, conduzido por cientistas da Universidade de Columbia e publicado no Journal of Adolescent Health, mostrou que essa correlação não deveria ser senso comum. A conclusão deles é que entre as meninas não há associação entre o uso diário de redes sociais e depressão, enquanto para os meninos os resultados foram inconclusivos.
"O uso diário da mídia social não captura as diversas maneiras como os adolescentes usam a mídia social, que pode ser tanto positiva quanto negativa, dependendo do contexto social", diz a autora sênior Katherine Keyes, PhD, professora associada de epidemiologia na Columbia Mailman School. "Pesquisas futuras podem explorar os comportamentos e experiências específicas dos jovens que usam as mídias sociais, bem como o envolvimento mais frequente com as várias plataformas."
Como o estudo foi feito
- Os cientistas usaram a pesquisa de coorte Monitoring the Future, um estudo em andamento dos comportamentos, atitudes e valores dos americanos desde a adolescência até a idade adulta, representando 74.472 alunos da 8ª e 10ª série entre 2009 e 2017;
- O estudo usava uma pontuação de depressão reportada pelos próprios jovens;
- O uso diário da mídia social entre os alunos da 8ª e 10ª série aumentou de 61% para 89% entre as meninas e de 46% para 75% entre os meninos, de 2009 a 2017;
- Entre as meninas que tinham o menor risco de sintomas depressivos, o uso diário das mídias sociais foi fracamente associado aos sintomas, embora, devido ao baixo risco, a prevalência geral de sintomas nesse grupo fosse pequena;
- Entre os meninos, o uso diário da mídia social não foi associado ao aumento dos sintomas depressivos, e algumas evidências sugeriram que o uso diário da mídia social pode realmente proteger contra a depressão.
Por que isso é importante?
Indicadores mostram que a depressão tem aumentado entre os adolescentes, principalmente as meninas, e as redes sociais têm sido associadas a isso. No entanto, os resultados do estudo são claros: quaisquer potenciais efeitos prejudiciais parecem estar limitados a 2009-2010, limitando a evidência que apoia a mídia social como um fator de risco atual para sintomas depressivos.
"Cada vez mais, os adolescentes são ativos nas redes sociais, principalmente durante a pandemia, pois precisam contar com o Instagram, TikTok e outras plataformas para se manter em contato com os amigos", disse o primeiro autor Noah Kreski, MPH, que conduziu a pesquisa como um projeto de estágio como aluno da Columbia Mailman School e atualmente trabalha como analista de dados no Departamento de Epidemiologia.
"Embora alguns adultos tenham expressado preocupações sobre os riscos potenciais para a saúde mental desse comportamento, nossa pesquisa não encontrou nenhuma evidência convincente para sugerir que o uso da mídia social aumenta significativamente o risco de sintomas depressivos nos adolescentes", concluiu o especialista.
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