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Precisa mesmo? Saiba quais exames as mulheres devem fazer durante a vida

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Imagem: iStock

Bruna Alves

Colaboração para VivaBem

17/08/2020 04h00

"Há dois anos que eu não consigo realizar exames ginecológicos, por que aqui onde eu moro está sem ginecologista nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde), e para fazer os exames a gente precisa passar primeiro pela consulta. Depois da morte de um ginecologista, em 2018, eles nunca mais colocaram outro fixo. Agora tem um único ginecologista que vai rodando nos postos. E daí as pessoas ficam assim, penando pela cidade para conseguir atendimento. E isso é um problema que vem bem antes da pandemia".

Esse é o relato da jovem Vitória Tainá Oliveira da Conceição Souza, 23, moradora de um bairro de São Vicente, no litoral sul de São Paulo. Mas, assim como ela, muitas mulheres também têm dificuldade para agendar consultas com um ginecologista na rede pública e realizar exames preventivos.

A reportagem de VivaBem entrou em contato por e-mail e por telefone com a Secretaria de Saúde do estado de São Paulo para saber como estão as filas nos postos de saúde, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.

Já a Secretaria de Saúde de São Vicente afirma que, neste ano, três médicos ginecologistas foram chamados para trabalhar por meio de um concurso público. Segundo a pasta, dois deles "assumiram funções na Unidade Saúde da Mulher, localizada no bairro Irmã Dolores, na Área Continental".

Por outro lado, a secretaria municipal também informou que as UBSs mantêm médicos "generalistas" que fazem atendimento ginecológicos. E, devido à pandemia, a agenda estava restrita a pacientes preferenciais. "Em junho, essas agendas foram gradativamente abertas, sendo feitos atendimentos de rotina. Já a partir da próxima semana serão abertas em 75%", informou a pasta, em nota.

Fato é que existem exames extremamente necessários e outros que, embora não sejam obrigatórios pelos órgãos de saúde, ajudam a detectar ou prevenir inúmeras doenças. Por isso, VivaBem ouviu especialistas para entender quais exames as mulheres devem fazer, quando e por quê.

Papanicolau

exame ginecológico, papanicolau - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Este é o principal exame da lista. Ele analisa as células do colo uterino para determinar se elas estão normais ou alteradas. Por isso é chamado de exame citológico (estudo da morfologia da célula). O exame detecta infecções por HPV (vírus do papiloma humano), lesões precursoras do câncer e do próprio câncer invasor do colo do útero. Além disso, muitas vezes o papanicolau permite identificar presença de fungos, alterações da flora vaginal e infecções.

O exame deve ser feito anualmente em mulheres que tenham relações sexuais. Mas, se não tiver uma vida sexual ativa, não existe uma periodicidade definida. O papanicolau deve ser colhido até pelo menos os 65 anos de idade. Um complemento desse exame é a colposcopia, que é uma avaliação do colo de útero, da vagina e da vulva. Ele serve, basicamente, para orientar para uma biópsia, quando há suspeita de doença mais grave.

Mamografia

Mamografia - Istock - Istock
Imagem: Istock

É um exame de raio-X de alta resolução que analisa a presença de alterações nas mamas, como nódulos (cânceres) ou cistos. Aqui vale ressaltar que o câncer de mama é o tipo de câncer mais comum em mulheres, tanto em frequência como em mortalidade.

O resultado deve ser analisado por um médico radiologista especializado em busca de microcalcificações, que são pequenos pontos de cálcio no interior das mamas, distorções da arquitetura da mama, áreas assimétricas ou nódulos. A mamografia deve ser realizada anualmente em mulheres a partir dos 40 até os 75 anos de idade. Em pacientes com forte histórico familiar ou de maior risco, pode-se se iniciar já aos 35 anos.

Ultrassom das mamas

Esse exame é realizado através da emissão de ondas de som de alta frequência que, ao se deparar com uma estrutura sólida emite um eco que é captado. E quanto maior for o retorno, mais branca a imagem se torna.

Um processador então avalia esses ecos em tempo real e transforma isso tudo em imagem em tons de cinza. Trata-se de um exame simples que permite identificar lesões nas mamas e definir se são sólidas ou se contém gordura ou água. O ultrassom de mamas só é indicado para mulheres com mamas densas (onde o ultrassom "vê" melhor que a mamografia), que apresentam risco, ou quando há suspeita de um nódulo em mulheres jovens, abaixo de 40 anos.

Ultrassom de pelve (via transabdominal ou transvaginal)

Esse exame serve para avaliar órgãos da pelve como bexiga, útero, ovários e porção do reto. É usado para identificação de miomas, cistos ou tumores de ovário, endometriose, adenomiose, pólipos, entre outros. Ele ainda ajuda avaliar a posição do DIU na cavidade uterina.

É também muito utilizado para definir causas de sangramento vaginal e menstruação aumentada ou dolorosa, além de dor pélvica. Não há recomendação para realização periódica, mas os especialistas defendem que, após a menopausa, este exame deve ser feito anualmente. Além disso, mulheres com mutações genéticas de alto risco para câncer de ovários devem, sim, realizar este exame periodicamente.

Exame ginecológico

Ginecologista feminista - iStock - iStock
Imagem: iStock

Esse exame refere-se a consulta ao ginecologista, onde a mulher deve relatar possíveis sintomas. O especialista também faz o exame físico, avaliando a vagina e os seios da mulher, com auxílio de equipamentos específicos. Essa consulta deve ser realizada anualmente para identificar possíveis fatores de risco que possam desencadear graves doenças.

Tomografia de tórax de baixa dose de emissão de radiação

O câncer de pulmão é o terceiro tipo de câncer mais comum nas mulheres, sendo que 90% das pessoas acabam morrendo por causa dele. O exame é indicado para pessoas entre 55 e 80 anos, tabagistas por vários anos, (ou prévia, desde que tenham cessado o tabagismo há menos de 15 anos).

Exames de sangue também são importantes

Exame de sangue - kukhunthod/IStock - kukhunthod/IStock
Imagem: kukhunthod/IStock

Embora alguns especialistas discordem da obrigatoriedade de se fazer exames de sangue anualmente, eles são muito para a prevenção de doenças. Converse com o seu médico. Abaixo, listamos os mais comuns:

  • Hemograma: traz uma visão geral do organismo, mostrando alterações causadas por anemias, como estão os glóbulos vermelhos e brancos, sinais infecciosos, alergias e por aí vai;
  • Colesterol total, frações e triglicérides: ajudam a prevenir doenças cardiovasculares, avaliando a quantidade de gordura no organismo;
  • Glicemia de jejum: identifica a dosagem de açúcar no sangue, portanto, é muito importante para a prevenção de diabetes;
  • TSH e T4 livre: são exames de avaliações hormonais. O TSH é o hormônio que estimula a tireoide para que ela funcione. O T4 livre é o exame que mostra quanto hormônio a tireoide produz. Ambos servem para identificar hipertireoidismo, hipotireoidismo, entre outros.
  • Vitamina D: é importante porque avalia a quantidade dessa vitamina no sangue, que é essencial para a regulação dos níveis de fósforo e cálcio. Por isso, dentre outras funções, possui um papel fundamental no metabolismo ósseo.

Esses exames podem ser solicitados a partir dos 25 anos e não há um período específico para suas realizações.

Outros exames

Outros que podem entrar nesta lista são: colonoscopia e densitometria óssea. O colonoscopia é um exame que captura imagens em tempo real do intestino grosso e uma parte do intestino delgado. Ele detecta, sobretudo, a presença de câncer de intestino, além de outras doenças. Se não houver queixa, este exame pode ser realizado a partir dos 50 anos, preventivamente, a cada cinco anos.

Já o exame de densitometria óssea serve para identificar, especialmente, a osteoporose. Segundo especialistas, esse problema tende a atingir mais mulheres do que homens. E isso pode ser explicado pelo fato de a menopausa levar a perda significativa de massa óssea.

As mulheres devem fazer esse exame (que é feito com um aparelho semelhante a um raio-X) a partir dos 65 anos, para comparação. Antes dessa idade, a partir da menopausa, deve-se antecipar o exame desde que haja fator de risco como baixo peso, história de fratura osteoporótica nos pais, uso de medicação associada a perda de massa óssea, tabagismo, etilismo, entre outros. Quando a densitometria está normal, o exame pode ser repetido a cada três anos.

Fontes: Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra do Hospital Sírio-Libanês e Hospital Albert Einstein (SP); Maurício Simões Abrão, professor associado do departamento de obstetrícia e ginecologia da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), diretor do setor de endometriose do Hospital das Clínicas da FMUSP e gestor do setor de ginecologia da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo; Francisco José Albuquerque de Paula, professor associado da área de endocrinologia da FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto) da USP e Alfredo Salim Helito, clínico geral e médico da família do Hospital Sírio-Libanês.