Silvero Pereira: "Internet permite socializar, mas clima é agressivo"
No Conexão VivaBem desta terça-feira (18), o ator Silvero Pereira disse que não se sente otimista com o cenário pós-pandemia. Para ele, observar o comportamento das pessoas nas redes sociais mostra como esse futuro não será muito distante do presente.
"A gente já utilizava a rede social como um espelho da vida real. E o ambiente das redes sociais tem ficado cada vez mais individualista, muito violento, muito agressivo. E eu acho que isso está ficando cada vez mais constante no nosso dia a dia, exatamente porque é o único espaço que a gente tem de diálogo, de sociabilidade", disse.
O ator contou que, apesar da previsão pessimista, ele deseja que realmente as pessoas consigam ser mais solidárias, que consigam olhar mais para o outro. "Aqui perto de casa existe um monte de gente que eu não sabia, mas que moram nas ruas, dormem debaixo de carro, debaixo de tendas, e que eu nunca tinha prestado atenção, sabe? Então, eu tenho esperança de que a gente pelo menos tenha uma consideração um pouco mais social, nesse aspecto de solidariedade".
Ele disse que durante a pandemia refletiu bastante sobre o seu eu anterior. "Refleti sobre quem eu era antes da pandemia, as minhas atitudes e como isso tem refletido muito no meu pensamento, comportamento, das coisas que eu fazia e que hoje acho desnecessárias, do que eu podia fazer enquanto gasto financeiro, enquanto atitudes, enquanto relação com as pessoas", disse. "Tenho me questionado muito sobre o que acontecia antes e como vou construir um novo Silvero a partir disso".
Estresse pós-traumático coletivo
De acordo com o psiquiatra Luiz Sperry, é impossível que as pessoas passem por esse período sem ficar com uma marca importante. Mas o isolamento social e a quarentena são vividos de formas diferentes por cada um, por isso é difícil dar um diagnóstico de como será esse futuro e do quanto ele mudará a sociedade coletivamente.
"A gente não tem como saber o que vai acontecer no futuro, ainda está incerto demais. A gente achava que ia ser 30 dias, depois 45, depois, no máximo, 60 e já estamos há 120 dias nisso. Já tem uma vacina da Rússia, outro negócio ali, mas está muito longe", disse.
Para evitar o desconforto do incerto, ele sugere que não se pense no futuro. "O único jeito que eu consigo lidar com o futuro de longo prazo é não pensar nele. É farol baixo, pensar no dia a dia, uma coisa meio carpe diem", disse. O psiquiatra recomendou seguir uma rotina, cuidar do corpo e da mente, mas sem se desesperar com o que está por vir. "Se a gente fica colocando uma expectativa ali na frente, temos tudo para quebrar a cara, porque a gente não tem como prever".
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