OMS inicia conversas para obter mais informações sobre vacina russa
O escritório da Organização Mundial de Saúde (OMS) na Europa iniciou discussões com a Rússia para tentar obter mais informações sobre a vacina experimental de covid-19 que o país aprovou recentemente, chamada de Sputnik V.
Recentemente, a Rússia se tornou o primeiro país do mundo a licenciar uma vacina contra o coronavírus quando o presidente Vladimir Putin anunciou sua aprovação. Mas a vacina ainda não passou nos testes avançados normalmente exigidos para provar que funciona antes de ser licenciada, uma grande violação do protocolo científico. Autoridades russas afirmaram que a vacina proporcionaria imunidade duradoura à covid-19, mas não ofereceram nenhuma prova.
Catherine Smallwood, uma oficial sênior de emergência da OMS Europa, disse que a agência havia iniciado "discussões diretas" com a Rússia e que os funcionários da OMS têm compartilhado "as várias etapas e informações que serão necessárias para que a OMS faça as avaliações".
O diretor da OMS para a Europa, Dr. Hans Kluge, disse que a agência acolheu todos os avanços no desenvolvimento de vacinas, mas que todas devem ser submetidas aos mesmos ensaios clínicos.
A vacina da Rússia até agora só foi testada em algumas dezenas de pessoas, mas o país prometeu ampliar o teste para 40 mil pessoas a partir da próxima semana.
Kluge observou que a Rússia tem uma longa história de desenvolvimento e administração de vacinas, incluindo para febre amarela e poliomielite. "Essa preocupação que temos em relação à segurança e eficácia não é especificamente para a vacina da Rússia, é para todas as vacinas em desenvolvimento", disse Smallwood.
Ela reconheceu que a OMS estava adotando uma "abordagem acelerada" para o desenvolvimento de vacinas contra o coronavírus, mas disse que "é essencial não reduzirmos a segurança ou eficácia".
"Não estamos passando por um trabalho apressado de tentar tirar conclusões precipitadas aqui", disse Smallwood. "Queremos dedicar nosso tempo para realmente entender onde está a vacina e obter informações tão completas quanto possível sobre os passos que já foram dados."
Os cientistas dizem que testes avançados de uma vacina experimental em dezenas de milhares de pessoas é a única maneira de determinar se ela funciona ou não. Duas outras vacinas candidatas em potencial já começaram esses estudos nos EUA e em outros lugares, e exigirão que cerca de 30 mil pessoas recebam a imunização e sejam rastreadas posteriormente.
Autoridades russas disseram que os médicos podem começar a ser vacinados ainda neste mês e que as campanhas em massa podem começar em outubro.
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