Nevou no Sul: saúde pode ser prejudicada por causa das baixas temperaturas?
Sim. Bater os dentes, ficar com os pelos arrepiados e os dedos mais rígidos não são as únicas coisas que podem acontecer no frio. A saúde do coração também pode ser prejudicada com as baixas temperaturas, sabia?
A onda histórica de frio que chegou à região Sul nesta semana provocou neve e o registro de temperaturas abaixo de zero ao longo da noite de ontem e madrugada de hoje em cidades do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Em outros estados também está frio, embora não tenha nevado. Mas a sensação térmica não é o único problema.
No inverno, as temperaturas mais baixas podem reduzir a nossa temperatura corporal, causando hipotermia. O frio intenso também pode colocar em risco a saúde do coração, aumentando em 30% o risco de infarto e outras doenças. Além disso pode ocorrer um evento chamado de frostbite, que é uma lesão causada pelo frio.
No entanto, há quem parece não ligar muito para isso e prefere correr o risco. Esse é o caso de Eduardo André Viamonte, conhecido nas redes sociais como "Cara da Sunga". Ele participou do "Encontro com Fátima Bernardes" de hoje para explicar por que sai para correr só de sunga, luvas, touca e máscara no frio congelante em Porto Alegre. Nunca é demais ressaltar que tal atitude não é recomendada.
Entenda como o frio pode afetar a nossa saúde.
Atenção ao coração
De acordo com Paulo Chaccur, diretor de cirurgia cardiovascular no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em SP, e colunista de VivaBem, abaixo de 15 graus, o organismo precisa acelerar o metabolismo e trabalhar mais para manter o equilíbrio térmico, sobrecarregando o sistema cardiovascular, por causa do estreitamento dos vasos sanguíneos.
Esses vasos sanguíneos, diante da exposição ao frio excessivo, apresentam vasoconstrição generalizada, ou seja, se contraem demasiadamente, e acabam reduzindo o fluxo sanguíneo. Isso pode resultar em infarto (morte das células) agudo do miocárdio.
Além disso, o risco é maior para pessoas já portadoras de problemas cardiovasculares, como hipertensão arterial, arritmias cardíacas, diabetes e dislipidemias.
Frostbite
Como dito anteriormente, o frio intenso provoca uma vasoconstrição dos capilares (pequenos vasos sanguíneos), que se contraem e diminuem o fluxo de sangue para os tecidos do corpo. Em situações extremas, os capilares chegam a congelar, podendo formar microcristais de gelo em seu interior. Esse evento recebe o nome em inglês de frostbite, que significa, basicamente, lesão pelo frio. Nada mais é do que o congelamento da pele e do tecido logo abaixo dela.
Essas lesões costumam aparecer primeiro no nariz, orelhas e dedos dos pés e das mãos, sendo o primeiro sintoma sentir a pele gelada. Em seguida, vem o formigamento ou queimação. Quando a lesão progride, a região mais afetada fica dormente, pálida ou esbranquiçada. Esses hematomas podem até virar úlcera na pele, quando não tratados.
Hipotermia
Ela ocorre quando há redução da nossa temperatura normal, que varia entre 36 e 37ºC. Edmo Atique Gabriel, professor livre-docente na Unilago (União das Faculdades dos Grandes Lagos), especialista em cirurgia cardiovascular e também colunista de VivaBem explica que a produção de calor depende da alimentação, pois durante a ingestão e a metabolização, a temperatura corporal aumenta. Por isso pessoas desnutridas ou com transtornos alimentares estão ainda mais suscetíveis ao quadro.
A hipotermia promove a redução do fluxo sanguíneo para todos os órgãos do corpo. Com isso, as reações químicas tornam-se mais lentas, o metabolismo cai e, na dependência do órgão, algumas complicações podem levar a morte. Aqui vale destacar que em situações de inverno rigoroso, as pessoas mais expostas ao frio também apresentam maior risco de derrame cerebral ou AVC, devido à redução do fluxo sanguíneo insuficiente no cérebro.
*Com informações de colunas de Edmo Atique Gabriel em 3/5/2020 e Paulo Chaccur em 5/7/2020.
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