Ora-pro-nóbis é rica em proteínas e versátil nos preparos: saiba mais
Há na natureza um grupo pouco explorado na alimentação, ao menos pelos brasileiros, chamado de Panc (abreviação para plantas alimentícias não convencionais). Como o nome diz, são plantas comestíveis e geralmente muito ricas em nutrientes. Um dos representantes das Pancs é a ora-pro-nóbis (do latim, "rogai por nós").
Com folhas verdes escuras, é mais popular cobrindo cercas e muros do que compondo pratos no dia a dia. Desperdício, tendo em vista a riqueza nutricional. O estado de Minas Gerais é o local em que ela tem mais popularidade. Na cidade de Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte, há mais de 20 anos acontece um festival dedicado a ela.
A ora-pro-nóbis, apelidada de carne de pobre, ajuda a evitar o envelhecimento precoce da pele e das células, é aliada do bom funcionamento do intestino e ajuda a manter e a ganhar massa magra. E o melhor: é de fácil cultivo, propagação e resistente a mudanças climáticas. Para cultivar em casa, é necessário um espaço que bata luz solar.
Pode ser consumida in natura ou como matéria-prima para a elaboração de farinha, posteriormente utilizada como base para o preparo de bolos, tortas e pães. As flores funcionam como decoração em pratos e os frutos dão sabor a geleias e licores. Confira, abaixo, alguns dos nutrientes que se destacam na ora-pro-nobis e como aproveitá-los.
1. Ajuda na saúde intestinal
O consumo de ora-pro-nobis ajuda no bom funcionamento do processo digestivo. Isso acontece devido às fibras, cada 100 gramas da folha in natura contêm 4,88 g de fibra —já a versão em farinha chega a ter 39 g de fibra em uma porção de 100 g. A ingestão de fibras, atrelada a da água ao longo do dia, regulariza o organismo para idas regulares ao banheiro para fazer cocô —logo, minimiza-se o risco de constipação, formação de pólipos, hemorróidas e até tumores. As fibras também promovem saciedade, o que é importante para evitar a ingestão exagerada de comida.
2. Potencial anti-inflamatório e antioxidante
Essa Panc conta com compostos bioativos e compostos fenólicos. Essas substâncias estão presentes em alimentos de origem vegetal e, dentro no nosso organismo, tem ação antioxidante e anti-inflamatória —contribuindo para a regeneração do DNA e na prevenção de cânceres. Além disso, ajudam a manter a saúde intestinal e cerebral. Para se ter ideia, a quantidade de compostos fenólicos na ora-pro-nóbis é aproximadamente 4,5 vezes maior do que no almeirão.
O chá, feito a partir das folhas de ora-pro-nobis, tem função depurativa, sendo indicado para auxiliar em problemas inflamatórios, como cistite e úlceras. Também é útil para o tratamento e prevenção de varizes.
3. É aliada da saúde do bebê
Folhas verdes escuras costumam ter alto teor de vitamina B9 (ácido fólico). O ácido fólico é necessário para gestantes, pois ajuda a evitar problemas de má-formação com o bebê. A ora-pro-nóbis contam com alta concentração dessa vitamina (para cada 100 gramas, há 19,3 mg de ácido fólico). Mas lembre-se: a quantidade de vitamina que é essencial para cada gestante e como ministrá-la na rotina deve ser conversada diretamente com o médico de confiança.
4. Fortalece o sistema imunológico
A ora-pro-nobis conta com vitamina C em sua composição - necessária para manter o sistema imunológico fortalecido, evitando a presença de doenças oportunistas. Também é aliada dos cuidados estéticos da pele, evitando o envelhecimento precoce. Essa função é turminada com a presença da vitamina A, presente na planta. A vitamina A auxilia também na proteção da saúde dos olhos.
5. Alternativa para os vegetarianos
As proteínas são fundamentais para o funcionamento do nosso sistema imunológico, cerebral, ósseo e hepático, além de comporem a estrutura de nossos músculo, cabelos e unhas e pele. O apelido carne de pobre dada a ora-pro-nóbis se deve a quantidade de proteína que contém em sua farinha. Em 100 g da farinha há mais ou menos 20 g de proteína —esse valor é correspondente, por exemplo, a uma dose de whey protein ou a três ovos. Tem também o dobro do que apresenta a quinoa, que é celebrada como um superalimento.
Apesar da alcunha, a conversão de proteína quando se fala de um produto vegetal não é tão simples em comparação a uma carne. "Quando a gente pensa no teor proteico, precisamos considerar que é vegetal e, com isso, há vários fatores antinutricionais (substâncias que reduzem a absorção dos nutrientes pelo organismo). Por isso, não dá apenas para ingerir e achar que está equivalente. A conta é mais elaborada", fala a nutricionista Lícia D' Ávila. Portanto, procure ajuda de um especialista em nutrição.
6. É reforço para saúde do coração
A ora-pro-nóbis também dá show em cálcio e magnésio, minerais essenciais para a saúde cardiovascular, dos ossos e articulações, do intestino e do cérebro. Quando comparamos as quantidades com alguns vegetais convencionais, como o espinafre, a PANC pode apresentar até 34 vezes mais cálcio e 29 vezes mais magnésio, por exemplo.
Como consumir
A ora-pro-nobis pode ser consumida de diversas maneiras (crua, refogada) e na composição de muitos pratos (salada, sopas, tortas). Contudo, uma maneira de aproveitar, de fato, todos os nutrientes dela, é cozinhá-la com um pouco de água, entre um minuto e um minuto e meio. A água, após o término, deve descartada. Dessa maneira, diminuem os fatores antinutricionais. Embora haja a recomendação para ser incluída na dieta cotidiana, é importante prezar pela variedade de alimentos. A quantidade deve ser estabelecida com um profissional especializado.
Que gosto a ora-pro-nóbis tem?
A folha da ora-pro-nobis, que é a parte mais facilmente encontrada e em que os estudos são baseados, tem formato laminar e é lisa. O gosto lembra o da couve-manteiga. Ao morder, é possível sentir que ela é viscosa.
De onde vem tanta coisa boa?
As PANC, como a ora-pro-nóbis, são espontâneas e selvagens. Por esse motivo, utilizam todo o potencial de seu metabolismo primário e secundário, responsáveis pela produção de seus nutrientes e compostos ativos. Quando comparamos a ora-pro-nóbis com outras hortaliças convencionais, que são cultivadas em sistemas de monoculturas e sem a diversidade ambiental e do solo, as Pancs tendem a apresentar mais nutrientes.
Fontes: Edson Credidio, médico nutrólogo e clínico geral, doutor em Ciências de Alimentos e PhD em alimentos bioativos pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas); Lícia D' Ávila, nutricionista com especialização em nutrição funcional e em exames hematológicos pelo INA (Instituto de Nutrição Avançada) e curso de iniciação em fitoterapia pela USP (Universidade de São Paulo); e Neiva Souza, nutricionista, doutoranda pela Unifesp (Universidade Federal do Estado de São Paulo), especialista em fitoterapia, nutrição clínica funcional e nutrição esportiva funcional.
Referência: Livro Alimentos Funcionais na Nutrologia Médica, Edson Credidio (Editora Ottoni)
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