Carpinejar: "Precisamos ter prazer em nós mesmos, e não depender de likes"
No Conexão VivaBem desta terça-feira (1), o escritor Fabrício Carpinejar disse que as redes sociais são uma forma de mostrar o quanto as pessoas dependem da aprovação do outro, o que, para ele, é um caminho perigoso.
Ele contou que geralmente os textos que mais gosto são sempre os menos comentados. "Não vinculo a audiência à qualidade do texto. De modo nenhum. Há certas descobertas que elas não podem ser condicionadas à recepção, aos comentários, aos likes. A gente precisa ter um prazer em si mesmo, prazer da própria descoberta. Acredito que a gente só legitima uma descoberta, se o outro aprova. Isso é um caminho perigoso", disse.
Vazio versus redes sociais
Carpinejar disse que deveria se valorizar mais o vazio. Dosá-lo, segundo ele, faz com que se tenha consciência dos seus limites, da sua fragilidade, o que pode ser positivo. E isso deve ser levado inclusive para o modo como se é impactado pela socialização online.
De acordo com o psicanalista Lucas Liedke, o vazio sempre irá existir, com ou sem a rede social. "Sempre teremos uma falta que o outro não vai preencher completamente", disse. "Mas parece que em um ambiente das redes sociais é fácil você cair em uma coisa de migalhas de atenção, que são coisas que podem nos distrair muito de nós mesmos, nos alienar dos nossos desejos e isso vira uma grande socialização, até de talvez de muitos contatos, mas de pouca intimidade ou de pouca troca ou profundidade".
Mas Liedke disse que, mesmo com a expansão da internet, curiosamente, as pessoas em geral têm se sentido muito sozinhas, e não no sentido construtivo, mas realmente uma solidão. "No fim, por mais que você esteja conectado com as pessoas virtualmente, você está sozinho ali, em alguma medida. Então, é claro que o virtual é insuficiente. O físico também é, mas no virtual fica um pouco contraditório mesmo. O quanto a gente consegue estar tão conectado, mas ao mesmo tempo estar sentindo esse grande vazio, e talvez uma dificuldade de lidar com este vazio", refletiu.
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