Depois da Covid-19, o momento da reabilitação
No fim de março, o administrador de empresas Moisés Antônio Rodrigues, de 53 anos, teve os primeiros sintomas da Covid-19: tosse intensa, fadiga e febre. Com 85% dos pulmões comprometidos, foi internado e encaminhado à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, onde permaneceu 14 dias intubado. Recebeu alta 35 dias depois.
Mas não estava completamente recuperado. A doença deixou sequelas: persistência da fadiga e mobilidade reduzida causada por uma grande perda muscular. Era preciso fazer reabilitação.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 20% dos casos, a Covid-19 requer atendimento hospitalar por causar dificuldades respiratórias nos pacientes. Destes, 5% precisam de suporte ventilatório. Embora seja a primeira causa de internação, a doença pode ir além dos pulmões e causar trombose e danos aos rins e ao coração.
Com as complicações, o tempo de internação aumenta, o retorno à vida normal fica mais longe e muitas vezes o paciente precisa de sessões de fisioterapia e de acompanhamento médico para que o corpo volte a ter a mesma performance de antes.
A reabilitação tem a função de reduzir as sequelas causadas pelo coronavírus no organismo ou por um tempo longo de internação. Ela ajuda os pacientes a voltarem à rotina com qualidade de vida. "A avaliação deve ser global, ou seja, considerar a saúde física, nutricional, cognitiva e psíquica. A partir daí, é traçado um plano terapêutico que pode envolver desde fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e acompanhamento psicológico", explica a fisiatra Milene Silva Ferreira, do Hospital Israelita Albert Einstein. "Alguns precisam reaprender a ficar em pé", diz a especialista.
No caso de Moisés, por exemplo, as sessões de reabilitação serviram para devolver força aos músculos de forma que conseguisse voltar a respirar sem ajuda de um cilindro de oxigênio, segurar um copo e caminhar. "Perdi 14 quilos e muita massa muscular no período em que fiquei internado. Quando voltei para casa, não conseguia me manter sentado ou mexer no celular porque não tinha força", conta.
As sessões de fisioterapia e acompanhamento psicológico começaram antes mesmo da alta. Morador de Jundiaí, no interior de São Paulo, continuou o tratamento à distância, por telemedicina. "As sessões eram diárias, cinco vezes por semana com duração de uma hora. As profissionais eram muito dedicadas e acompanhavam todos os exercícios e minha evolução. Trinta dias depois consegui, graças aos exercícios, me desvencilhar do cilindro de oxigênio", conta o administrador.
Embora com menos frequência, a reabilitação tem ajudado pacientes com queixas de dores neuropáticas relacionadas à Covid-19. Caracterizada, na maioria das vezes, pela fraqueza, dormência ou dor nos extremos do corpo - pés e mãos, principalmente - elas são resultado de danos causados nos nervos sensitivos do Sistema Nervoso.
Milene lembra que a reabilitação pode ser indicada também para pessoas que tiveram a doença sem agravamento ou necessidade de internação. "A fadiga é altamente limitante, por isso orientamos que os pacientes estejam atentos aos sinais dela, como o cansaço extremo na realização de atividades simples, como varrer a casa".
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