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O que pode causar dores que se alternam entre minhas mãos, pés e quadril?

Daniel Navas

Colaboração para o VivaBem

01/09/2020 04h00

Chamado de dor articular migratória, esse problema pode estar relacionado a diversas enfermidades. O primeiro passo é saber em que faixa etária isso está acontecendo. Por exemplo, nas crianças, isto é, até os 16 anos de idade, a doença que mais apresenta esse sintoma é a chamada febre reumática, problema causado por uma infecção pela bactéria Streptococcus, e a artrite idiopática juvenil, que também se manifesta em uma ou mais articulações.

Já nos adultos - do jovem ao idoso - é importante identificar alguns pontos de atenção. Entre os principais é se a dor vem ou não acompanhada de febre, perda de apetite ou perda de peso, se tem sintomas urinários (micção constante ou infecção urinária), intestinais ou pulmonares. Todos esses fatores precisam ser identificados por um reumatologista. Isso porque a dor articular migratória, somada a esses outros sintomas, pode ser sinal de artrite reacional, que é uma doença infecciosa.

Além disso, em idosos, também pode ser osteoartrite, causada pela degeneração das cartilagens. Nos mais jovens, corre-se o risco de ser ainda artrite reumatoide, doença inflamatória crônica que pode afetar várias articulações e apresentar até um padrão migratório. Em adultos jovens, a artrite pode também ser secundária a outras patologias inflamatórias intestinais, como a doença de Crohn ou retocolite ulcerativa. Para alguns destes pacientes, a dor articular pode até surgir antes dos sintomas intestinais.

Durante a consulta com o reumatologista será analisada a história clínica do paciente e o médico pedirá exames físicos. Em alguns casos, testes complementares, como exames laboratoriais, ultrassonografia, ressonância magnética e radiografias podem ser solicitadas para se excluir outras causas.

O tratamento, claro, vai depender do diagnóstico, mas também do tempo e da intensidade dos sintomas. Mas, basicamente, as terapias indicadas envolvem medicamentos ou fisioterapia, fortalecimento muscular e exercícios de resistência. Tudo vai depender do grau da dor do paciente. E ao seguir o tratamento corretamente, nos casos da doença aguda, existem grandes chances de cura. Já para as dores crônicas, é preciso antes uma investigação, para saber a causa da dor —muitos dos problemas, como os neurológicos e reumatológicos, nem sempre apresentam cura, mas podem ter remissão e melhora importante dos sintomas.

É importante ressaltar que a dor é um aviso do corpo de que algo pode estar errado. Dores agudas podem ser resultado de pequenos traumas ou lesões. No entanto, quando ela é persistente, acaba se tornando uma doença. E não existe milagres no tratamento. Eles são prescritos, muitas vezes, de forma individualizada. Portanto, o que funcionou com alguém, não quer dizer que irá funcionar com outra pessoa. Mas independentemente disso, é preciso buscar ajuda médica para ganhar mais qualidade de vida.

Fontes: Adriano Scaff, neurocirurgião e mestre em cirurgia pelo departamento de cirurgia do HCRP-USP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo); José Roberto Provenza, presidente da SBR (Sociedade Brasileira de Reumatologia); e Marcus Yu Bin Pai, médico especialista em dor e acupuntura e pesquisador grupo de dor do departamento de neurologia do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).

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