TCC, gestalt, EMDR... Conheça 9 linhas de psicoterapia antes de escolher
Foi-se o tempo em que as pessoas acreditavam que só deve procurar um terapeuta quem passou por algum trauma ou tem um sério distúrbio mental. Atualmente, as sessões se tornaram ótimas aliadas para quem quer se conhecer melhor e, assim, lidar de maneira mais leve e adequada com o estresse, as frustações e os conflitos do dia a dia.
Existem várias linhas de trabalho e conhecê-las é importante para escolher um profissional para chamar de seu. Para ajudá-lo nessa missão, fizemos um resumo de nove métodos terapêuticos bastante utilizados.
Mas, independentemente da sua opção, nunca se esqueça de que o mais importante é ter empatia com o psicólogo ou o psicoterapeuta que irá tratá-lo.
1. Psicanálise
Essa linha foi fundada pelo neurologista e psiquiatra austríaco Sigmund Freud entre o final do século 19 e início do 20. Ela se baseia em fazer com que a pessoa tenha acesso a conteúdos que estão alocados no inconsciente, "região" da mente em que fortes emoções ficam guardadas.
"Para isso, nas sessões, que normalmente acontecem algumas vezes por semana, o paciente fica deitado em um divã e fala livremente, sem compromisso com qualquer lógica ou continuidade", conta Silvana Rea, diretora científica da SBPSP (Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo).
Cabe ao profissional analisar essas informações para desvendar o significado oculto desses conteúdos e como eles estão influenciando no indivíduo. Em alguns casos, o estímulo do analista precisa ser mais intenso e, então, o atendimento acontece face a face.
2. Psicologia junguiana ou analítica
Na terapia criada pelo psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl Gustav Jung, são utilizadas imagens arquetípicas —ou seja, que se manifestam na psique — sonhos, fantasias, manias e a ideia do inconsciente coletivo para compreender o que está sendo passado pelo paciente através da sua fala, que pode ser sobre o assunto que ele desejar. Assim, consegue-se entender o que está ligado àquela situação relatada, como experiências prévias, crenças, etc.
De acordo com a Associação Junguiana do Brasil, o processo leva a uma individuação do paciente. Com isso, ele integra aspectos conscientes e inconscientes, estabelecendo um equilíbrio entre seu mundo interno e externo e resgata a sua essência, vivendo de acordo com o que realmente é. Muitas vezes o terapeuta utiliza desenhos ou uma caixa de areia com miniaturas para ajudar nesse processo.
3. Psicodrama
Trata-se da utilização da arte dramática para levar a pessoa ao enfrentamento das suas dificuldades e ao aprendizado. Ou seja, ele encena situações que foram marcantes na sua vida.
"O foco das sessões, é o resgate da espontaneidade e da criatividade, ligadas à capacidade que todos têm de encontrar respostas novas para situações vividas", conta Lucio Guilherme Ferracini, presidente da ABPS (Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama).
"Quando estamos bloqueados dessa condição, os pensamentos e comportamentos são mecanizados, repetitivos e disfuncionais", acrescenta. Normalmente as sessões acontecem em grupo, já que os adeptos dessa linha acreditam que a resolução dos conflitos se dá através da relação com o outro.
4. Terapia cognitivo-comportamental
O objetivo nesse caso é analisar as atitudes do paciente para transformar reações automáticas em decisões conscientes. "O tratamento é focal e baseado em metas e o principal pressuposto é o de que as cognições, ou seja, os pensamentos e as crenças, influenciam nas emoções e comportamentos e que, se elas forem monitoradas, poderemos modificar as emoções e comportamentos subjacentes", diz Wilson Vieira Melo, presidente FBTC (Federação Brasileira de Terapias Cognitivas).
A técnica tem se mostrado muito eficiente no tratamento de fobias, síndrome do pânico, transtornos alimentares e transtorno de estresse. "É a terapia com maior número de ensaios clínicos que demonstram sua efetividade e, por isso, atualmente é o tratamento de primeira linha para o maior número de psicopatologias", afirma Melo.
5. Terapia cognitivo-construtivista
Nesse caso o foco são as emoções, que funcionam como mensageiras do que está acontecendo com o paciente. "Consideramos que a raiva, a tristeza e o medo são nossas emoções primárias e elas precisam ser analisadas para que de fato aconteçam mudanças, ao invés de forcarmos apenas no corpo e na mente do paciente", diz o psicólogo Cristiano Nabuco, que trabalha no Ipq do HC-FMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e é blogueiro do VivaBem. Segundo Nabuco, exames de tomografia do cérebro já mostraram sua eficiência e essa linha costuma apresentar resultados muito mais rápido do que as outras.
6. Lacaniana
O especialista que segue a teoria criada por Jacques Lacan, que teve Freud como seu principal mestre, faz nenhuma ou poucas intervenções durante a fala do paciente com o intuito de não influenciar ou contaminar o seu raciocínio lógico e subjetivo. Enquanto o analisado diz o que deseja, o especialista avalia outros detalhes, como os seus atos falhos durante o discurso, os seus sonhos e a sua forma de se comportar.
Outra diferença dessa linha é que o tempo das sessões é mais maleável, podendo levar alguns minutos ou até horas, enquanto as demais costumam seguir um padrão de cerca de uma hora semanal. Por todas essas razões, ela normalmente não é uma boa opção para quem está convivendo com situações urgentes que precisam de respostas rápidas.
7. Gestalt
Essa linha, que surgiu pelas mãos do médico alemão Fritz Perls e também é conhecida como terapia da forma, defende a teoria de que não se pode chegar ao todo através das suas partes, mas, sim, às partes por meio do conjunto. Por isso, ela estuda como nosso cérebro percebe as formas e entende que nossa percepção do mundo se dá como um todo e não por pontos isolados. Ela acredita que há duas características na forma, as chamadas sensíveis, que são inerentes ao objeto, e as formais, que incluem nossas impressões e estão ligadas aos nossos ideais e visões da realidade, e a união dessas duas gera a percepção. Em outras palavras, têm como foco as forças externas que são definidas como o objeto é literalmente enxergado pelo paciente e como ele analisa o que viu, relacionando com algo que já viveu e que está armazenado na sua memória.
8. EMDR
A sigla é proveniente da expressão em inglês que pode ser traduzida como Dessensibilização e Reprocessamento por meio de Movimentos Oculares. Isso significa que a ideia é levar o paciente a simular os movimentos que os olhos fazem durante o sono REM, que é a mais profunda, na qual os sonhos acontecem, os globos oculares se mexem rapidamente e há uma intensa atividade cerebral. A ideia é que, com isso, o paciente consiga construir um novo caminho para os eventos traumáticos, fazendo com que sejam processados e superados. Por essa razão, ela é muito indicada pera pessoas que enfrentaram situações extremas, como acidentes ou violência sexual, ou que estejam passando por problemas crônicos, uma depressão profunda, por exemplo.
9. Interpessoal
Trata-se de um tipo de terapia breve e focada, desenvolvida inicialmente para o tratamento da depressão, mas que foi adaptado para outros transtornos, como a síndrome do estresse pós-traumático. Segundo essa teoria, acredita-se que os transtornos mentais são resultado da interação de fatores biológicos e interpessoais. Isso significa que as pessoas que apresentam mais predisposição genética para esse tipo de problema, têm mais chance de desenvolvê-los ao enfrentar uma situação complicada.
Além disso, na terapia interpessoal é muito importante como a pessoa lida com o desejo de ser amado e ajudado e é considerado que a qualidade dos relacionamentos é mais importante do que a quantidade. O trabalho do profissional é principalmente ajudar o indivíduo a se comunicar bem e a conseguir procurar ajuda no seu meio social quando necessário.
Como encontrar o terapeuta ideal para você
- Peça indicações. Elas podem vir de pessoas conhecidas, profissionais de saúde ou do departamento de psicologia de uma universidade;
- A empatia é o ponto mais importante. Por isso, é essencial ter uma conversa com o profissional para ver como se sente em relação a ele;
- Converse previamente com ele em relação ao valor das consultas para saber se você poderá manter o tratamento pelo tempo necessário;
- Avalie também a distância do consultório, se a ideia for fazer o tratamento presencial;
- Continue analisando a forma como ele se comporta durante as sessões. O especialista deve forcar a sua atenção no paciente e nunca julgá-lo.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.