Fiocruz prevê atraso em estudo de vacina após 'reação adversa' em paciente
O infectologista e pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Julio Croda afirmou hoje que os testes da vacina contra o coronavírus testada pela fundação no Brasil e desenvolvida pela AstraZeneca devem atrasar após "reação adversa" em paciente no Reino Unido.
O recrutamento de novos pacientes está suspenso até que a farmacêutica estude o caso e entenda se a reação tem envolvimento com a vacina — que é desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford. A informação foi confirmada em comunicado da empresa divulgado pela rede de TV americana NBC. A natureza da questão de segurança e quando ela aconteceu ainda não são conhecidas.
"É necessário investigar se esse feito tem relação, causal direto a com a vacina e entender melhor esse processo", declarou Croda em entrevista à CNN.
"É bom alertar toda a população que não existe uma previsão de iniciar a vacinação. A gente precisa ter os resultados de eficácia, mas principalmente de segurança", disse.
Próximos passos
Segundo o infectologista, o processo de investigação deverá ser minucioso para compreender qual é a gravidade do evento e se ele pode ser relacionado com a vacina ou não.
Os testes são feitos de forma randomizada, isto é, não se sabe durante o processo quem tomou a vacina ou o placebo, e esse "cegamento" precisará ser levantado para identificar a qual grupo pertence a paciente que apresentou a reação.
"Inicialmente, vai abrir o cegamento para essa paciente específica, vai se verificar se ela tomou a vacina ou o placebo, e vai verificar se tem algum tipo de relação causal, temporal no quadro que ela apresentou", explicou Croda.
A Fiocruz agora aguardará o resultado desse levantamento para entender quais serão os próximos passos na testagem da vacina.
"Eles anunciaram a suspensão, então acredito que nesta semana teremos mais detalhes. Sem esses detalhes, é muito difícil prever qualquer ação específica de retorno do estudo e resolução desse problema, ou a interrupção completa do estudo", declarou.
Transparência dos dados
De acordo com a Fiocruz, a AstraZeneca fez o estudo em 1077 pessoas e não observou essa reação adversa severa identificada em um paciente do Reino Unidos. Em comparação, Croda citou que a vacina da Rússia — que teve seu primeiro lote liberado para a população hoje — foi testada com apenas 76 pessoas.
"Quantos menos pessoas tem no estudo, mais difícil é observar essas reações adversas graves menos frequentes", ressaltou o infectologista.
Ele contou que há uma variação dos níveis de credibilidade das vacinas nos diferentes países e reforçar a importância de se divulgar os dados sobre os testes para aumentar a confiança da população.
"É importante dar transparência, seriedade, mostrar se a vacina funciona, se apresenta efeitos adversos graves ou não", afirmou.
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