Dá para oferecer ajuda quando não se está bem? É preciso saber seus limites
É muito bom oferecer um ombro amigo, estender a mão a quem precisa, ser aquele apoio para os momentos difíceis. Ajudar promove uma sensação de satisfação e algumas pessoas têm certa vocação para isso. No entanto, não é possível ser forte e disponível em tempo integral. Às vezes, quem tanto oferece colo também pode sentir-se esgotado e não conseguir dar conta em oferecer ajuda sempre.
"Este foi um dos grandes problemas da atual pandemia. Como todos passaram pela dificuldade ao mesmo tempo, ficamos menos disponíveis para apoiarmos o sofrimento uns aos outros", exemplifica André Luís Masiero, psicólogo do Departamento de Atenção à Saúde da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos). E, segundo o especialista, se não estamos bem fica muito difícil oferecer ajuda.
Autocuidado é essencial
Para o psiquiatra Luan Diego Marques, professor colaborador da Faculdade de Medicina da UnB (Universidade de Brasília), é importante que os fortes consigam admitir as suas fragilidades. Ele exemplifica que as emoções podem ser comparadas a uma dor física, aquele machucado que em meio a adrenalina, a pessoa nem sente a dor. Mas, quando para ai sim consegue observar que machucou e sentir a real dor.
Em nossa vida emocional não é diferente, a intensidade e o excesso podem até fazer parecer que não estamos nos abalando, porém, quando deitamos a cabeça no travesseiro bate uma sensação de medo, angústia ou raiva Luan Diego Marques, psiquiatra
Por isso, o autocuidado é tão fundamental, pois ele contribui para que isso realmente possa ser revertido em prol do outro. "Temos de oferecer ao outro aquilo que temos e podemos oferecer", reforça Masiero. E se uma pessoa está bem, as chances em gerar energia para poder dividir com outros que precisam tende a aumentar.
Como dizer que não está bem?
De repente, essa disponibilidade é tão frequente que quando se vê, a pessoa já está escalada para socorrer. Nesse momento, é muito importante sermos honestos com a gente e com o outro. Afinal, nem sempre o outro irá perceber que a pessoa não está em condições de ajudar naquele momento. E não podemos nos exaurir para atender as demandas externas.
É importante mostrar aos demais os nossos limites, sem culpa. "Ver-se diante de uma limitação não é sinal de 'fraqueza' e essa tentativa de dar conta de tudo o tempo todo, faz muita gente sofrer e, ao final ela não se cuida e nem consegue cuidar do outro", acrescenta Masiero.
Portanto, sinalizar que precisamos recompor as baterias é muito saudável, e necessário. Para Marques, reservar um tempo para organizar as tensões, apostar em um hobby e ir gradativamente restabelecendo as forças é fundamental. "E se essas estratégias não forem suficientes, talvez seja hora de procurar ajuda profissional", diz.
Assuma as suas fraquezas
Durante a vida, somos sempre cobrados a sermos fortes e seguros e essa ideia acaba incorporada em nossa mente. Isso pode virar um padrão, um autoconceito. E quando nos deparamos com alguma limitação, podemos ter dificuldade em reconhecer que nem sempre estamos aptos para ajudar. Por mais que busquemos nos fortalecer sempre haverá um limite.
E em determinados períodos da vida podemos estar mais vulneráveis e indisponíveis para o outro. "Pausas são necessárias. As emoções não podem ser colocadas em uma balança, pois cada um tem a sua própria medida. Nunca temos certeza do quanto podemos suportar. As cobranças externas são comuns por isso é necessário aprender a dizer 'não' sem que isso se torne um peso", diz Masiero.
Não existe uma medida ideal para oferecer ajuda, mas a partir do momento em que ocorre algum tipo de fadiga, tristeza, ansiedade ou cansaço excessivo, é hora de parar um pouco e repensar. É muito saudável aprender a delegar tarefas, dividi-las e pedir ajuda.
Pequenos cuidados essenciais
Algumas medidas simples podem ajudar a revitalizar as energias, refletir sobre tais obrigações e considerar seus próprios limites. Invista em você!
- Tome um banho relaxante.
- Dê pausas para o almoço e para o lanche.
- Respire sem pressa.
- Durma bem e utilize aplicativos de meditação para ajudar a relaxar.
- Invista na divisão de tarefas e responsabilidades.
- Aprenda a expor suas emoções, sem culpa.
- Saiba dizer 'não' quando necessário.
- E permita-se pedir ajuda também. Ter um colo, um ombro amigo, uma palavra sincera são acalentos perfeitos para dar e receber. A vida é uma troca.
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