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Equilíbrio

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O que é o transtorno Borderline, do qual a peoa Raissa Barbosa sofre

Reprodução/RecordTV
Imagem: Reprodução/RecordTV

Giulia Granchi

Do VivaBem, em São Paulo

16/09/2020 10h37

Durante a exibição do programa A Fazenda na última terça-feira (15), a modelo Raissa Barbosa recebeu votos de oito participantes e foi uma das escolhidas para integrar a "roça", o que significa que ela poderá ser eliminada na primeira votação aberta ao público.

Após o programa ao vivo acabar, Raissa perdeu a paciência. Depois de socar o travesseiro e desabafar com outras participantes, ela foi questionar o voto de alguns dos homens que a elegeram para a berlinda. Durante a discussão rápida, a modelo chegou a jogar um copo de água no cantor Biel. "Vocês todos jogaram sujo, vocês todos me metralharam, cara! Eu tentei me aproximar do Lipe, dos dois boy lixo e o que eles fizeram?", disse, se referindo a Lipe e Biel.


No perfil oficial que representa a modelo no Twitter, após o episódio, os administradores publicaram um post dizendo que ela sofre de transtorno de personalidade Borderline e compartilharam uma reportagem do VivaBem sobre o assunto.

O que é o transtorno de personalidade Borderline?

De forma resumida, um transtorno de personalidade pode ser descrito como um jeito de ser, de sentir, de se perceber e de se relacionar com os outros que foge do padrão considerado "normal" ou saudável. Ou seja, causa sofrimento para a própria pessoa e/ou para os outros. Enquadrar um indivíduo em uma categoria não é fácil —cada pessoa é um universo, com características próprias.

Reconhecido como um dos transtornos mais lesivos, o "border" (apelido usado pelos especialistas) pode levar a episódios de automutilação, abuso de substâncias e agressões físicas. Além disso, cerca de 10% dos pacientes cometem suicídio.

Os pacientes diagnosticados com o quadro sofrem uma montanha-russa emocional, dificuldade em controlar os impulsos, e tendem a enxergar a si mesmo e aos outros na base do "tudo ou nada", o que torna as relações familiares, amorosas, de amizade e até mesmo a com o médico ou terapeuta extremamente desgastantes.

Muitos comportamentos de quem tem o transtorno lembram os de um jovem rebelde sem tolerância à frustração. Mas, enquanto um adolescente problemático pode melhorar com o tempo ou depois de uma boa terapia, o adulto com o transtorno parece alguém cujo lado afetivo não amadurece nunca.

Como é feito o diagnóstico?

A investigação é totalmente clínica, baseada em observações e relatos, já que não existem exames de sangue ou de imagem que permitam o diagnóstico. O indivíduo deve ser avaliado por um profissional de saúde mental qualificado, que irá analisar seu histórico e sintomas.

É importante saber diferenciar o borderline de outras condições, como transtornos mentais, efeitos de drogas ou mesmo problemas de identidade, comuns na adolescência. Nos pacientes mais jovens, a recomendação é que o diagnóstico só seja fechado após um ano com sintomas estáveis.

Tratamento

Se alguém com transtorno bipolar está num episódio de depressão ou de hipomania (alteração de humor), a crise pode ser normalizada com tratamento adequado. Já em um transtorno de personalidade, os sintomas estão mais enraizados.

A personalidade envolve não só aspectos herdados, mas também aprendidos, por isso a melhora é possível, ainda que seja difícil de acreditar no início. Se a psicoterapia é importante para ajudar o bipolar a identificar uma virada e evitar perdas, no transtorno de personalidade ela é o carro-chefe do tratamento.

Medicamentos ajudam a aliviar os sintomas depressivos, a agressividade e o perfeccionismo exagerado, e são ainda mais importantes quando existe um transtorno mental associado.

Os fármacos mais utilizados são:

  • Antidepressivos (como flluoxetina, escitalopram, venlafaxina)
  • Estabilizadores de humor (como lítio, lamotrigina, ácido valproico)
  • Antipsicóticos (como olanzapina, risperidona, quietiapina)
  • Em situações pontuais, sedativos ou remédios para dormir (como clonazepan, diazepan, alprazolan), que costumam ser até solicitados pelos pacientes, mas devem ser evitados ao máximo, porque podem afrouxar o controle dos impulsos, assim como o álcool, além de causarem dependência.

Nas crises, o paciente deve contar com uma equipe multidisciplinar, montada de acordo com cada caso e eventuais comorbidades. Ela pode incluir, além do terapeuta individual e/ou do psiquiatra, profissionais como acompanhante terapêutico, enfermeiro e até nutricionista.

*Com informações da reportagem de Tatiana Pronin, publicada em 16/04/2018.