Pandemia favoreceu alimentação saudável, aponta estudo
Uma pesquisa iniciada em janeiro, que vai monitorar 200 mil brasileiros ao longo dos próximos 10 anos e investiga possíveis associações entre padrões alimentares e risco de desenvolver doenças crônicas, detectou sinais de que a pandemia teve um efeito benéfico nos hábitos alimentares dos brasileiros, que passaram a consumir com mais regularidade alimentos saudáveis como feijão, frutas e hortaliças.
A pesquisa em questão é o Estudo NutriNet Brasil, iniciativa do Nupens/USP (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo), que foi gestada durante o desenvolvimento do projeto temático financiado pela Fapesp "Consumo de alimentos ultraprocessados, perfil nutricional da dieta e obesidade em sete países".
Por meio do NutriNet Brasil, indivíduos de todas as partes do país irão informar a cada três meses de que forma estão se alimentando e como está o seu estado de saúde, preenchendo um questionário na internet. O recrutamento de voluntários deve durar dois anos.
Atualmente, há quase 80 mil pessoas engajadas –menos da metade da meta–, mas resultados obtidos com os primeiros 10.116 participantes indicam que a frequência no consumo de alimentos saudáveis aumentou de 40,2% para 44,6% durante a pandemia.
"Nossa hipótese é de que, por conta do isolamento social, as pessoas passaram a comer mais em casa e a preparar a própria comida, melhorando seu padrão de alimentação", explica o epidemiologista Carlos Augusto Monteiro, da Faculdade de Saúde Pública da USP e coordenador do NutriNet Brasil.
Os resultados serão publicados em breve em um artigo na Revista de Saúde Pública, mas já estão disponíveis no repositório SciELO Preprints.
A mudança foi percebida porque um mesmo contingente de indivíduos respondeu a um conjunto de perguntas em dois momentos: no início de fevereiro, quando ainda não havia casos do novo coronavírus registrados no país, e em maio, quando as medidas mais severas de distanciamento social estavam em vigor.
O questionário indagou sobre o consumo no dia anterior de alimentos saudáveis –entre 18 tipos de hortaliças, 10 frutas e 3 leguminosas (feijão, lentilha e grão-de-bico)– e também 23 tipos de alimentos ultraprocessados considerados marcadores do consumo alimentar não saudável, como refrigerantes, salgadinhos de pacote, barras de cereal, nuggets, macarrão instantâneo e pizza congelada.
Inquéritos realizados pela internet têm uma dificuldade natural de atingir amostras representativas de toda a população, uma vez que pessoas com melhores condições financeiras e com acesso fácil à rede tendem a participar de forma mais intensa do que as menos privilegiadas.
"Apesar dessas limitações, esse tipo de pesquisa fornece informações de forma mais ágil e barata do que outras metodologias e consegue obter dados de um conjunto muito maior de pessoas", explica o pesquisador. É possível se cadastrar para participar do projeto no endereço https://nutrinetbrasil.fsp.usp.br.
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