Videoconferências e home office ajudam a retomada das cirurgias plásticas
Em julho deste ano, a youtuber Gabi Prado fez um desabafo nas redes sociais, após ser criticada por uma cirurgia plástica realizada em meio à pandemia: "Perdi oito quilos, minha autoestima, e agora que saí para fazer um procedimento estético que me devolveu um pouco disso, tenho que ser ridicularizada na internet?", protestou a influencer, com uma justificativa legítima para a queixa contra o seu cancelamento virtual. Afinal, assim como ela, uma série de personalidades também aproveitaram a pausa nas aparições públicas, nos últimos meses, para realizar procedimentos estéticos, especialmente faciais.
E a tendência não se resumiu àqueles que estão em constante aparição na mídia. Com o aumento das videoconferências, pessoas "comuns" também passaram a se enxergar com mais frequência, e, consequentemente, estão buscando corrigir algumas "imperfeições" observadas na tela: "As pessoas começaram a se olhar mais e, também, a se incomodarem com a aparência, percebendo que estão com um olhar cansado, por exemplo", constata o cirurgião plástico Felipe Coutinho, presidente da Regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP-SP).
De acordo com Coutinho, desde o fim da suspensão para as intervenções eletivas, em junho, a busca por procedimentos estéticos está retomando gradualmente o movimento pré-pandemia. Nesse período, dois tipos de procedimentos começam a se destacar pela procura: a rinoplastia (que envolve a estrutura nasal para melhorar a estética ou a respiração) e a blefaroplastia (remoção da pele enrugada das pálpebras). Ambos, segundo o cirurgião, um reflexo da experiência vividas nos meses de confinamento:
"As rinoplastias, particularmente, tiveram procura maior nos últimos meses. Isso porque um dos problemas desse procedimento é o pós-operatório, pois você pode ficar com o nariz inchado, ter uma equimose roxa, e, com o uso da máscara, tudo isso ficou camuflado, os pacientes puderam fazer a cirurgia sem se expor no pós-operatório", observa.
Coutinho acrescenta que, para quem pretende fazer um procedimento leve neste momento, alguns cuidados devem ser tomados, mas não há motivos para maiores preocupações: "Procedimentos mais leves [como a rinoplastia, a blefaroplastia ou pequenas lipoaspirações] não interferem na imunidade do organismo. São procedimentos que não exigem internação e não colocam um risco maior de contaminação no pós-operatório", explica.
Confira abaixo a entrevista com o cirurgião plástico Felipe Coutinho, presidente da SBCP-SP.
Houve aumento da procura por cirurgias plásticas durante a pandemia?
O que temos observado é uma retomada gradual desde junho, quando terminou a suspensão para as cirurgias eletivas. Mas nada que possa ser considerado um "boom", como alguns estão dizendo. Talvez algumas clínicas tenham, sim, registrado um movimento maior, porém, esses podem ser considerados casos isolados. De maneira geral, o movimento tem voltado gradualmente.
Quais são as recomendações para quem pretende fazer uma cirurgia plástica neste momento?
A recomendação é que se realize apenas aquelas de menor porte, como rinoplastia, blefaroplastia (remoção da pele enrugada das pálpebras), pequenas lipoaspirações. São procedimentos que não exigem internação e não colocam um risco maior de contaminação no pós-operatório.
Já as cirurgias combinadas - como mama, abdômen e lipoaspiração associados - devem ser evitados neste momento. Isso porque elas exigem uma recuperação mais longa, na qual o paciente vai precisar do auxílio de uma pessoa no pós-operatório. E esse contato, consequentemente, vai aumentar o risco de contágio, pois o organismo do paciente estará em estado de recuperação, com uma queda natural na sua imunidade.
Também devem evitar fazer cirurgias - mesmo as mais leves - pessoas que estejam em algum grupo de risco: maiores de 60 anos, hipertensos, diabéticos ou que tenham históricos de doenças pulmonares.
O fato de estarmos em meio à pandemia da Covid-19 requer um cuidado especial pós-operatório?
Esses procedimentos mais leves não interferem na imunidade do organismo, então, o paciente deverá ter os mesmos cuidados do que qualquer outra pessoa: usar máscaras, higienizar as mãos, evitar aglomerações etc.
É importante esclarecer que o risco de infecção dentro de um hospital qualificado é menor. Essas organizações possuem estrutura para diminuir o risco de contágio durante a internação, com checagem completa para que internação seja segura. Os grandes hospitais fazem o PCR (exame para a detecção do novo coronavírus) com internação pré-operatória de 24 a 48 horas para certificar que o paciente está indo para a cirurgia sem o vírus.
A preocupação é com a recuperação em casa, quando não temos mais controle sobre a rotina do paciente. Mas, como disse, para os procedimentos leves, os riscos de contaminação são os mesmos do que quem não tenha passado por nenhuma cirurgia.
E quais têm sido as cirurgias leves mais procuradas?
As rinoplastias, particularmente, tiveram procura maior nos últimos meses. Isso porque um dos problemas desse procedimento é o pós-operatório, pois você pode ficar com o nariz inchado, ter uma equimose roxa, e, com o uso da máscara, tudo isso ficou camuflado, os pacientes puderam fazer a cirurgia sem se expor no pós-operatório.
Outra cirurgia bastante procurada foi a blefaroplastia, que é a remoção da pele enrugada das pálpebras. Essa é uma tendência que tem muito a ver com exposição excessiva às videoconferências, pois as pessoas começaram a se olhar mais e, também, a se incomodarem com a aparência, percebendo que estão com um olhar cansado, por exemplo.
As experiências vividas na pandemia motivaram a procura por cirurgias plásticas?
A possibilidade de fazer home office permite que a recuperação seja feita mais confortável. Além disso, depois que as pessoas viram que a pandemia se prolongaria, elas começaram a pensar em investir nesses procedimentos o que gastariam em uma viagem, por exemplo.
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