Bolsonaro fará cirurgia para tirar pedra na bexiga; entenda o procedimento
O presidente Jair Bolsonaro passará por uma nova cirurgia hoje (25). Dessa vez para a retirada de um cálculo na bexiga. O procedimento será realizado no Hospital Israelita Albert Einstein, na zona sul de São Paulo, pelo urologista Leonardo Lima Borges, acompanhada pelo cardiologista Leandro Echenique —essa é a sexta cirurgia a qual o presidente se submete desde 2018.
Antônio Macedo, médico responsável pelas últimas cirurgias do presidente, afirmou à Reuters no último final de semana, que o cálculo vem causando um "ligeiro incômodo". Ele também disse que Bolsonaro deverá ficar internado, no máximo, até domingo. De acordo com o presidente, a pedra está lá há mais de cinco anos e seria maior que um grão de feijão.
Como se forma um cálculo na bexiga?
O nome da doença é litíase urinária. Ela é caracterizada pela presença de pedras (cálculos) em qualquer ponto da via urinária, como nos rins, na bexiga e nos ureteres —que é o canal que liga o rim à bexiga. A doença ocorre, principalmente, pela má alimentação, falta de hidratação e predisposição genética.
A formação de cálculos na bexiga pode acontecer em homens e mulheres, mas é um problema predominantemente masculino, porque a próstata pode estar aumentada e atrapalhar o esvaziamento completo. Isso costuma acontecer com pessoas mais idosas.
"Essa sobra faz com que a urina que fica ali represada acabe agregando cristais, que estão presentes na urina, tornando-a mais concentrada e a partir dessa agregação de cristais vão se formando as pedras na bexiga", explica Antonio Corrêa Lopes Neto, urologista do HCor, responsável pelo departamento de litíase e endourologia da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) e chefe do grupo de litíase urinária e endourologia da Faculdade de Medicina do ABC.
Há também as pedras que se formam nos rins, acabam descendo pelo ureter e chegam na bexiga. Durante essa "descida" a pessoa pode sentir bastante dor, mas quando essa pedra chega na bexiga, geralmente é eliminada naturalmente por não ser muito grande. Na maioria das vezes, pedras na bexiga de até 1 cm são eliminadas espontaneamente pelo corpo.
No entanto, se a pedra foi formada na própria bexiga e tem mais de 1 cm, a tendência é que ela fique no órgão e, em contato com os elementos químicos da urina, vai aumentando de tamanho, podendo chegar a pedras bem volumosas.
A pedra na bexiga pode vir acompanhada de sintomas como ardência ao urinar, sangramento ou até interrupção do jato urinário, ou seja, a pessoa está urinando normalmente e, de repente, a urina cessa, sem que tenha sido totalmente eliminada. Esse bloqueio acontece justamente por causa da pedra, que entope o canal.
"Uma pessoa que teve pedra um dia na vida, fez tratamento e se livrou dela, tem 50% de chance de ter uma outra pedra dentro de cinco anos. Isso a gente chama de recidiva, é uma doença recorrente", alerta Lopes.
Como é o tratamento?
Caso o cálculo não seja eliminado pelo próprio organismo, há duas formas de retirada: a primeira é um procedimento endoscópico minimamente invasivo, sem necessidade de corte, em que o especialista introduz um aparelho com uma câmera pela uretra e consegue visualizar a bexiga por dentro.
Em seguida, por esse mesmo aparelho, o médico coloca uma fibra de laser, dispara uns impulsos nas pedras e elas começam a ser fragmentadas em pedaços minúsculos. A partir daí, a bexiga é lavada e esses fragmentos são completamente aspirados. Essa é a forma mais comum para retirada dos cálculos, mesmo aqueles que não são tão pequenos.
"O segundo procedimento é feito com um pequeno corte na região inferior do abdome, e daí você abre a bexiga e tira a pedra por cima", explica Alex Meller, urologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e do Hospital Israelita Albert Einstein (SP).
Essa cirurgia, porém, só é realizada quando as pedras são muito grandes. Nesses casos, o paciente precisa ficar ao menos cinco dias com uma sonda urinária, para que a bexiga possa cicatrizar, mas essa situação não é habitual.
Os especialistas explicam, ainda, que ao descobrir a presença de um cálculo na bexiga é preciso que ele seja removido, mesmo se não estiver causando incômodo, porque trata-se de um corpo estranho dentro do órgão.
Além disso, essa pedra pode ser áspera e ficar raspando no revestimento interno da bexiga. Com o tempo, a agressão contínua pode causar ferimentos e até lesões mais graves.
Como será a cirurgia do presidente?
A secretaria de comunicação do governo não explicou qual será o procedimento adotado para a retirada do cálculo. "Mas, certamente, sendo uma pedra um pouco maior do que um grão de feijão, a cirurgia vai ser pela uretra, por via uretral. É uma cirurgia relativamente fácil, em que o paciente faz a cirurgia hoje e no dia seguinte pode ir embora e está urinando espontaneamente, tudo normal", afirma o urologista do HCor.
Nesse caso, não há risco para o paciente, mesmo que tenha passado por cirurgias anteriores, como ocorreu com Bolsonaro. Entretanto, se o cálculo for grande e realmente houver a necessidade de uma cirurgia convencional, com corte no abdome, o procedimento torna-se mais delicado para o presidente, devido às cirurgias anteriores, que manipularam o seu abdome.
Nesse caso, os médicos precisam ter um pouco mais de cuidado ao manusear as alças intestinais para afastar o intestino, expor a bexiga de forma segura e depois fechar novamente.
"Quando você faz uma cirurgia no abdome, as alças do intestino podem grudar na bexiga, lá embaixo, com isso torna-se realmente mais desafiador você abrir para retirar a pedra, porque você pode ter alguma aderência no intestino e na hora de abrir a bexiga, pode ter um acidente, porque quando você faz uma cirurgia, muitas vezes fica tudo grudado naquela região e daí quando você abre, se não tiver cuidado, pode machucar o intestino", descreve Meller.
Ainda assim, os especialistas afirmam que não é um procedimento cirúrgico arriscado.
É possível prevenir a formação das pedras?
Sim, algumas medidas são importantes para ajudar na prevenção da doença:
- Beba bastante líquido;
- Reduza o sal na alimentação;
- Reduza o consumo de carne vermelha;
- Fique atento a obesidade, pois a doença facilita formação de pedras.
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