Pasternak: "Flexibilização não significa liberou geral nem pânico total"
Nesta sexta-feira (09), o UOL Debate reuniu três especialistas para discutir as consequências da flexibilização do isolamento social devido à pandemia da covid-19. Participaram da discussão: Edson Aparecido, secretário municipal da saúde de São Paulo; Natalia Pasternak, doutora em microbiologia e presidente do Instituto Questão de Ciência e Carmita Abdo, psiquiatra, sexóloga e professora da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
A mediação ficou por conta de Jairo Bouer, colunista de VivaBem. Ele é psiquiatra formado pela Faculdade de Medicina da USP e bacharel em biologia pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
Segundo Pasternak, há várias razões que apontam para a queda de casos e mortalidade da covid-19. "Tivemos a colaboração de boa parte da população que seguiu o isolamento e adotou as medidas de segurança como uso de máscaras. Outro fator que contribuiu foi a progressão natural da doença, ou seja, agora menos pessoas estão suscetíveis ao vírus".
Mas, de acordo com a especialista, é importante deixar claro que ainda é preciso cuidado. "A flexibilização da quarentena não significa o fim da pandemia. Uma hora vai acabar, não dura para sempre, o vírus vai deixando de circular. Mas ainda não chegamos nesse momento".
Aparecido concorda e afirma que, apesar de algumas regiões de São Paulo entrarem na fase verde do Plano São Paulo, que aumenta a flexibilização das medidas restritivas decretadas por causa da covid-19, ainda é preciso cautela. "Estamos em uma fase decrescente, mas ainda precisamos ficar atentos. Não podemos baixar a guarda, é preciso acompanhar o que está acontecendo, como anda a evolução do vírus. Por isso, até que a vacina chegue, todo cuidado é pouco. O uso de máscaras e cuidados de higiene são atitudes fundamentais", completa o secretário.
E Abdo destacou a importância da saúde mental durante e após a pandemia. "Com o risco da doença vieram sentimentos de insegurança, medo, além do isolamento e acúmulo de tarefas. Muita gente se desestabilizou emocionalmente e não conseguiu fazer o acompanhamento médico. Aumentaram os casos de depressão, ansiedade e atitudes agressivas", diz.
A psiquiatra acredita que a flexibilização pode fazer alguns saírem de forma desarvorada para as ruas e sem os cuidados devidos. E quem está apavorado pode desenvolver um pânico, não conseguindo sair de casa. "O estresse pós-traumático vai começar a aparecer. Não quero fazer alarde, a notícia boa é que você não é uma exceção, mas uma regra", afirma.
Para Pasternak, o momento exige conscientização. "Tenho muito medo do liberou geral, de as pessoas acharem que a pandemia acaba por decreto sem antes combinar com o vírus. Jamais iria a um cinema ou teatro agora, num local fechado, com ar-condicionado, que é bastante propício para o contágio. O que a gente precisa é que as pessoas continuem colaborando com as medidas preventivas. Não é liberou geral, mas também não é um pânico total", completa.
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