Ingerir suplemento de ácido hialurônico realmente faz bem para a pele?
O cuidado com a pele se transformou, nos últimos anos, em uma verdadeira maratona para muitos brasileiros. Com tal interesse crescente, novidades desembarcam no país como nunca. Após a popularização das escovas sônicas, para a limpeza facial, ou dos dermocosméticos, que colorem a pele enquanto nutrem e reparam, agora ronda o desejo dos amantes do skincare a suplementação com o ácido hialurônico.
"Este suplemento teve, no Brasil, sua liberação para a comercialização em janeiro de 2019. Por via alimentar, ele atua no corpo em sua totalidade e não apenas em uma determinada região, como a pele, por exemplo", diz Maiara Souza, nutricionista mestre em ciências da saúde pela UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro).
Com o início das vendas em solo nacional, porém, muitos foram os que investiram no ativo como se ele fosse um verdadeiro milagre para a face e o colo, mas ainda existem dúvidas sobre quem pode tomar ou indicar o produto.
Especialistas explicam então os principais pontos sobre o consumo do polissacarídeo que ganhou fama no mundo através de seu uso tópico (em séruns) ou injetável (dando volume para a boca e na harmonização facial).
O que é?
O ácido hialurônico é produzido naturalmente em nosso organismo. Ele tem grande papel na manutenção saudável da pele, dos olhos e de nossas articulações. Como suplemento, é uma forma de repor o ácido que vai diminuindo, em termos de produção e quantidade, com o nosso envelhecimento.
"Os suplementos são desenvolvidos em laboratório, imitando o ácido que compõe a matriz extracelular, que é o espaço entre as células. Ele ajuda na hidratação, majoritariamente, e no equilíbrio sistêmico ao permitir trocas entre íons necessários para manter o corpo saudável", diz Daniel Dziabas, dermatologista especialista pela SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).
O ácido hialurônico via oral pode ser encontrado em cápsulas, a granel ou em sachês. Ele é vendido em lojas especializadas e em farmácias, sem a necessidade de receita.
Indicações
O suplemento de ácido hialurônico contribui para a diminuição de linhas finas, flacidez e manchas de pele. Além disso, melhora a hidratação do corpo e ajuda em processos de cicatrização.
Indo além dos benefícios para o nosso maior órgão, ele começa a ser um caminho interessante para diminuir dores nas articulações, em pacientes com osteoartrite, por exemplo. Reduz também a degradação da garganta, em pessoas que sofrem com refluxo. Estudos sobre os benefícios do suplemento para a saúde dos ossos mostram um cenário positivo, em cobaias e in vitro. Ainda não foram divulgados resultados efetivos em humanos.
Contraindicações
O produto, até o momento, não tem efeitos colaterais graves conhecidos pela ciência. Entretanto, é bom evitar o consumo se você estiver passando por tratamentos contra um câncer e por pacientes com sensibilidade a qualquer componente da fórmula.
Grávidas e lactantes devem ter o aval de seu obstetra ou ginecologista para usar o ácido hialurônico via oral. Ele não é indicado para crianças.
Tratamento
A prescrição é tomar uma cápsula de ácido hialurônico por dia, durante alguma refeição. "Não é aconselhada a ingestão de mais de uma dose, pois não há comprovação de que o corpo consiga absorvê-la", diz Geisa Costa, especialista em dermatologia, membro da Sociedade Latino Americana de Dermatologia Pediátrica.
O consumo ocorre por um período determinado. Em média, por três meses. "É importante ressaltar que o estilo de vida e a suscetibilidade individual podem influenciar nos resultados. Isso porque existem diversos fatores que os afetam, positiva ou negativamente, tais como a saúde intestinal, a alimentação, o tabagismo, o consumo de álcool e a exposição solar", diz Claudia Coral, farmacêutica especialista em ativos.
Quem indica?
O ácido hialurônico pode ser indicado por dermatologistas, nutricionistas e nutrólogos. É importante que o paciente consulte sempre um profissional de saúde para acompanhamento, orientação, adaptação de doses, associação com outros ativos, formulações tópicas e procedimentos estéticos.
"Eu recomendo, normalmente, que os pacientes façam essa suplementação por, pelo menos, 90 dias. Indico, principalmente, naquele período do ano em que eles façam técnicas para estimular colágeno e o ácido hialurônico. Ou seja, laser, radiofrequência, ultrassom microfocado ou bioestimuladores de colágeno", diz Dziabas. Segundo o especialista, dessa forma os procedimentos podem ter um resultado mais otimizado e duradouro.
Exame prévio
Não existe um exame específico que dose o ácido hialurônico no corpo humano, para saber se precisamos ou não suplementá-lo. O ideal é que ele seja prescrito por um profissional de saúde.
Suplemento x cremes x preenchedores
As características de um produto mudam conforme sua aplicação. Quando usamos o ácido hialurônico via oral, ele passa pelo estômago e sofre ação do suco gástrico, sendo absorvido no intestino. Seu uso é para beneficiar a hidratação do corpo como um todo.
Quando injetado, o ácido hialurônico está em uma solução em concentração específica e fundido com outros produtos. Ele dá, em boa parte dos casos, volume para uma área interna específica.
Já nos cremes e séruns, ele tem um peso molecular distinto, também agindo localmente, mas na parte externa da pele. Seu foco é a hidratação local e superficial.
Fontes: Geisa Costa, médica especialista em dermatologia, membro da Sociedade Latino Americana de Dermatologia Pediátrica e membro da Sociedade Brasileira de Laser; Maiara Souza, nutricionista mestre em ciências da saúde pela UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro); Claudia Coral, farmacêutica especialista em ativos, de Campinas (SP); Daniel Dziabas, especialista pela SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia); e Giselle Canavaci, gerente de produtos da Dermage.
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