Tumores pediátricos são 'paralisados' após modificação no DNA, diz estudo
Uma pesquisa realizada em células de tumores no sistema nervoso central mostrou que é possível "paralisar" a progressão da doença, que atinge crianças e adolescentes, usando um medicamento que altera a forma como o material genético se expressa nas células.
O estudo, publicado na revista Frontiers, foi realizado por pesquisadores do Instituto do Câncer Infantil (ICI), Hospital de Clínicas de Porto Alegre, UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e do Hospital for Sick Children, de Toronto, no Canadá.
Recentemente, descobriu-se a epigenética, que está acima da genética, e controla a expressão do gene. Isso significa que agora é possível regular o gene, mesmo que haja mutação no DNA.
Hoje já existem algumas medicações que podem silenciar o DNA e fazer com que a mutação não se expresse. Nesse estudo, os pesquisadores utilizaram, pela primeira vez, um desses medicamentos —usado para tratar esclerose múltipla—, para o tratamento de um câncer no sistema nervoso central.
Esse tipo de câncer é agressivo, difícil de ser tratado e causa a morte de muitas crianças. "Nós usamos essa medicação e vimos que ela tem mecanismos que vão além do que está recomendada. Usamos para fazer o silenciamento epigenético no gene que controla o crescimento do tumor. Isso foi feito em células, não em pacientes", explica André Brunetto, oncologista e coordenador do Centro de Pesquisas do Instituto do Câncer Infantil.
Como é possível modificar a mutação de um gene?
O DNA é responsável por produzir funções, atividades ou proteínas para o nosso corpo. "Nós temos o DNA que está no núcleo da célula, ele fica todo envelopado, empacotado e assim não faz nada", diz Brunetto.
Quando existe um câncer, muitas vezes, ocorrem mutações em níveis de DNA que fazem com que ele se modifique. Há genes que têm funções dentro das células, e também os que são controladores, que fazem com que esses genes possam ou não se manifestar. Sendo assim, sempre que há uma alteração genética dentro da célula, tem um comando que vai no núcleo e faz com que ela produza proteínas e dê sinais de crescimento celular, invasão, metástase e outras coisas.
"Então, aquela célula recebe um sinal que é propagado para todo o corpo e o tumor começa a crescer e ir para outros lugares. E, invariavelmente, esse tumor não responde aos sinais que o corpo dá para ele parar, fica desregulado e essa célula fica autossuficiente, e acaba tomando conta e crescendo. Por isso que essas crianças vão a óbito", explica o especialista.
Mais estudos são necessários
É importante ressaltar que esse estudo ainda está na fase inicial e não se fala em cura por que o tratamento de câncer pode envolver várias medicações, cirurgia, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia e por aí vai.
"Um coquetel é feito para aumentar a chance de cura. Então, quando descubro uma nova forma de tratar o câncer, tenho que levar isso para os estudos clínicos para saber se a adição desse novo tratamento vai ou não aumentar as chances de cura", ressalta o oncologista.
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