Conhece alguém egoísta? Veja 9 dicas para melhorar relação com quem é assim
Resumo da notícia
- Existem diferentes níveis do egoísmo, que vão desde ter pouca empatia com os outros até passar por cima dos colegas de trabalho, por exemplo
- Pessoas egoístas, em geral, acreditam ser donas da razão. Por isso, confrontá-las é o primeiro erro ao tentar uma convivência melhor
- Dialogar e saber ouvir é essencial, mas sem se colocar em uma posição de "capacho"
Todo mundo é capaz de citar, em linhas gerais, as características de um egoísta: alguém que só pensa em si mesmo e nas próprias necessidades e se coloca, na maioria das vezes, em primeiro lugar, desconsiderado os demais, mesmo que os magoe. Existem diferentes níveis do egoísmo, que vão desde ter pouca empatia com os outros até passar por cima dos colegas de trabalho, por exemplo, em prol daquilo que deseja.
Nem sempre lidar com egoístas é uma questão de escolha. Além de colegas de trabalho, elas podem fazer parte da nossa família, do nosso círculo de amizades e até mesmo dividir a cama e a vida conosco. Para tornar esse convívio o mais tranquilo possível, primeiro é preciso entender quando e como o egoísmo se desenvolve.
Até os cinco anos de idade, a criança vivencia a fase conhecida como egocentrismo, em que ela é centrada em si mesma, por ainda não ter a noção de que em diversas situações é preciso se colocar no lugar do outro. Cabe aos adultos —pais, cuidadores, professores — fazer a mediação entre a criança e o mundo, mostrando através das experiências que volta e meia é preciso esperar, emprestar, ceder. Se isso não ocorre, os pequenos crescem mimados e certos de que só o seu contentamento deve prevalecer.
Mas o egoísmo também pode se moldar de outra forma. Uma criança que em repetidas situações não teve suas necessidades de conforto e segurança emocional atendidas pode aprender que não pode contar com o outro, apenas consigo mesma. Ela, então, busca satisfazer a si mesma de forma prioritária —uma atitude que, socialmente, é tida como egoísta.
Pessoas assim escondem fraquezas e vulnerabilidades e deixam de se sensibilizar com as vontades alheias, em muitos casos sequer as percebendo, e apresentam grandes dificuldades em se doarem e reconhecerem erros. Em geral, elas não se reconhecem como tal e acreditam ser donas da verdade e da razão. Por isso, bater de frente ou confrontá-las é o primeiro erro ao tentar neutralizá-las e/ou passar a conviver melhor com elas. Para combater o risco de qualquer animosidade, siga essas dicas:
1. Não devolva com outra atitude egoísta
Não apele para a vingança ou faça planos de dar o troco, pois você estará agindo da mesma maneira —e a situação não se resolverá. Coloque esse traço de personalidade em perspectiva. Ao compreender que o início do egoísmo pode estar relacionado com uma falha de segurança emocional, é possível entender que ações reativas a qualquer comportamento egoísta devem ser evitadas, pois só reforçarão o repertório individualista.
2. Converse sobre como a pessoa egoísta percebe a relação
Essa estratégia é uma maneira de encorajar o indivíduo, aos poucos, a ter outras conversas relacionais para acertarem o que for preciso. Quando houver chance para um diálogo mais profundo, lembre-o de que o mundo não gira em torno dele. Fale mais alto e converse, sem parecer que você o está atacando. Por exemplo, em vez de gritar "Você nunca me escuta" ou "Você sempre faz tudo apenas por você", tente dizer "Eu realmente preciso falar sobre algo que está me incomodando. Você estaria disposto a me ouvir?".
3. Dê a si mesmo a atenção que você merece
Pessoas egoístas anseiam por sua atenção, mas não lhe dão nenhuma. Por isso, dê a si mesmo a atenção que precisa. Isso vai fortalecer você emocionalmente. Não se deixe levar por chantagens emocionais nem alimente a raiva. Alivie qualquer sentimento ruim que você possa ter em relação aos egoístas, concentrando-se na pessoa que você é nas qualidades que têm.
4. Reassegure a segurança emocional
Faça isso com falas que demonstrem importância sobre o vínculo afetivo. Porém, não deixe de mostrar que as suas necessidades também são importantes. Fale sobre o que sente de um jeito que seja firme e compreensível.
5. Conecte-se através da vulnerabilidade
Tenha em mente que a mania de se achar forte emocionalmente e dono da razão é apenas uma fachada do egoísta, que no fundo é pura insegurança. Para que a relação seja mais saudável, você precisa acolher uma dor que ele nem sabe que tem. Ouvir um ponto de vista não significa endossá-lo.
6. Reflita sobre o seu papel na relação
É comum permitir, algumas vezes, que as pessoas "abusem" de nós para agradá-las ou para transmitir uma imagem de bondade. Pense se não é você quem está se colocando numa posição de "capacho" do egoísta.
7. Promova a segurança no vínculo
Mantenha previsibilidade sobre comportamentos e rotinas. Falas como "Vamos nos falar sábado para fazer tal programa" e "Não vou poder me encontrar com você hoje porque tenho que estudar para o concurso" explicam as circunstâncias de forma racional. Elas não dão abertura a grandes possibilidades de fantasias sobre desconfiança ou menos valia à pessoa egoísta.
8. Não se esqueça que todos, em algum momento, somos egoístas
Volta e meia temos comportamentos egocêntricos direcionados para nosso próprio benefício. Mas isso é positivo, pois nos move para sermos pessoas melhores —inclusive nas relações interpessoais.
9. Cuidado com os transtornos mentais
Problemas de saúde mental podem contribuir para o desenvolvimento do egoísmo. Muitos transtornos de personalidade, como o transtorno de personalidade antissocial e o transtorno de personalidade narcisista, fazem com que as pessoas fiquem tão envolvidas em seus próprios desejos que não percebem ou não se importam com as necessidades dos outros. Nesses casos, é importante buscar ajuda profissional. Outras doenças mentais podem causar autoenvolvimento extremo. Uma pessoa deprimida, por exemplo, pode estar tão envolvida em seus próprios sentimentos de sofrimento que é incapaz de sustentar seus filhos ou de se comunicar com seu parceiro.
Fontes: Antônio Chaves Filho, psicólogo do Hospital Santa Mônica, em Itapecerica da Serra (SP); Deborah Moss, neuropsicóloga especialista em comportamento infantil e mestre em psicologia do desenvolvimento pela USP (Universidade de São Paulo); Luciana Mancini Bari, clínica geral do Hospital Santa Mônica; Marina Vasconcellos, psicóloga e terapeuta familiar e de casal pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo); Vanessa Besenski Karam, psicóloga do Núcleo de Suporte e Cuidados Paliativos da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo; Yuri Busin, psicólogo e doutor em neurociência do comportamento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e diretor do Casme (Centro de Atenção à Saúde Mental), em São Paulo (SP).
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