Quer trocar de psicólogo? Veja como é processo de mudar de profissional
Resumo da notícia
- Processo para mudar de terapeuta não precisa ser traumático, cuidar da saúde emocional é recomendação para todos
- Conversa entre profissional de saúde e paciente é o caminho para entender como agir em caso de esgotamento da relação
- Se a sensação de estagnação ou regressão dos sintomas permanecer, o indicado é que se troque de terapeuta
Para a terapia dar certo, é preciso confiança entre paciente e profissional. Apenas com uma boa relação é possível se abrir, falar sobre as questões mais profundas da vida e, consequentemente, evoluir nas sessões. Porém, não é raro que, em determinado ponto, o vínculo com o especialista se esgote ou não dê certo.
Em toda relação humana, há chance do rompimento, de acordo com Eduardo Perin, psiquiatra especialista em TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental) pelo Ambulatório de Ansiedade do HC-USP (Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo). Os motivos, no caso do psicólogo e paciente, são vários, mas o especialista cita alguns: se a relação não for construída com afeto e verdade do terapeuta; se o terapeuta erra em sua visão sobre o caso ou se perde o timing de certas intervenções; se o paciente sente que parou de evoluir com aquele profissional.
Mas, antes de qualquer decisão, vale algumas considerações, como propõe o psicólogo Yuri Busin, doutor em neurociência do comportamento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e diretor do Casme (Centro de Atenção à Saúde Mental - Equilíbrio). "Quando sentir que o vínculo está desgastado, pode ser interessante levar essa demanda ao profissional, para que entendam juntos o que está acontecendo. Pode ser por alguma resistência que esteja acontecendo no processo terapêutico", diz.
A troca
Cada psicólogo segue uma linha e cada vertente tem um meio para auxiliar as pessoas. Vale pesquisar a abordagem que mais tem a ver com você e também fazer as primeiras sessões com profissionais diversos, até encontrar um com quem se sinta bem.
Um caminho para facilitar a transição é pedir para que o profissional que acompanha você atualmente escreva um relatório para o novo, apontando as questões trabalhadas. Vale também pedir para que, de repente, ele entre em contato direto com o novo psicólogo.
Caso você bata o martelo e decida buscar ajuda de outro profissional, é inevitável que responda, ao longo das conversas, sobre situações que já trabalhou com o antigo especialista. Afinal, o novo não o conhece. Esse processo pode ser exaustivo no início, mas também positivo.
O principal de tudo é estar aberto a iniciar o processo novamente —isso também vale para quem pensa em ir pela primeira vez. Ao contrário do que muito se pregava, terapia é para todos. Não é necessariamente para trabalhar questões dolorosas, é um meio para evolução pessoal e pode trazer muito mais qualidade de vida.
Fonte: Leonardo Miranda, psicólogo, doutor em clínica e pesquisa psicanalítica pela UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), e professor e coordenador do curso de pós-graduação em psicanálise, clínica e cultura do Centro Universitário Celso Lisboa.
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