Travestis e mulheres transgênero também devem fazer o exame de próstata
A campanha Novembro Azul visa alertar a população para a realização do exame de toque que pode indicar precocemente o aparecimento de tumor na próstata. Por isso, a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) ressalta que é o exame exame também deve ser feito mesmo em travestis, mulheres transgênero, mesmo aquelas que já passaram pela cirurgia de redesignação.
A associação também alerta para o fato de que a formação médica no Brasil não se aprofunda no tema da saúde das pessoas trans, o que acarreta um distanciamento entre essa população e os profissionais de saúde. "Nem sabemos exatamente em qual idade travestis e mulheres transexuais devem começar a pensar no assunto", ressalta a Antra.
"Devido à dificuldade de acesso a profissionais capacitados e falta de medicação na rede pública, nossa população ainda enfrenta o desafio da automedicação, o que tem trazido agravos na saúde de nossa população."
A Antra ainda explica que, "teoricamente o uso de estrogênio e a retirada dos testiculos 'diminuiria' o risco de câncer de próstata. Fazendo com que ela se torne 'inerte' em pessoas que fazem hormonização ou fizeram a cirurgia de redesignação sexual. Mas não há tantos estudos nesse campo ainda e as informações são insuficientes. Portanto é melhor seguimos nos prevenindo e alertas sobre nossa saúde."
A importância da campanha nas redes sociais
Por meio das redes sociais, é possível observar que existe demanda por uma campanha direcionada a essa população. A maquiadora Luna Mendes, por exemplo, afirmou que "não sabia que o exame era necessário mesmo após a redesignação".
"É importante ressaltar também que o exame é feito especificamente por um médico urologista, o que constrange muito mulheres trans e travestis, por se tratar de um serviço utilizado por homens cis, um espaço frequentado por eles e nenhuma mulheres trans ou Travesti se sente bem frequentando esses lugares", afirmou o a ativista Melissa Massayury.
Dificuldade de acesso
Quanto ao câncer na próstata, uma vez diagnosticado com antecedência, a uma chance de cura, dependendo das características do paciente, pode chegar a mais de 95%.
No entanto, a diretora da Antra, Bruna Benevides, alerta para o fato de que "infelizmente, a falta de representatividade e invisibilidade nas campanhas de conscientização também fazem com que pessoas trans não procurem ou não saibam da necessidade da prevenção, e que, com o uso de hormônios, pode causar problemas relacionados ao câncer de próstata. Não debater significa não reconhecer esta questão, esta possibilidade".
Ao mesmo tempo, travestis e mulheres transexuais, que têm uma expectativa de vida de 35 anos, relatam dificuldades em serem inseridas no atendimento básico de saúde, tanto pelo despreparo médico quanto por outros fatores, como o não respeito ao uso do nome social.
Fatores de risco, como idade, histórico familiar, raça e sedentarismo também precisam ser levados em conta. No entanto, Bruna enfatiza que "o principal é a ausência de pesquisas e protocolos nos cuidados de saúde com mulheres trans e travestis."
Para realizar o exame de forma gratuita, é preciso procurar uma Unidade Básica de Saúde.
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