Trabalhar fora preserva a memória de mulheres, sugere estudo
Mulheres que trabalham fora de casa podem apresentar uma memória mais nítida ao longo da vida, de acordo com um estudo publicado nesta semana no periódico da Academia Americana de Neurologia.
Segundo Erika Sabbath, uma das pesquisadoras e professora da Universidade de Boston, nos EUA, o estudo mostra que há benefícios cognitivos no ato de trabalhar. "Muitas vezes, só pensamos nos riscos à saúde que pode ocorrer no trabalho", disse ela. "Mas este estudo destaca os possíveis benefícios para a saúde."
Como foi feito o estudo?
O estudo foi realizado com 6.189 mulheres norte-americanas na faixa dos 55 anos ou mais. A cada dois anos, as participantes deveriam fazer o teste de memória, relatando o status do emprego, do casamento e da maternidade. Em média, elas foram acompanhadas durante 12 anos (entre 1995 e 2016).
A pesquisa levou em conta fatores como raça, nível de educação e as condições sociais e econômicas dessas mulheres durante a infância.
Quais foram os resultados?
Os pesquisadores descobriram que as mulheres que trabalharam fora de casa durante a idade adulta e a meia-idade apresentaram uma memória mais preservada ao longo do tempo. Entre 60 e 70 anos, por exemplo, a taxa de declínio da memória entre as mães que não trabalhavam era 50% maior em relação às mães que estavam inseridas no mercado.
Além disso, o estudo mostrou que a taxa de declínio da memória foi mais lenta entre as mães solteiras que trabalham do que mães casadas que ficam em casa —embora o último grupo tendesse a vir de origens "mais privilegiadas".
Por que este estudo é importante?
A pesquisa é importante porque mostra que o trabalho pode ajudar a "exercitar" o cérebro, a partir de interações em equipe e o aprendizado de novas habilidades, por exemplo. Tudo isso, consequentemente, faz com que a pessoa apresente um bom funcionamento cognitivo ao longo da vida.
Entretanto, Thomas Vidic, membro da Academia Americana de Neurologia, não envolvido no estudo, ressaltou que existem outras formas de manter a saúde do cérebro em dia, como ter um dieta saudável, fazer exercícios regulares, não fumar e controlar os fatores de risco cardiovasculares.
"O que fazemos no início da vida adulta e na meia-idade afeta nossa saúde mais tarde na vida", disse Vidic. "Você não quer esperar até os 80 anos para fazer alterações."
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