Gabbardo elogia vacina da Pfizer e espera em breve dados sobre Coronavac
O coordenador executivo do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, João Gabbardo dos Reis, comemorou os resultados divulgados hoje pela Pfizer em relação à eficácia da vacina contra a covid-19 produzida pela empresa.
De acordo com Gabbardo, a expectativa é que a vacina Coronavac, pela qual o Governo de São Paulo firmou parceria com o laboratório chinês Sinovac, também tenha resultados sobre a eficácia divulgados em breve.
Ele explicou que, para isso, é necessário que, na fase 3 de testes, se atinja um número mínimo de voluntários infectados pelo novo coronavírus, que no caso da Coronavac é de 61 pessoas. Somente um comitê internacional, ao qual os pesquisadores do Butantan não têm acesso, sabe quem tomou o imunizante e quem tomou o placebo.
"Não temos condições de falar de eficácia porque não atingimos o mínimo necessário para que seja aberta a análise da primeira parte desta fase 3. Mas estamos próximos e em breve teremos condições de vamos divulgar resultados da fase 3 da nossa vacina", disse.
A Pfizer anunciou hoje que sua vacina experimental contra a covid-19 mostrou ser 90% eficaz na prevenção da doença com base em dados iniciais de um estudo amplo. Esta eficácia de proteção ao vírus SARS-CoV-2 foi alcançada sete dias depois da segunda dose da vacina e 28 dias após a primeira, informou o grupo americano em um comunicado conjunto com a empresa alemã BioNTech.
"A informação da Pfeizer é muito positiva. Preciso destacar que a fase 3 dessa vacina está sendo feita no Brasil e em outros 5 países. São seis países participando da fase 3, e a Pfeizer está usando quase 50 mil voluntários. A Pfeizer já atingiu no mundo o número 94 de casos positivos e dessa forma conseguiu fazer comparação para identificar a eficácia", disse. "A notícia é boa e nos deixa otimistas. Vamos precisar de todas as vacinas para proteger população".
De acordo com Gabbardo, o fato de a Coronovac ter a fase 3 realizada no Brasil pode facilitar em relação à autorização da Anvisa. "É um pouco diferente da nossa vacina que está sendo feita a fase 3 no Brasil, e isso vai facilitar muito para as autorizações necessárias pela Anvisa. Essa vacina, no nosso entendimento, nós ainda estamos mais adiantados nesse processo", disse.
Eficácia
O secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, disse que a abertura dos resultados indicará a eficácia da Coronavac. "Logo teremos a abertura dos resultados e aí sim poderemos comprovar o quanto é uma vacina eficaz, o quanto ela é capaz de proteger as pessoas que a tomaram da próprio covid-19", disse.
Gorinchteyn afirmou que dados já disponíveis sobre a vacina apontaram que a vacina é segura e que ela produziu anticorpos contra o coronavírus em quase 98% dos voluntários que a receberam.
Também presente na entrevista, o presidente do Butantan, Dimas Covas, explicou que a indução de anticorpos é diferente da demonstração de eficácia e disse que, para se fazer uma primeira análise sobre a eficiência da vacina, é necessário aguardar que 61 dos cerca de 10 mil voluntários participantes do teste no Brasil contraíam a covid-19.
"Ela é efetiva na indução de imunidade em mais de 60 mil pessoas já vacinadas nessa proporção. Mais de 98% nessa população tiveram uma resposta imunológica adequada para a proteção. Esse é um dado de indução da resposta imunológica, não é um dado de eficácia", disse.
"O dado de eficácia depende da incidência da infecção na população de pessoas no estudo. Neste momento temos mais de 10 mil pessoas em acompanhamento e estamos aguardando que entre essas pessoas apareçam, no mínimo, neste momento, 61 casos de Covid, que podem acontecer naqueles que tomaram a vacina ou naqueles que receberam o placebo, É exatamente essa comparação que permite definir a eficácia."
Covas não previu uma data de quando a marca de 61 infectados dentro do estudo pode ser atingida, mas afirmou que isso pode acontecer "a qualquer momento" e que, uma vez que ocorra, os dados para registro inicial da vacina junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) poderão ser enviados.
Com informações da Reuters.
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