Pesquisa projeta aumento de 80% nos casos de câncer de próstata até 2040
Os casos de câncer de próstata no mundo podem aumentar em aproximadamente 80% até 2040, de acordo com uma investigação conduzida pelo IVOC (Instituto Vencer o Câncer), com patrocínio da Bayer, entre novembro de 2019 e julho de 2020, chamada de LEI (Leitura Estratégica Integrada).
Ainda segundo a projeção, os casos passariam de 1.276.106 (2018) para 2.293.818 (2040). Também há tendência de aumento do número de mortes neste mesmo período de 22 anos, subindo de 284.145 para 625.020 mortos.
Além do âmbito global, o estudo levantou dados sobre o atual cenário do câncer de próstata no Brasil e a linha de cuidado do paciente que está no sistema público de saúde, com base no levantamento e análise integrada de dados do perfil epidemiológico e das politicas públicas existentes para esse tipo de câncer.
No Brasil, os dados de incidência e mortalidade por câncer de próstata também são alarmantes. Tirando o câncer de pele não melanoma, o câncer de próstata é o mais incidente nos brasileiros, e a segunda causa de morte por neoplasia nos homens, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer).
"Apesar de muitos esforços no desenvolvimento de políticas públicas e estratégias, a mortalidade por câncer de próstata continua crescendo no decorrer dos anos, e isso não pode ser ignorado. É momento de rever tudo o que foi feito até agora e identificar o que precisa ser melhorado e/ou adaptado. Enquanto essa revisão é feita, mais pacientes são diagnosticados tardiamente ou perdem a vida para a doença", explica Fernando Maluf, fundador do IVOC.
Diagnóstico precoce
Além da prevenção, não é novidade que o diagnóstico precoce aumenta significativamente as chances de cura dos pacientes. Mas o aumento na incidência e mortalidade da doença no Brasil e no mundo pode ser um indicativo de que isso ainda não acontece em grande parte dos casos. "A dificuldade na redução da mortalidade por câncer de próstata pode estar relacionada à concentração de casos diagnosticados no estádio IV, por exemplo, quando os pacientes têm apenas 30% de chance de viver por mais 5 anos", diz o médico.
De acordo com a LEI, em 2017, a maioria dos casos de câncer de próstata no Brasil foram diagnosticados no Estádio II (55,5%), seguido pelo estádio IV (17,6%). O percentual de diagnósticos no estádio I no Estado de São Paulo (13,4%) é menor do que a média nacional (15,3%). Por outro lado, os diagnósticos em estádios mais avançados (estádios II e IV) é menor no Estado (31,0%) comparado com o Brasil (36,2%).
Outro dado que mostra essa concentração de diagnósticos em estágios mais avançados é o crescimento, nos últimos anos (de 2009 a 2018), de 44,4% no número de hospitalizações por câncer de próstata no SUS, com uma média de mais de 7 mil internações por ano. Semelhante ao perfil nacional, no Estado de São Paulo, 93,6% das internações ocorre entre adultos e idosos de 55 anos e mais, sendo que a concentração é maior entre 60 a 74 anos de idade (59,7%) (2018).
Fatores de risco
De acordo com dados do Ministério da Saúde (MS), cerca de 60% das mortes pela doença se concentram entre idosos de mais de 75 anos e 38% entre adultos e idosos de 55 a 74 anos. Juntas, essas faixas respondem pela quase totalidade das mortes (98%). Além da idade, existem outros fatores de risco:
- Histórico familiar;
- Alterações genéticas;
- Obesidade;
- Sedentarismo;
- Tabagismo.
A SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) alerta que a raça negra é também um importante fator de risco para a doença, o que é enfatizado por estudos internacionais. De acordo com uma pesquisa da American Cancer Society, a incidência e mortalidade por câncer de próstata em homens negros dobram em comparação com os índices em homens brancos nos Estados Unidos.
Demora no tratamento
Existem, atualmente, diferentes opções de tratamento para a doença, que dependem do estágio e outros fatores individuais do paciente, podendo variar de cirurgia, radioterapia, quimioterapia e medicamentos. O médico é responsável por orientar o paciente sobre a opção ideal de acordo com seu perfil.
Entretanto, a LEI traz também um alerta nesse sentido: apesar da variedade de tratamentos, é necessário que os pacientes tenham não só acesso, mas sejam tratados rapidamente após o diagnóstico, especialmente em estágios mais avançados. Uma análise trazida pelo estudo mostra que o tempo médio entre o diagnóstico e o primeiro tratamento é de cerca de 82 a 88 dias no Estado de São Paulo, por exemplo. Nesse período, o sucesso do tratamento e qualidade de vida do paciente podem ser comprometidos.
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