Mistura de amido de milho com limão é bom para cortar diarreia?
No passado, quando as crianças tinham diarreia, era comum as mães ou avós correrem para a cozinha para preparar uma mistura de amido de milho com limão. Apesar de muita gente garantir que o "remédio" faz milagres, a verdade não é bem essa.
Os especialistas consultados por VivaBem são unânimes em afirmar que ele não corta ou cura a diarreia. Em algumas pessoas, o máximo que faz é reduzir a água das fezes, deixando-as mais espessas, o que dá a impressão de que houve uma melhora no quadro. Mas em outras provoca uma piora, pois o amido acaba servindo como alimento para as bactérias que estão no intestino.
Quais as causas da diarreia?
Ao contrário do que muitos pensam, a diarreia não é uma doença, mas sim um sintoma de um vasto grupo de enfermidades e situações. Ela é dividida basicamente em três tipos: aguda (dura até 14 dias, mas, em média, se resolve em sete), persistente (de 14 a 30 dias) e crônica (mais de 30 dias).
Na aguda, cerca de 70% dos casos são de origem infecciosa, gerados por diferentes microrganismos, como bactérias, vírus e parasitas (protozoários, por exemplo), que provocam uma gastroenterite, inflamação do trato gastrointestinal. A transmissão, normalmente, ocorre por maus hábitos de higiene, consumo de bebida ou comida contaminada e contato com pessoas, animais e objetos infectados.
O intestino também pode "soltar" devido a causas não infecciosas, sobretudo pelo uso de medicamentos, como antibióticos, laxantes e quimioterápicos para tratamento do câncer, estresse, ansiedade, consumo de alimento estragado e erros alimentares (excesso de gordura, açúcar, cafeína e bebidas alcoólicas são os mais comuns).
Além disso, há algumas patologias que desencadeiam as idas ao banheiro. Na lista estão doença de Chron, colites ulcerosas, síndrome de má absorção intestinal, doença celíaca, síndrome do intestino irritável e intolerâncias (à lactose, sacarose e glúten, por exemplo) e alergias (como à proteína do leite de vaca e da soja) alimentares.
Vale destacar que uma pessoa é considerada com diarreia quando tem, no mínimo, três episódios de evacuação em 24 horas, com fezes amolecidas ou líquidas. Esse quadro ainda pode ser acompanhado de dor e cólicas abdominais, febre, sangue ou muco no cocô, náusea e vômitos.
Complicações e tratamento
A grande preocupação em relação ao "intestino solto", principalmente em crianças e idosos, é a desidratação. Condição caracterizada não só pela perda de água no organismo, mas também de eletrólitos no sangue, se não for tratada a tempo pode evoluir para queda de pressão arterial, perda de consciência, convulsão, choque e até a morte.
No caso específico das diarreias crônicas, há ainda o temor da dificuldade em absorver os nutrientes, com risco de desnutrição, emagrecimento, parada de crescimento e anemia.
A maioria das diarreias é autolimitada e se cura sozinha em poucos dias, sem a necessidade de tratamento medicamentoso. Em todas elas, no entanto, o importante é ter uma alimentação leve e saudável e cuidar bem da hidratação, com a ingesta de água potável, sucos naturais, soluções de reidratação oral e soro caseiro.
Se as evacuações forem muito intensas ou se houver dor forte, febre, sangue ou muco nas fezes, sinais de desidratação e comprometimento do estado geral de saúde, o ideal é procurar um centro de saúde com urgência, pois pode ser necessário receber soro por via endovenosa (pela veia) e utilizar fármacos como antibiótico e antiparasitário, assim como analgésicos e probióticos para reconstrução da flora intestinal.
No caso das diarreias frequentes e decorrentes de doenças não infecciosas, o tratamento passa pelo controle da causa base. O certo é consultar um médico, de preferência gastroenterologista, para o correto diagnóstico.
Fontes: Ana Escobar, pediatra e professora da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo); Patrícia Rezende, pediatra do Grupo Prontobaby; e Roberto Debski, médico clínico-geral da Unimed Santos e dono da clínica Ser Integral.
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