Número de casos de hipertensão aumentou durante a pandemia, diz estudo
O isolamento social devido à pandemia está associado a um aumento do atendimento de pessoas com pressão alta, de acordo com um novo estudo apresentado no 46º Congresso Argentino de Cardiologia.
"A admissão no pronto-socorro durante o período de isolamento social obrigatório foi associada a um aumento de 37% na chance de ter hipertensão — mesmo levando em consideração idade, sexo, mês, dia e horário da consulta, e se o paciente chegou de ambulância", disse o autor do estudo, Matías Fosco, do Hospital Universitário da Fundação Favaloro, em Buenos Aires.
O isolamento social obrigatório foi implementado em 20 de março na Argentina. As pessoas foram orientadas a ficar em casa e só sair para comprar itens como remédios e comida, exceto os trabalhadores essenciais (como médicos e enfermeiros).
Como o estudo foi feito
- O estudo foi realizado no pronto-socorro do Hospital Universitário da Fundação Favaloro e incluiu incluiu 12.241 pacientes. A média de idade foi de 57 anos e 45,6% eram mulheres.
- A frequência de hipertensão entre pacientes com 21 anos ou mais durante o isolamento social de três meses (20 de março a 25 de junho de 2020) foi comparada a dois períodos anteriores: os mesmos três meses em 2019 e os três meses imediatamente anteriores ao isolamento social.
- A pressão arterial é uma medida padrão na admissão ao departamento de emergência e quase todos os pacientes (98,2%) admitidos entre 21 de março de 2019 e 25 de junho de 2020 foram incluídos no estudo.
- Os motivos mais comuns de internação foram dor no peito, falta de ar, tontura, dor abdominal, febre, tosse e hipertensão.
- Durante o período de isolamento de três meses, 1.643 pacientes foram admitidos no pronto-socorro.
- O número foi 56,9% menor do que durante os mesmos três meses em 2019 (3.810 pacientes) e 53,9% menor do que durante os três meses imediatamente anteriores ao isolamento social (3.563 pacientes).
- Durante o período de isolamento social, 391 (23,8%) pacientes admitidos na emergência apresentavam hipertensão. Essa proporção foi significativamente maior em relação ao mesmo período de 2019, quando foi de 17,5%, e em relação aos três meses anteriores ao isolamento social, quando foi de 15,4%.
O que os resultados indicam
De acordo com os pesquisadores, existem várias razões possíveis para a conexão entre isolamento social e pressão alta, como o aumento do estresse por causa da pandemia, o contato pessoal limitado e fatores como as dificuldades financeiras ou familiares. Mudanças de comportamento também podem ter desempenhado um papel, com a maior ingestão de alimentos gordurosos e álcool, estilos de vida sedentários e ganho de peso.
"Os pacientes podem ter sentido mais tensão psicológica durante o transporte para o hospital por causa das restrições de viagens e controles da polícia e um medo de se infectar com o coronavírus depois de sair de casa. Além disso, os pacientes em tratamento para hipertensão podem ter parado de tomar seu medicamento devido a advertências preliminares sobre possíveis efeitos adversos sobre os resultados do COVID-19 (que foram posteriormente rejeitados)", analisou Fosco.
O pesquisador ainda alertou que o controle da pressão arterial ajuda a prevenir ataques cardíacos, derrames e doenças graves de covid-19, por isso é essencial manter hábitos de vida saudáveis, mesmo em condições de isolamento social e bloqueio. Muitos regulamentos relacionados à pandemia agora relaxaram e nós estamos investigando se isso se reflete na pressão arterial de pacientes admitidos na emergência.
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